- Reese Witherspoon -
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O CASO
O Coronel estava sentado em sua
poltrona encostado para trás com a cara mais sisuda como sempre estava, a
barriga grande, camisa desabotoada por completo, mão no queixo, dedo indicador
para cima como a espera de ouvir. Na sala do escritório estava em frente do
birô a sua filha, Ludmila, ladeada por Otelo Gonçalves, pelo lado direito, e
Júlio Medalha pelo esquerdo esperando a vez de falar. O clima era tenso para
Ludmila a espera da reação do seu pai. Tudo era silencio no escritório e todos
queriam ouvir a moça falar. Porém a decisão de Ludmila estaria na voz do
Coronel Godinho. E assim, o silencio prosseguiu. O homem olhava direto para a
fisionomia de sua filha e calado estava calado continuava. Era uma espécie de
briga de gato e rato. Um passo do lado de fora do escritório não perturbou o
Coronel. Era talvez a senhorita Emília. O caminhar passou em busca da saída da
porta da casa grande. Nesse ponto, o deputado Godinho por desafogo de
consciência ofereceu a pergunta a Ludmila:
Godinho:
--- Fale o que tem a contar! –
discorreu o pai de Ludmila.
A moça estava bem habilitada e
não teve receio em falar. Esperou apenas a oportunidade:
Ludmila:
--- O Prefeito é nosso inimigo. –
razoou a moça.
O coronel cruzou os braços em
torno o ventre e fez como não tivesse ouvido.
Godinho:
--- Conte mais! – falou manso o
coronel.
A moça suspirou, levantou os
olhos para o céu e voltou a falar.
Ludmila:
--- O homem que ele trouxe está
morto. – explicou a moça sem titubear.
O coronel se levantou da poltrona
e percorreu a sala até a estante ao lado, Ele olhou para a janela e essa estava
fechada. Ele foi verificar o trinco. Sacolejou e deu por certo. E falou:
Godinho:
--- Que homem? – perguntou displicente
o coronel.
A moça não sorriu. Porém indagou:
Ludmila:
--- O senhor sabe que estava
sendo perseguido? – indagou a moça seu pai.
O homem, do alto de sua barriga,
perguntou a Ludmila.
Godinho:
--- Por quem? – indagou sem
pressa o coronel.
Ludmila fez um sorriso irônico e
depois de alguns segundos falou com um temperamento nada convidativo, pois
sentia no comportamento do velho Coronel algo de não quer saber de coisa
alguma. E assim falou calma, mas explosiva.
Ludmila:
--- Olha velho! Veja esses
bilhetes! Veja quem mandou! Veja quem recebeu! E fique sabendo ter o homem
morrido por bala! – falou então bastante abusada a moça.
O Coronel Godinho olhou os papeis
com os dizeres de longe, em cima do birô e sem querer tomar um deles para ver
melhor. Ele estava de pé com as mãos para trás e olhou do alto de sua
ignorância. E depois de algum tempo o homem falou:
Godinho:
--- Quem deu cabo do homem? –
quis saber o Coronel um tanto cismado.
Otelo se aproximou um pouco da
mesa e declarou:
Otelo:
--- Eu, Coronel! O bandoleiro
tinha tudo isso no bolso e parte na casa dele. E se não fosse a senhorita eu
não estaria contando história. – relatou o homem ao Coronel.
O Coronel Godinho se aproximou um
pouco para ver um dos tais documentos e ainda indagou revoltado.
Godinho:
--- Quem mandou à senhora sair de
casa em plena noite? Heim? Heim? Heim? – indagou autoritário o valho Coronel
bastante aborrecido.
A moça, então, subiu a cabeça
para dizer:
Ludmila:
--- Eu! E fique o senhor sabendo
de que o Prefeito fugiu da cidade! Eu fui! Eu! E não preciso ordem de ninguém!
Nem mesmo do senhor! – declarou em cima de sua sabedoria a moça.
Nesse momento o pistoleiro Júlio
Medalha resolveu falar para acalmar os ânimos dos dois contendores: filha e
pai.
Júlio:
--- Tenha calma, moça! Tenha
calma! Não precisa vexame! É melhor o senhor Otelo falar de vez e contar a
historia. – fez ver Medalha olhando sério para Otelo.
O Coronel se sentou na poltrona e
se pôs a espera daquilo tudo para ser dito. E então Otelo Gonçalves contou toda
a história desde a chegada à fazenda do até a morte de Teodoro. Com relação a
presença de Ludmila ele nem sequer notara, pois a moça seguiu por conta própria
e fora do grupo formado por Otelo, Júlio e um jagunço. Ela chegou à bodega
quando já estava tudo terminado. Apenas notou Ludmila outro pistoleiro fazer mira contra a pessoa de Otelo e fez fogo,
matando o facínora.
Godinho:
--- É verdade isso? – perguntou
com severidade o Coronel.
Otelo:
--- Do jeito que eu contei! –
respondeu Otelo.
Godinho:
--- E a história do prefeito
foragido? – ainda perguntou o Coronel a cada um dos três.
Otelo:
--- Isso é com ela! Apontou Otelo
para a moça.
Ludmila:
--- Um coiteiro me falou depois
de sair da casa de Teodoro! – falou a moça um tanto malcriada
Godinho:
--- Onde está o coiteiro? –
indagou cismado o Coronel.
Ludmila:
--- Em lugar seguro! – respondeu
com rispidez a moça.
Godinho:
--- Mas eu perguntei: ONDE! –
falou bravo o Coronel a se levantar de sua poltrona e dando um muro na bancada
do birô.
Ludmila:
--- Olhe aqui meu senhor! Vamos
deixar de abuso para cima de mim! Se quiser saber, procure o senhor! – e deu
uma rabissaca saindo em seguida de porta a fora.
Godinho:
--- Que moleca mais atrevida!
Puxa ao avô! Ora! – relatou o Coronel suado até demais.
Ainda olhou para Otelo e disse a
ele ter ainda uma conversa.
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