quinta-feira, 17 de maio de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 48 -

- Mona Grudt -
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O SEGREDO
Enquanto isso, na fazenda, Ludmila, ainda atormentada com o segredo do bilhete, resolveu perguntar a sua mãe de quem se tratava a mulher chamada Odisseia, moradora do lugar. E foi assim que a moça fez. Aproveitando a ocasião do marido ausente a rachar lenha para o fogão, ela aproveitou a oportunidade e foi até ao cômodo da sua mãe Cantídia Marques, onde a mulher estava a costurar umas fronhas e indagou se na verdade a sua mãe conhecia de vera certa senhora Odisseia. A mulher foi tomada de surpresa e apesar do susto apenas disse:
Cantídia:
--- Odisseia? Era a mulher do senhor Severino Policarpo! Por que a pergunta a esta hora? – indagou Cantídia a costurar.
Ludmila:
--- Por nada! Alguém falou nesse nome! E eu achei parecido com o nome tido na Historia! – respondeu Ludmila descartando a preocupação de sua mãe.
Cantídia:
--- Ah bom. Era Odisseia, filha de um homem que nem conheci! E você vai viajar? – indagou Cantídia a cosicar a fronha.
Ludmila:
--- Sim. Talvez no final de semana! Agora não presta! – lembrou a moça.
Cantídia:
--- O que está havendo? – perguntou com surpresa a mãe de Ludmila.
Ludmila:
--- Regras, apenas! – e sorriu a moça a procurar de sair do quarto.
Cantídia:
--- Regras! E por que foi se casar? – indagou mal humorada a mulher.
Ludmila:
--- Acontece. Chegou ontem mesmo! – respondeu Ludmila a sorrir.
E a moça saiu de casa em direção a casa de Emília Alvarenga onde ela e o marido estavam tratando de arranjar o resto do casarão. Com eles também foram uns jagunços cedidos pelo coronel Godinho senhor de amplas terras da região dos sertões dos Inhamuns. A terra era fértil e cheia de caça como toda a região quando chovia. O sertão dos Inhamuns ficava na fronteira Oeste do Estado. A vida do vaqueiro era penosa de plenos atropelos. Na chapa da serra o povo sonhava em um dia poder ver o mar. Ali era um reduto da cobertura vegetal da caatinga. Inhamuns era uma região de depressão sertaneja. E era ali que se estabeleceu o clã da família Marcolino Godinho. Tal família veio de longe, perto do rio São Francisco. Era uma família rica e para tomar as terras foi apenas a luta. Para se chegara localidade era preciso se abrir meia dúzia de porteiras. Quem quisesse viver naquele local era necessária muita força e muita luta. O gado era toda a riqueza da região.  O povo do sertão vivia como podia. O de parcas riquezas, o pobre mesmo, servia como jagunço. À noite a solidão era maior. Alguns recantos escondiam a marca de um passado distante. O drama da ociosidade pela falta de chuvas provocava a morte dos animais com fome e com sede. A fazenda do coronel era a mais isenta desses males por conta de sua patente e da posição social de deputado estadual à margem de senador. Mas, na verdade, tinha municípios onde já não havia mais ninguém para morar. Era uma região fantasma. E nessa região estava Ludmila Godinho Soares. Diante do sol inclemente ela já bastante afônica e cansada chegou à fazenda de Emília da Conceição Alvarenga chegou para lhe fazer visita. O vento árido e muito quente fervia até os ossos. Emília avistou a sua amiga desde tenra criança e saiu para um abraço. As duas estiveram juntas na noite anterior, porém isso era como não se tivesse avistado a longo tempo. O marido de Emília largou o machado e veio cumprimentar a recém-casada.
Renovato:
--- Bons olhos te vejam! Já largou o marido? – quis saber sorrindo o concunhado.
Ludmila:
--- Nada. E a saudade. – disse a moça em largos sorrisos.
Emília:
--- É sempre bem vida. Nós estamos a arrancar os tocos. – sorriu a moça por sua vez.
Renovato:
--- O que tem demais aqui é abelha. Cada ferroada de dá dó. Eu já estou me acostumando om às pestinhas. – sorriu Renovato como podia.
Emília:
--- Mas se abanque. Vamos por em dia a conversa. – sorriu Emília oferecendo um tamborete a Ludmila.
Ludmila:
--- Deixa-me descansar da viagem. – sorriu Ludmila a sossegar.
Renovato:
--- Bem. Vocês estão com a vida feita. Pois deixa fazer a minha também. – relatou Renovato apanhado o machado e saindo do local.
Após alguns minutos de conversas tolas, veio a parte mais forte quando Ludmila indagou de Emília e essa sabia algo a respeito da senhora dona da casa onde estavam a residir.
Ludmila:
--- Odisseia é o nome. – disse a mulher sem perder a calma.
Emília:
---  Odisseia! Eu já ouvi alguém falar nesse nome. Não sei quem. Mas ouvi. – respondeu Emília a pesquisar a sua memoria.
Ludmila:
--- Ela morou aqui. Foi dona disso tudo. E morreu faz tempo. – ressaltou a senhora moça.
Emília:
--- Odisseia! Espera! Deixa me lembrar. Tinha tal de um Professor. Parece! – discorreu a moça a pensar com bastante paciência.
Ludmila:
--- Professor? Que professor? – arguiu temerosa a virgem dama.
Emília:
--- Espere! Parece-me que ela era filha de um Professor. Isso! – estalou seus dedos da mão.
Ludmila:
--- Que professor é esse? Veja se se lembra. – inquiriu Ludmila.
Emília, de cabeça um pouco abaixada, ficou a pensar por mais tempo e nada conseguiu atinar. Apenas perguntou a Ludmila para que tanta questão.
Emília:
--- Por que você está preocupada? – indagou preocupada a senhora Emília.
Ludmila:
--- É segredo. Eu vi hoje um bilhete no bolso do meu pai. Um moleque me avisou dele ter recebido esse bilhete. Mas não dizia muito. Apenas um duelo na serra das Almas. Pelo amor de Odisseia. Só isso e nada mais! – respondeu a pergunta Ludmila.  
Emília:
--- Ah. Isso não fica assim não! Um bilhete? E de quem? – indagou cheia de ira a Emília se levantando o toco com as mãos nos quadris.
Ludmila:
--- O bilhete não dizia quem mandava! Apenas um duelo sem testemunhas!. – enfatizou a senhora Ludmila.

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