sábado, 19 de maio de 2012

OS QUATRO CAVALEIROS - 50 -

- Zhang Ziyi -
- 50 -
SUSTO
O Coronel Godinho mancando de chinelo talvez por causa da subida e descida dos palanques eleitorais, caminhou até o seu quarto onde depois saiu meio aturdido pelo sono fora de hora enquanto coçava a cabeça de cabelos já quase todos brancos e entrou na privada. Ali demorou o instante necessário para cumprir suas obrigações e voltou a andar meio manco, com a cara abusada à procura de mulher. Cantidia Marques estava na cozinha a preparar o almoço. Ele encontrou a sua senhora e indagou se esteve alguém a sua procura nas últimas horas.
Cantídia:
--- Aqui, não. Só se esteve lá fora! – respondeu a mulher um pouco abusada.
O homem retrocedeu e caminhou para a sala de despachos onde se sentou de forma sem jeito e abriu a boca como se o mundo estivesse pedindo socorro. O Coronel ficou então em alguns instantes até notar um bilhete dobrado em cima do birô. Ele se curvou e pegou o papel. De imediato ele leu o conteúdo. Tudo apenas levava ao já imaginado: Odisseia. Desde moço, quando ainda era rapaz, ele conheceu Odisseia, uma garota extraordinária por todos os encantos dotados. Meiga, bela, sensual, alva, esbelta entre outros predicados. Ele se então do principio se apaixonou por Odisseia, filha do Professor. Apenas um, porém: o pai da virgem não quis o namoro da sua filha com Marcolino Godinho. Após varias conjecturas, os dois arquitetaram uma fuga. E assim foi feito. Para o Professor, o destemor dos dois foi algo imperdoável. Passaram-se uns dias até os dois reaparecerem: Odisseia e Marcolino. O pai de Odisseia prometeu vingança a Marcolino. E dai então nunca mais houve paz entre Marcolino e o Professor. Tempos depois, Marcolino se engraçou de outra donzela. Apenas havia um destaque nesse namoro: a donzela era namorada de outro rapaz de nome Severino. Mas, conversa vai, conversa vem, a moça de nome Cantídia aceitou ser namorada do rapaz Marcolino e deixando de lado o jovem Severino. Foi então nova contenda. Com isso, o jovem Marcolino estava jurado de morte por duas partes: o Professor e o jovem Severino. E essa intriga durou a vida toda. Quando o Professor perdeu a filha, Odisseia, casada com o jovem Severino, namoro arranjado pelo próprio pai, então o Mestre entrou em desespero total. A filha querida estava morta. Contudo a raiva ferrenha do velho Professor continuava a queimar até um dos dois morrer: o Professor ou o velho Marcolino Godinho agora casado com dona Cantídia moça de boas prendas. A situação atingiu o ponto de ambos decidirem matar ou morrer um dos dois naquela hora no lugar marcado de Serra das Almas, nascente do rio da Conta, lugar ermo de todos os viventes daquele lugar. E o dia marcado foi o por do sol com a lua cheia, sem testemunhas para qualquer lado. Apenas o professor e o Coronel.
As senhoras Ludmila e Emília ficaram atentas ao movimento do velho Coronel Marcolino Godinho nos próximos dias. A lua clareava boa parte do campo quando já era noite. Mesmo sem saber o motivo da vingança e por quem, elas pelos menos sabiam quando se daria o deflagrar do fogo cruel. Os dois homens teriam de conduzir seus rifles com uma bala. Quem acertasse no outro sairia vitorioso. E se não atingisse um no outro com ferimento de morte sabe Deus o que aconteceria. Esse foi o acerto fatal e final.
Enquanto isso, uma surpresa de entorpecer a alma de cada qual. Uma jovem com roupas simples, cabelo curto, tez formosa, estatura nem baixa e nem alta chegou sorridente, correndo por assim dizer, ao alpendre da casa grande onde estavam Ludmila e Emília e parando em seguida de uma forma estonteante onde seus braços sacudiam para frente e para traz, típico de quem está a correr. Ao parar de repente, ainda esfogueada, a visitante, a sorrir apenas disse as duas senhoras moças:
Visitante:
--- Olá! Estou morta de cansada! Como vão vocês? –indagou a moça a sorrir.
Ludmila:
--- Bem! Mas quem é você? – quis saber assustada a senhora Ludmila.
A moça soltou uma bela gargalhada dessas onde as pessoas quase morrem de susto e voltou a comentar.
Visitante:
--- Não de reconhece? Estou tão mudada assim? – sorriu a moça – Eu sou Isabel! – e gargalhou em seguida para as duas senhoras moças.
Ludmila/Emília:
--- Isabel! Como você está diferente! Sem roupa! – disseram as duas amigas.
E Isabel continuou a gargalhar a ponto de se urinar na roupa. Após esse espaço de tempo, ela voltou quase ao normal declarando.
Isabel:
--- Deixei o hábito! Larguei tudo! O amor falou mais alto! Vim buscar o meu amado Júlio! Confesso que foi isso e nada mais! – disse Isabel a gargalhar.
Ludmila/Emília:
--- Júlio Vento? O  pistoleiro? – falaram as duas senhoras cheias de inquietação.
Isabel:
--- É isso! Pistoleiro ou não é o homem que me satisfaz. Ele está? – indagou Isabel preocupada e cheia de temor.
Ludmila;
--- Ele está no quarto do motor. Mas duvido que a reconheça! Nossa Mãe! – declarou Ludmila com a mão na boca e seguida também por Emília.
Isabel:
--- Seja o que Deus quiser! Vou ver a fera! – gargalhou a ex-Noviça esse encaminho para o quarto da maquina de força.
E as duas senhoras, Ludmila e Emília também seguiram a ex-Noviça para ver o que resultava o encontro dois amantes por assim dizer. Era uma risadinha pra cá e outra risadinha pra lá com as duas senhoras inquietas por demais a percorrer o alpendre e depois descer o batente, em uníssonas parecendo máquinas a vapor, quando um gancho desce o outro desce também e assim eram s duas senhoras logo atrás da ex-Noviça a cair na risada com seus braços a sacudir o vento para cima e para baixo. As mulheres da cozinha vendo tal desespero declararam também em uníssonas:
Mulheres:
--- Vai haver guerra! – disseram todas de uma só vez,
E com isso as mulheres engrossaram o calmo e todas seguiram para o quaro da máquina para ver o tal desfecho. Vieram também as mulheres dos vaqueiros, os vaqueiros e os jagunços para ver o desandar da carruagem, ou seja, o encontro de Isabel  Júlio Vento. Era uma celeuma total aquela da tarde do dia da união ou não das duas peças dessoldadas. Até o velho Chico também se virou de onde estava e, com a sua concertina, correu para ver de perto Isabel e Júlio. Foi uma algazarra geral com o povo a marchar todos em grupos e todos de ombro a ombro, uns com trajes de cozinheira, outros com trajes de vaqueiros. As mulheres dos vaqueiros com qualquer roupa e a segurar os meninos no colo. Outros meninos a caminhar à frente; e os jagunços a tirar o chapéu e a gritar palavras apenas entendidas por eles. A concertina do velho Chico a tocar melodia sem se saber a qual era a mais animada do trajeto. Enfim o encontro; Isabel e Júlio. O homem ficou perplexo com tamanha atitude da moça e voltou de imediato a perguntar com as mãos e a roupa cheia de graxa:
Júlio:
--- Que diabo é isso? – indagou assustado no interior do quarto da maquina de força.
Em cima da hora a moça se atracou com Júlio e deu-lhe um forte beijo na boca chega às pernas se ergueram em uníssonas pondo o homem ao desequilíbrio quase a cair para trás com seus olhos esbugalhados de temor. A máquina de força, parecendo sentir o efeito da emoção de Isabel largou um apito ensurdecedor de dá dó no coração. E a concertina emendou tal clamor a tocar um rasqueado para todos os presentes. E a dança daí continuou. Gritos de alegria por todos os circunstantes. E Isabel, anda ébria, disse apenas a tal frase:
Isabel:
--- Vamos dançar gente! – disse alegre a ex-Noviça.
E daí o concerto prossegui tarda a fora como todos a dançar os folguedos do sertão seco e arredio para quem pudesse ver. Era folia a todo custo com a gente a dançar, voltear, cantar e saltitar de alegria. E foi nesse instante de contentamento quando um vaqueiro surgiu em plana algazarra. E o vaqueiro procurou Ludmila para falar.
Vaqueiro:
--- O coronel debandou! – relatou em segredo.

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