sábado, 2 de novembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Dezessete -

- DESASTRE -
- 17 -
- MISTÉRIO -
No sábado, Edgar Penteado já estava na fazenda verificando os negócios feitos durante a sua ausência na recente semana. Porém não se esqueceu da conversa tida no dia anterior com o ancião Melchiardes em evidencia o caso relacionado com o chamado poltergeist ou ruídos dos espíritos.  Menina de 13 anos impressionava pais e amigos ao relatar fatos os quais teriam de acontecer muito antes de se ouvir falar. Em Acari, município do Rio Grande do Norte existia uma garota bem precoce a anunciar casos a ocorrer. Muitas vezes não ninguém dava a menor importância. Contudo, sempre o acontecido vinha à tona horas depois. Professores, pastores e até mesmo o sacerdote do município foi chamado para conversar com Iraci, a menina que adivinhava de forma inocente os acontecimentos, muitos dos quais, eram desastres com vitimas fatais. A menina dizia simplesmente que era certo o que via ou ouvia nas suas visões. Os acontecimentos a menina pensava ainda quando era uma menor de três anos de idade. Um vaqueiro que seria morto nas suas andanças. Cobras a surgir em uma residência ou uma queda de um buriti viçoso e forte. As pessoas não dava muito crédito ao sugerido. Quando não mais se esperava o desacerto estava feito. Visões como lamparinas a se apagar de um momento para outro. Esse era uma visão tão comum da menina e, não raro, as pessoas procuravam sorrir e mandar dizer a Iraci. A falta de chuva por sete anos era o comum de Iraci prognosticar.
Iraci:
--- Só chove daqui a sete anos. – dizia a menina quando ainda tinha cinco anos de idade.
Na verdade, o sacerdote da paroquia começou a levar em consideração tal ocorrência. Mesmo os estudiosos confirmavam a seca no sertão de Acari e outros municípios. Uma vela a se apagar, uma estrela a mudar de posição. Eram casos normais para uma menina de pouca idade a acertar.
Comuns:
--- Ela tem parte como demônio! – relatavam assombradas as mulheres que faziam rezas para tirar os maus espíritos da menina.
O tempo foi passado, a idade avançando, e a menina, com seus sete anos enxergava tudo de bom ou de mal a ocorrer. Certa vez, um caminhão passou pela cidade e Iraci olhou bem para o carro e diagnosticou:
Iraci:
--- Vai virar naquela curva. – disse a menina a sorrir.
As outras meninas continuavam a brincar com as suas bonecas sem dar atenção qualquer ao falar de Iraci. Com poucos instantes, chegava a noticia da capotada do caminhão. A menina não se importava e continuava a brincar com as suas bonecas. Nessas brincadeiras, tinha uma boneca de Iraci um pouco diferente. A boneca adivinhava o que a menina falava, pois tudo o que Iraci dizia era a boneca quem informava com antecedência. E a menina com seus cinco, seis, sete anos ou mais guardava a “bruxa” em seu dormitório particular. Ruídos e espíritos eram o comum da menina já com seus oito ou dez anos relatar. Nas brincadeiras de infância ou mesmo nos estudos, não se ouvida falar Iraci de casos anormais. Apenas a garota contava sobre as ocorrências sempre a acontecer fora da sua vontade, como pedras rolando, chinelos andando, vassouras voando. Ela sempre dizia casos angustiantes. Porém Iraci falava de uma forma sorridente. Na escola Iraci sabia mais que as outras crianças. De modo o que estaria a acontecer na aula daquele dia. Eram fenômenos sobrenaturais aqueles de Iraci. Até mesmo quando estava sadia, a moça, já estando com 17 anos, relatou as suas companheiras que era a ultima vez das suas conversas, pois naquela noite ela teria morte natural. As moças se assustaram e fizeram rezas para Iraci. No entanto, quando chegou o dia seguinte, Iraci tinha morrido em seu leito e ninguém soube a razão. Eram casos dessa natureza da mocinha. Certo tempo, Iraci apareceu com um ancião e disse a uma de suas amigas:
Iraci:
--- Esse é o meu pai da geração que eu vivi. Eu voltei para junto dele e estamos cientes que as minhas premonições eram de fatos elementares. Eu espero que vocês instalem um centro na cidade e dediquem seus tempos livres a lecionar as crianças pobres. À noite, vocês façam reuniões abertas a todos os habitantes. Eu estou com vocês. Eu, mau pai e todos os entes que podem ajudar a vocês. Não se admirem. Eu estou muito bem. – foi o que disse a moça já desencarnada.
A amiga de Iraci, a senhora Maria do Carmo, procurou fazer orações para o espírito da jovem e nunca procurou abrir o Centro Espirita com temor de ser chamada pelos convivas da mulher do ser misterioso. Com o tempo, dona do Carmo pediu transferência do emprego, na repartição do Estado e foi morar da Capital. Certo dia, ao cruzar a rua do centro da cidade, Do Carmo topou com a figura de Iraci. E essa, de modo delicado, teve de lhe dizer a procurar o Centro Vitor Hugo, pois naquele local encontraria paz de espíritos para as suas aflições. Do Carmo sofria com o casamento desfeito, a morte de uma filha, a embriaguez de outro filho, perseguição no trabalho e coisas normais de uma cidade grande. A senhora olhou bem a moça sempre a sorrir a sua frente. E de um momento para outro a aparição sumiu de vez.
O Doutor Edgar Penteado estava imbuído em tais pensamentos quando adentrou em seu escritório, na fazenda, o homem de confiança, Manoel Carrapicho para prestar contas do apurado da semana com a venda de frutas, leite, gado dentre os mais. O dia avançava e dona Deodora cuidava da fazenda, almoço dentre os mais. O seu marido, Carrapicho, bateu a porta do escritório, entregou os recibos de venda e por ali ficou. Ele estava de pé e assim ficou. Por pouco tempo, pois o doutor Edgar o mandou se sentar. Colhia umas e outras informações e respondia Carrapicho de tudo o que sabia. A certa altura, o capataz fez uma careta colhendo o rosto para a direita e então o advogado teve a impressão de notar certo temor. Foi aí a indagar com paciência.
Edgar:
--- Algo de anormal? – perguntou o doutor.
Carrapicho:
--- Nada não. Apenas não matei o sono. Eu durmo às sete da noite e acordo às três da manhã. Mas, de um tempo para cá, não tenho mais sono. Não seu o que deu em mim! – falou de modo como quem não queria dizer algo mais resguardado.
Edgar:
--- É a vida. A gente vai ficando mais velho e tudo ocorre. Até o sono se perde. – confessou o advogado.
Carrapicho.
--- Pode ser a idade. Eu tenho tido um sono que me acorda no meio do acontecido. A mulher diz que eu falo demais. Coisas que eu nunca sei o que foi. – relatou o homem a coçar a cabeça.
Edgar:
--- E Deodora não sabe de nada também? – indagou o advogado.
Carrapicho:
--- Não. Mas presente que eu falo de coisas estranhas. – disse mais o serviçal   
Edgar:
--- Eu sei. Quer dizer. Eu compreendo. O sonho sempre é o passado. A gente vive mais de uma vez. Às vezes se sonha com o passado distante. De outra existência. – falou de forma tranquila
Carrapicho:
--- Sei não. Eu tive outra vida? – indagou o capataz.
Edgar:
--- Todos nós tivemos. Um, duas, três. É se morrendo e tornando a renascer. – explicou.
Carrapicho:
--- Renascer? Como assim? Não entendo nada. Pra mim, quem morre acaba. – disse
Edgar.
--- É verdade. O corpo. Mas a gente tem o espírito. Esse não morre. Sai por uns tempos e procura outro corpo para se reencarnar. – falou com jeito de falar.
Carrapicho:
--- Como? Não entendo. Isso é pura ilusão. – respondeu o capataz.
Edgar:
--- Você já ouviu falar em assombração? – indagou o advogado.
Carrapicho:
--- Isso é pra quem é fraco. Malassombro! Não acredito nessa coisa! – respondeu o homem.
Edgar:
--- Está bem. Quando você acreditar nesse tal de Malassombro, então nós podemos conversar! – sorriu o homem a fazer seus apontamentos.
Carrapicho:
--- Mas me diga uma coisa? O senhor já senhor com um parente? – perguntou sem alarme.
Edgar:
--- Muitas vezes. Uns que eu nem conheci.   Mas eles me procuram. – relatou sem pressa.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário