sábado, 9 de novembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Vinte e Dois -

- SENHOR DE LUTO -
- 22 -
LAMENTOS
Naquela noite, madrugada do dia seguinte, o sonho ocorreu na mente da jovem Nair. Era um tempo passado e Nair não sabia onde estava. Por acaso, Nair tinha uma vaga lembrança de terras distantes. Natal estaria bem longe de ser o local. Entretanto, outra jovem surgiu por entre árvores. A moça trazia um cesto de frutas e oferecia um pouco a sua irmã. Nair conhecia a moça e sentia forte emoção por ter uma irmã sadia e cheia de encantos. A moça ela não se lembrava de mais do seu nome. Coisa de sonhos. Nair sabia ter a irmã um noivo e chegava a dizer ter ele não vindo a sua casa. A irmã sorriu e relatou algo como:
Irmã:
--- Está na festa. – dizia-lhe a irmã.
Mas Nair entendia como se fosse “feira”. E o jovem surgiu. Então, Nair achou graça como quem diz algo não poder relatar. Mas o homem no seu cavalo respondia.
Cavaleiro:
--- Ela sabe! Ela sabe! – falou de modo elegante.
Nair então decidiu sair para o rio onde bateria roupa de lavagem. No local havia outras moças. Todas dançavam alegremente. E chegavam a cantar uma polca ou o que fosse. Mas Nair não se importava. Ela olhava ao longe um grupo enorme de cavaleiros. Eram soldados do Imperador. Cavalgavam esses soldados a todo galope. Ela notou as bailarinas a se afastar incontinente. Elas gritavam de forma acelerada:
Bailarinas
--- Os monstros! Os monstros! Os monstros! – gritava as bailarinas a correr sem trégua.
Nesse instante Nair notou a sua irmã com um uma bandeja de frutas caminhando, ao que parecia em sua direção. Foi o momento no qual gritou para a irmã ter um componente dos homens armados montado em seu cavalo e caminhado em sua direção. Então atirou uma flecha que transfixou o seu peito, pondo-a gravemente ferida no chão. Então, Nair, apavorada então gritou:
Nair:
--- O homem mana!!! – foi esse o brado ensurdecedor da jovem moça.
Com esse grito de horror Nair acordou, suada e intranquila. O pavor era tal que delirante a moça despertou do um salto na cama elástica do quarto onde estava. Nada havia ocorrido. Nair continuou desperta por uma hora. Ninguém talvez tenha ouvido o seu terrível sonho da virgem. Eram 4 horas da madrugada. Ela teve ciência ao se levantar, acender a lâmpada e ver em um relógio cuco pendurado na parede. Após abrir a porta notou sutil a presença de uma possível encomenda. Em cima de uma cadeira, estava um embrulho. E por cima, um bilhete:
Bilhete:
--- “Para você. Espero que esteja na medida. Edgar.” – relatava o bilhete.
Nair correu a vista por fora e a casa ainda estava toda adormecida. Ela apanhou o pacote e o levou para dentro do seu quarto. Com cisma, Nair releu o bilhete, palavra por palavra  com sua modesta atenção. Em seguida, com muito cuidado, abriu o embrulho não tão pesado. Dentro do pacote estavam pares de roupas próprias para serem usadas no trabalho. Camisas, saias, roupas de baixo, corpetes, meias, sapatos e aventais.
Nair:
--- Meu Deus do Céu! – falou com a face rubra de temor.
Era o presente disposto para a nova cozinheira e servidora da elegante casa para onde a moça estava à disposição de todos. Em um quarto asseado, Nair não se conteve e começou a chorar de emoção. Com todo o cuidado, ela guardou os presentes dispostos e correu para o banheiro, pois aquelas vestes mereciam um corpo asseado.
Às cinco horas da manhã Nair já estava preparando o desjejum dos seus patrões e patroas. Ela estava alegre por estava vestida a rigor como mandava a etiqueta da nobre casa. Em um mesmo tempo, surgiu pela porta de trás uma senhora a tudo indicar ser a lavadeira. Em sua companhia estava uma moça de pouco mais idade que Nair. A mulher saboreava o seu eterno cachimbo e seguia como era bem acostumada a fazer. No dia anterior, Nair não avistara a tal lavadeira e nem a moça acompanhante. Por isso, com todo o cuidado, sem precisar de se adiantar, a virgem deu os seus comprimentos a mulher e se pôs novamente na cozinha. Seis horas da manhã ela ouviu o reboliço. Os dois toaletes foram de imediato tomados por os dois filhos do casal:  Clara e o comandante França. Em seguida, surgiu a dona da casa, senhora Clara a verificar a cozinha. Em seguida indagou:
Clara:
--- Você tem experiência em cozinha? – perguntou a mulher.
Nair:
--- Sim. Eu trabalhei em um Hotel da Ribeira. – respondeu sorrindo.
Clara:
--- Ah. Com certeza os melhores hotéis da cidade. – argumentou
Nair:
--- São de um dono só. Três por sinal. Um deputado. – explicou a moça.
Clara:
--- Ah! Teodorico! – relatou à senhora.
E dona Clara seguiu para a lavanderia ontem estavam as duas mulheres – mãe e filha – tratando de ensaboar e enxaguar os panos mais delicados. Elas deixavam os panos miúdos para depois. Em certo tempo, após os cumprimentos do dia, a mais nova das lavadeiras indagou se estavam arrumadas as roupas que deviam ser lavadas naquela hora. A mulher respondeu afirmativo. E logo após o desjejum, a mulher nova poderia ir buscar.  Nesse ponto, Edgar surgiu na copa e cumprimentou a cozinheira. Em certa vez relatou ele ter uma conversa a lhe fazer. A mocinha se trancou de medo e nada quis dizer. Apenas esticou a cabeça e perguntou:
Nair:
--- Agora? – indagou assustada.
Edgar:
--- Mais tarde. Agora eu estarei a fazer as compras da semana. Você ainda não sabe. Mas tem aqui a dispensa onde se guarda as mercadorias. Você veja como se faz e logo mais eu volto. – relatou o homem
Nair:
--- E o café? – perguntou a moça.
Edgar:
--- Mais tarde. – relatou o patrão.
Nair ficou preocupada com o assunto a supor de ser posta para fora após esse dia. E nem pensava nas roupas requintadas doadas naquela noite/madrugada. Logo enfim ela discutiu com os seus botões.
Nair:
--- Se quiser botar pra fora, que bote. Só faço o que me mandam. – reclamava com a sua cara truncada.
Às oito e meia, doutor Edgar Penteado estava de volta já com as compras feitas. Frutas, vinhos, carnes, peixes, bacalhau e tudo mais a precisar. O automóvel de Edgar veio lotado de compras a atender a um mês, provavelmente. Menos a carne de gado e o peixe de duração limitada. O chefe residencial chamou a doméstica para se por a par de como eram feitas as compras. Dona Clara apenas observava a revolução de artigos comestíveis. Nair observou também um rapaz. Esse estava a conduzir para dentro da casa as mercadorias compradas. Ela apenas observou com naturalidade e nada indagou. Junto à mesa da cozinha era todo depositado. Edgar contava os artigos informava a Nair onde podia guardar peixes e carnes entre outros artigos, como vinhos, champanhes e uísque. Ao final de tudo, conferido e acertado, Edgar pagou ao rapaz pelo esforço desprendido e agradece sincero. Após esse tempo, estado a doméstica a guarda os alimentos em freezer, geladeira e outros compartimentos de armários, o homem falou de voltar a sua repartição, pois estava com atraso. Ela ainda indagou a Clara por seu marido:
Clara:
--- Ele foi para a FAB. Não sei bem o que foi fazer. – falou com tranquilidade.
Edgar:
--- Minha mãe? – indagou.
Clara:
--- Rezando. Parece. No quarto. – respondeu a sua irmã.
À noite, após o jantar, Edgar convidou Nair a sair por alguns instantes e passear na calçada em frente a sua casa. De onde eles estavam puderam observar à praia a luz da lua pálida e serena envolta a Avenida Circular plena de deslumbrantes marcada pelas encantadoras lâmpadas com sua luz perene. O homem observou extasiada tanta beleza a um só instante e ainda perguntou em êxtase:
Edgar:
--- Você já tinha observado tanta beleza assim? – indagou inalando a brisa do mar.
Nair:
--- Está vendo aqueles coqueiros? Pois eu subo neles para tirar os frutos.  – perguntou sorrindo
Edgar:
--- Naqueles coqueiros lá em baixo? Eu não posso acreditar? Você? – indagou com surpresa.
E a moça sorriu.
 

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