- SENHOR DE LUTO -
- 22 -
LAMENTOS
Naquela noite, madrugada do dia
seguinte, o sonho ocorreu na mente da jovem Nair. Era um tempo passado e Nair
não sabia onde estava. Por acaso, Nair tinha uma vaga lembrança de terras
distantes. Natal estaria bem longe de ser o local. Entretanto, outra jovem
surgiu por entre árvores. A moça trazia um cesto de frutas e oferecia um pouco
a sua irmã. Nair conhecia a moça e sentia forte emoção por ter uma irmã sadia e
cheia de encantos. A moça ela não se lembrava de mais do seu nome. Coisa de
sonhos. Nair sabia ter a irmã um noivo e chegava a dizer ter ele não vindo a
sua casa. A irmã sorriu e relatou algo como:
Irmã:
--- Está na festa. – dizia-lhe a irmã.
Mas Nair entendia como se fosse “feira”.
E o jovem surgiu. Então, Nair achou graça como quem diz algo não poder relatar.
Mas o homem no seu cavalo respondia.
Cavaleiro:
--- Ela sabe! Ela sabe! – falou de modo
elegante.
Nair então decidiu sair para o rio onde
bateria roupa de lavagem. No local havia outras moças. Todas dançavam
alegremente. E chegavam a cantar uma polca ou o que fosse. Mas Nair não se
importava. Ela olhava ao longe um grupo enorme de cavaleiros. Eram soldados do
Imperador. Cavalgavam esses soldados a todo galope. Ela notou as bailarinas a
se afastar incontinente. Elas gritavam de forma acelerada:
Bailarinas
--- Os monstros! Os monstros! Os monstros!
– gritava as bailarinas a correr sem trégua.
Nesse instante Nair notou a sua irmã com
um uma bandeja de frutas caminhando, ao que parecia em sua direção. Foi o
momento no qual gritou para a irmã ter um componente dos homens armados montado
em seu cavalo e caminhado em sua direção. Então atirou uma flecha que
transfixou o seu peito, pondo-a gravemente ferida no chão. Então, Nair,
apavorada então gritou:
Nair:
--- O homem mana!!! – foi esse o brado
ensurdecedor da jovem moça.
Com esse grito de horror Nair acordou,
suada e intranquila. O pavor era tal que delirante a moça despertou do um salto
na cama elástica do quarto onde estava. Nada havia ocorrido. Nair continuou
desperta por uma hora. Ninguém talvez tenha ouvido o seu terrível sonho da
virgem. Eram 4 horas da madrugada. Ela teve ciência ao se levantar, acender a
lâmpada e ver em um relógio cuco pendurado na parede. Após abrir a porta notou
sutil a presença de uma possível encomenda. Em cima de uma cadeira, estava um
embrulho. E por cima, um bilhete:
Bilhete:
--- “Para você. Espero que esteja na
medida. Edgar.” – relatava o bilhete.
Nair correu a vista por fora e a casa
ainda estava toda adormecida. Ela apanhou o pacote e o levou para dentro do seu
quarto. Com cisma, Nair releu o bilhete, palavra por palavra com sua modesta atenção. Em seguida, com muito
cuidado, abriu o embrulho não tão pesado. Dentro do pacote estavam pares de
roupas próprias para serem usadas no trabalho. Camisas, saias, roupas de baixo,
corpetes, meias, sapatos e aventais.
Nair:
--- Meu Deus do Céu! – falou com a face
rubra de temor.
Era o presente disposto para a nova
cozinheira e servidora da elegante casa para onde a moça estava à disposição de
todos. Em um quarto asseado, Nair não se conteve e começou a chorar de emoção.
Com todo o cuidado, ela guardou os presentes dispostos e correu para o banheiro,
pois aquelas vestes mereciam um corpo asseado.
Às cinco horas da manhã Nair já estava
preparando o desjejum dos seus patrões e patroas. Ela estava alegre por estava
vestida a rigor como mandava a etiqueta da nobre casa. Em um mesmo tempo,
surgiu pela porta de trás uma senhora a tudo indicar ser a lavadeira. Em sua
companhia estava uma moça de pouco mais idade que Nair. A mulher saboreava o
seu eterno cachimbo e seguia como era bem acostumada a fazer. No dia anterior,
Nair não avistara a tal lavadeira e nem a moça acompanhante. Por isso, com todo
o cuidado, sem precisar de se adiantar, a virgem deu os seus comprimentos a
mulher e se pôs novamente na cozinha. Seis horas da manhã ela ouviu o reboliço.
Os dois toaletes foram de imediato tomados por os dois filhos do casal: Clara e o comandante França. Em seguida,
surgiu a dona da casa, senhora Clara a verificar a cozinha. Em seguida indagou:
Clara:
--- Você tem experiência em cozinha? –
perguntou a mulher.
Nair:
--- Sim. Eu trabalhei em um Hotel da
Ribeira. – respondeu sorrindo.
Clara:
--- Ah. Com certeza os melhores hotéis
da cidade. – argumentou
Nair:
--- São de um dono só. Três por sinal.
Um deputado. – explicou a moça.
Clara:
--- Ah! Teodorico! – relatou à senhora.
E dona Clara seguiu para a lavanderia
ontem estavam as duas mulheres – mãe e filha – tratando de ensaboar e enxaguar
os panos mais delicados. Elas deixavam os panos miúdos para depois. Em certo
tempo, após os cumprimentos do dia, a mais nova das lavadeiras indagou se estavam
arrumadas as roupas que deviam ser lavadas naquela hora. A mulher respondeu
afirmativo. E logo após o desjejum, a mulher nova poderia ir buscar. Nesse ponto, Edgar surgiu na copa e
cumprimentou a cozinheira. Em certa vez relatou ele ter uma conversa a lhe
fazer. A mocinha se trancou de medo e nada quis dizer. Apenas esticou a cabeça
e perguntou:
Nair:
--- Agora? – indagou assustada.
Edgar:
--- Mais tarde. Agora eu estarei a fazer
as compras da semana. Você ainda não sabe. Mas tem aqui a dispensa onde se guarda
as mercadorias. Você veja como se faz e logo mais eu volto. – relatou o homem
Nair:
--- E o café? – perguntou a moça.
Edgar:
--- Mais tarde. – relatou o patrão.
Nair ficou preocupada com o assunto a
supor de ser posta para fora após esse dia. E nem pensava nas roupas
requintadas doadas naquela noite/madrugada. Logo enfim ela discutiu com os seus
botões.
Nair:
--- Se quiser botar pra fora, que bote.
Só faço o que me mandam. – reclamava com a sua cara truncada.
Às oito e meia, doutor Edgar Penteado estava
de volta já com as compras feitas. Frutas, vinhos, carnes, peixes, bacalhau e
tudo mais a precisar. O automóvel de Edgar veio lotado de compras a atender a
um mês, provavelmente. Menos a carne de gado e o peixe de duração limitada. O
chefe residencial chamou a doméstica para se por a par de como eram feitas as
compras. Dona Clara apenas observava a revolução de artigos comestíveis. Nair
observou também um rapaz. Esse estava a conduzir para dentro da casa as
mercadorias compradas. Ela apenas observou com naturalidade e nada indagou.
Junto à mesa da cozinha era todo depositado. Edgar contava os artigos informava
a Nair onde podia guardar peixes e carnes entre outros artigos, como vinhos,
champanhes e uísque. Ao final de tudo, conferido e acertado, Edgar pagou ao
rapaz pelo esforço desprendido e agradece sincero. Após esse tempo, estado a
doméstica a guarda os alimentos em freezer, geladeira e outros compartimentos
de armários, o homem falou de voltar a sua repartição, pois estava com atraso.
Ela ainda indagou a Clara por seu marido:
Clara:
--- Ele foi para a FAB. Não sei bem o
que foi fazer. – falou com tranquilidade.
Edgar:
--- Minha mãe? – indagou.
Clara:
--- Rezando. Parece. No quarto. –
respondeu a sua irmã.
À noite, após o jantar, Edgar convidou
Nair a sair por alguns instantes e passear na calçada em frente a sua casa. De
onde eles estavam puderam observar à praia a luz da lua pálida e serena envolta
a Avenida Circular plena de deslumbrantes marcada pelas encantadoras lâmpadas
com sua luz perene. O homem observou extasiada tanta beleza a um só instante e
ainda perguntou em êxtase:
Edgar:
--- Você já tinha observado tanta beleza
assim? – indagou inalando a brisa do mar.
Nair:
--- Está vendo aqueles coqueiros? Pois
eu subo neles para tirar os frutos. – perguntou
sorrindo
Edgar:
--- Naqueles coqueiros lá em baixo? Eu
não posso acreditar? Você? – indagou com surpresa.
E a moça sorriu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário