segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Cinquenta e Um -

- MARIA MADALENA -
- 51 -
- DESESPERO -
Jesus foi casado com Madalena? Estranho! Nunca ouvi dizer! Como? – Era tudo o que Nair pensava quando ouviu de Lenira tal fato. Ele era Deus, isso é verdade. No entanto, casar? Não! Isso não! Tudo era o máximo e ideal supor mental da iludida senhora. E foi assim o acontecido. Quando a senhora Nair despertou para a sua realidade, ela então falou com convicção:
Nair:
--- Mas Ele era o Senhor! Nunca ouvir falarem casamento! – relatou a mulher.
Lenira:
--- Ele foi conhecido em uma parte da terra de Israel. Como Jesus, havia outros que faziam a mesma pregação. Por exemplo, João Batista, aquele que o batizou. Ainda mais tinham os antecessores de Jesus. E os que caminharam junto com Ele. Apolônio, de Tiana. Esse foi um dos tais. Apolônio era mais velho três anos que Jesus. Ele era um sábio e profeta. Era médico, teve muita riqueza e doou aos seus irmãos e aos os pobres. Então saiu a peregrinar. Ele percorreu a Europa que se chamava Gália e até a Índia. Bem distante. Apolônio caminhava a pé e sem sandálias. Ele esteve com Paulo, o apóstolo e sempre disse que era preciso ir além. Jesus se casou com Maria Madalena e um tempo peregrinou na França, onde Madalena com o passar do tempo veio a falecer. – recordou a dama.
Nair:
--- Nessa eu não caiu. Para mim, existe um só Jesus. E pronto! – falou relutante.
Lenira:
--- Eu não falei em mais de um Jesus. Eu disse de haver profetas em toda a Palestina. O povo viveu acorrentado por 800 anos sob o domínio dos romanos. No dia em que Jesus foi crucificado, havia mais cinco mil outros também do Calvário.  Porém ninguém fala nesses tantos outros. – falou severa.
Nair:
--- Ah! Esses outros, no máximo era a plebe! – relatou abusada.
Lenira:
--- Plebe? E Jesus era o que? – falou altiva.
Nair:
--- Ele era Deus! – falou com raiva.
Lenira:
--- Deus? E nós somos o que? – indagou irada.
Nair:
--- Eu? Eu sou Nair. Eles eram o povo. E nada mais! – reclamou confusa.
Lenira:
--- Veja bem. Eu julgo voce não ter esse conhecer. O homem já existe na Terra há dois milhões de anos. E há 525 mil anos chegaram de fora uns homens vindos em naves espaciais. Esses homens foram chamados de “deuses”, pois eles vieram do Céu. Mas eles não eram deuses. E assim nasceram os deuses entre nós.
Nair.
--- E quem eram esses? – perguntou a moça com expressão vulgar.
Lenira:
--- Os Anunnakis. Eles conheceram os homens da Terra e com eles entabularam conversas. E findaram por fazer, não com o barro, os homens verdadeiros chamados por eles de Adamus, ou seja, humanidade. Como se chama também a Eva o que significa “vida”. Não pode haver o homem humanidade sem a mulher chamada vida. Para isso eles, os Anunnakis levaram muitos anos. Não acredite o que está na Bíblia. Ela foi extraída dos documentos sumerianos. – alertou.
Nair:
--- Su o que? – indagou com o rosto em expressão estranha.
Lenira:
--- Sumérios, eu disse. Quer dizer, sumeriano. – pontificou dona Lenira.
Nair:
--- Ah sim! ... E aonde voce viu tudo isso? – indagou com cisma.
A senhora Lenira sorriu e logo enfim deu-lhe resposta.
Lenira:
--- No Beco da Lama o na Quarentena, se bem me lembro. – gargalhou sem fim.
E a vida continuou serena e bela. Odessa com a menina Emma sorria a cântaros quando julgava ouvir o som do radio a tocar melodia esplêndida. Então, a garota virava a cabeça para ouvir melhor aquele som tão esquisito. E sorria sempre. Odessa se virava para Nair e indagava se Emma estava a ouvir por curiosidade aqueles magníficos acordes harmoniosos a se por no ar. Desvarios de infantis crianças era a observação da própria mãe. Quando era no sábado Edgar arranjava todos os da família para ir passar o restante da semana na Fazenda. Às vezes também chegavam um pouco atrasados os seus convivas, Lenira e o esposo doutor Narcíseo de Almeida ou mais alguém. Edgar se metia em conversas com Narcíseo enquanto as mulheres faziam os quitutes com o auxilio da doméstica, senhora Odiléia. A filhar menor, Maria não tardava a correr para se livrar de uma caixa de maribondo no quintal da casa da Fazenda. Ana Julia era outra menina. Essa ficava a gargalhar da sua amiga infantil por ter receio de maribondos. A mãe de Ana Julia mandava as meninas para dentro, pois não queria ver ninguém a chorar por nada.
Deodora:
--- Já pra dentro! As duas! – falou com ira.
Odiléia:
--- Eu acho é pouco. Va bulir com quem está quieto. – argumento a mãe de Maria.
Durante algum tempo, Deodora voltou para a Fazenda, pois se sentia melhor na casa grande que na cidade onde tudo era difícil de haver. A mulher de Carrapicho, o morto, se aguentou com a sua tristeza e achou por bem ficar no sitio. Na fazenda, o mandante era seu Jeronimo, homem rude igual ao pisar de jumento. Foi com ele ter se arranjado o doutor Edgar para ditar as normas do dia aos demais cavaleiros muito bem cautelosos. Quando era o sábado, seu Jeronimo fazia a prestação de contas com o seu patrão. Os entediados e servis vaqueiros, todos recebiam pagamento das mãos de Jeronimo. E nem por isso Edgar deixava de falar dos seus tratos com os comuns. Doença de meninos, andanças atrás de vacas, mulher para ter menino entre outros casos sem maior importância.  E Edgar recebia, como agrado, frutas maduras de parte das mulheres dos outros homens moradores do seu sitio. Quando fosse preciso ele assumia a condição de padrinho dos moleques moradores. E tudo isso era o comum das necessidades alheias. A benção padrinho. Deus te abençoe a todos o que ele dizia a cada qual. Em casos de casamentos, ele era o padrinho também:
Edgar:
--- Já vai casar? – perguntava o patrão.
Moça:
--- Vou senhor, sim! – sorria misteriosa a moça.
Edgar:
--- E tais prenhas? – olhava o homem a barriga da moça.
Moça:
--- Não, meu padrinho. É o vestido folgado. – respondia a moça dos seus 15 anos.
Edgar:
--- Nas minhas terras, moça buchuda casa logo, antes do moleque despontar. – repreendia.
Moça
--- Sei disso, padrinho.  – respondia a moça com sua barriga a disfarçar. E com a cara para o chão.
Essa era a vida do senhor das terras. Naquele sábado o homem resolveu fazer um brinde a todos da fazenda, inclusive Deodora, pois a mulher estava consciente de haver voltado para o sítio. Além do mais era o dia do seu aniversário. Ninguém sabia. Nem mesmo a mulher, pois a data já havia passado despercebida. Porém para Edgar, nem tanto. Ele lembrava, pois em um dia como aquele, o homem havia perdido a sua noiva Zélia. Isso fazia já um tempo e tanto. Mesmo assim, Deodora, bem mais moça, nem se lembrava daquela insignificante datada. A do seu nascimento. Edgar se lembrou pelo menos por coincidir com o faltoso desaparecer da noiva amada. Para todos, nem mesmo Nair ele revelou essa data. Apenas de um modo indireto, fez a homenagem à senhora Deodora, mulher do saudoso Carrapicho.
Edgar:
--- Saúdo a todos os vaqueiros, comandados, suas esposas e seus filhos e filhas. Mesmo assim, eu saúdo e principalmente a uma mulher sempre devotada. Ela dispensou a cidade grande para viver no campo. A ela eu saúdo. A dona Deodora. E que seja o brinde feito para todos vocês. O almoço é franco e espero a presença de todos vós. Um brinde a Deodora por fazer mais um ano de vida. Viva Deodora! – gritou alegre o doutor Edgar.
E a moçada caiu na farra, pois se sabia que ninguém era de ferro. Mas, pelo menos, alguém teve a suspeita de um caso amoroso entre os dois, apesar de não falar. Na hora de quebrar as taças a mulher Nair sair do recinto a levar a sua filha Emma e a ama, senhorita Odessa sob uma desculpa qualquer. Naquele momento Nair viu de fato por entre nuvens de acácia o romance do marido com Deodora ser um real fato.

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