sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Quarenta e Oito -

- DANÇA -
- 48 -
ATITUDE
De forma estabanada, entra no salão de espera do Hotel o comandante Ricardo França com aparência de excêntrico louco. À sua volta estavam pessoas de vários estilos e classes. Algumas a conversar com modéstia de modo murmurante. Outras, nem tanto. Ouviam-se gargalhadas indecentes com exímias pessoas envolventes e por demais crentes. Algo a estar em prenuncio de maldizentes. Eximias mulheres a passar contentes a sorrir deveras inocentes. Cuidado! Há perigo na esquina! Sinal fechado para gente! Aguente! Carros a transitar em vários sentidos! Demora! Sinal aberto! Povo atravessa. Mulheres, amigos, amantes. Dois conversam sem sentir. O beco dos amores. “L’allée de l’amour”! Eles estão decididos.
Um
--- Corre! – diz o rapaz romântico.
Dois
--- Espera! – grita a moça ao desespero.
De fundo, musica a tocar distante onde nada mais de espera. A cantora de voz atrevida e nostálgica a dar seu ritmo atraente. “Non... rien de rien... Non... Je ne regrette rien”. Em outros ecos dissonantes, atraentes, infantis era a melodia a tocar sem pressentir. A música de cabaré e o tango na vitrola de aparência a definir noite envelhecida. E nada a chorar.
E no Hotel, salão de espera um jovem atraente busca atendente a resolver caso banal. Ele e a moça. Com certeza, esposa. Ou não. Por quê? Ingentes a passar constante, ritmo itinerante. Os elevadores sempre cheios de casuais os quais medrosos insólitos. Insensato o comandante fala:
França
--- Celtas! – comentou pouco exaltado.
Nair;
--- Quem? – despertou de seu enternecimento.
França:
--- Os celtas viveram em Notre Dame! – relatou alarmado
Edgar:
--- E o que tem a ver isso com os cós das calças? – indagou suave e estúpido.
França:
--- Heim? O que a haver? Bem! Nada. Quer dizer. Eles eram e ainda é um conjunto de povos organizados em múltiplas tribos. Boa parte da população da Europa pertencia às etnias celtas.
Lenira;
--- E? .... – perguntava a núbia a querer sorrir.
França:
--- E o que? Estou a falar de um povo! Sinha não me apetece bem o que! Ora que merda! Esse povo. ... - e foi amargamente interrompido por sua filha.
Lenira:
--- Ô meu paisinho querido do amor divino, eu suponho que o senhor não sabe ter os celtas a origem de 1900 anos antes de Cristo. É um povo de pastores oriundos das estepes. Na península Ibérica a maior parte da população é celta. Os celtas são gauleses e do outro lado, na Escócia, Irlanda e Bretanha. As suas manifestações artísticas possuem bastante originalidade. Eles eram guerreiros de capacetes com chifres e asas. Asterix era um gaulês celta. As suas comemorações de festas eram feitas de crânios dos inimigos. Os celtas eram considerados “bárbaros”. A sua organização social era o clã. Os sacerdotes eram druidas. A sua religião exaltava as forças telúricas, ou seja: Mãe Terra. A mulher era soberana no domínio da Natureza. Os celtas adoravam um grande número de divindades: Taitiu, Macha e Epona a deusa do cavalo. As riquíssimas narrativas mitológicas celtas são transmitidas em forma de poemas. Contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho onde a menina representa o Sol devorado pela  noite do Inverno, representado pelo lobo. Veja bem: Verão e Inverno. As estações do ano. Quer saber mais meu pai? – indagou de forma inocente pondo a mão direta em ondas ao falar nas estações do ano.
França:
--- Onde você soube de tudo isso? – indagou exaltado
Lenira:
--- Não fique apenas no “ar”. – sorriu a núbia
França:
--- Quer ar? – fez questão em saber por sua curiosidade.
Lenira:
--- Nuvens, meu pai. Nuvens! – sorriu compenetrada.
França:
--- E eu julgava ter descoberto o segredo da abelha rainha. – quis falar dessa forma.
Lenira:
--- Nuvens! Nuvens! – relatou outra vez a linda moça.
Edgar:
--- Eu não sabia da verdadeira historia de Chapeuzinho Vermelho. Na verdade, faz sentido. Inverno e Verão. Eram a forma de se juntar as verdadeiras peças. Voce viu isso aonde? – quis saber o advogado.
Lenira:
--- No Beco da Lama ou por um lupanar da esquina! – resolveu a questão.
Nesse instante Lenira se levantou da sua fofa cadeira e saiu a gargalhar.
Com o passar dos dias, viagens, teatro, cinema, óperas e tantos assuntos a mais, eis enfim ter chegado o tempo do real matrimonio. Volumosa festa por demais importante. A ingênua noiva Nair Pereira era uma combinação de êxtase e deslumbramento. Tudo era um real enigma da eternidade. A Catedral de Notre Dame, às cinco horas da tarde estava com seleto numero de convidados. Porém a festa seria mesmo no salão à parte da Casa “Estilo” onde se servia de tudo ou mais. O noivo chegou às pressas na Catedral, antes das cinco. Ele em companhia da sua suave e elegante dama, a senhorita Lenira. A hora de observar um e outros, e sorrir contente, a virgem núbia não parava de reclamar por ter de deixar a noiva no ambiente do Hotel. Para a moça não importava quantos homens e mulheres ficaram para ornar a prima dama. Todos os que ficaram nas dependências do Hotel eram magos especialistas em arranjos. O matrimonio levou a Paris a esposa do Comandante Ricardo, a senhora Clara, seu filho Nestor em companhia da noiva e uns poucos convidados. Toda gente era a suprema corte dos sem quase nada. Nestor se mostrava impaciente com o seu traje. Ele reclamava dos “espinhos” os quais se mostravam a sentir com o seu sacro paletó. A sua noiva, Norma Cortes desatinava por causa dos reclamos do amado noivo. E vez por outra, na Catedral de Notre Dame, a linda imaculada dava-lhe um cutucão com eximia maldade. No altar estava o padre gordo, baixo e irreverente. Em sua companhia os dois acólitos ou coroinhas. O sacerdote tinha uma mania estranha de cuspir constante. Por sinal, ele não era francês. E estava no local por acaso vindo da Escandinávia. As damas de honras eram francesas. E o homem a conduzir a noiva, o esposo de Clara e pai dos penitentes Nestor e Lenira. Constantemente Lenira conferia a hora caso não saber às quantas. O seu Oráculo permitia a tudo se acalmar, pois a arte divinatória era paciente e constante. Mesmo assim a musa não se contentava. A augusta Catedral era um eminente pendor de arte sacra. Por seu interior quem a visitasse, se orgulhava para sempre. Ambiente natural, por dentro a sua admirável forma dava um cunho de penitencia a quem podia estar. As luzes de meio ambiente não demonstravam a sua grandeza para os divinais contritos seres. Das arcadas elevadas pendiam luminárias de variantes cores. O altar mor mergulhava em sua suntuosidade o claro-escuro ambiental.
Um clarim se ouviu e na sequencia o órgão do patamar frontal entoava o magistral hino de Felix Mendelssonhn e as habituais Cantoras do Coro acompanhavam o litúrgico e tradicional hino; Marcha Nupcial. Teve inicio o cerimonial. Com bastante vagar, veio à noiva ostensiva de bela. O véu lhe encobria a face. Mesmo assim a núbia destemidamente chorava. Ao seu lado, de braço dado, o Comandante Ricardo França. Logo atrás, as damas. Quatro, por sinal. Com efeito, rica e deslumbrante a magistral solenidade. O silencio imperava em meio a tanta gente. Convidados especiais. A navegar constante, a linda e cativante virgem caminhava muito lenta. Com razão, a noiva não tropeçaria em suas deslumbrantes vestes. E após alguns minutos era chagada a hora do Comandante passar o encargo para desatento noivo. Ao vislumbrar aquela deidade, Edgar não se conteve. E chorou de faustuosa emoção.
Após esse cerimonial os luxuosos noivos seguiram à Casa “Estilo” onde ao som de magistrais músicas e louvores se lhes acercavam os magnatas dos esplendores. Festas e mais festas se abrilhantavam enquanto não dava a hora da Valsa Nupcial “Danúbio Azul” aos acordes de um carrilhão a marcar a hora quando os dois amores dançariam no salão unido para sempre. Apesar de ser uma casa de acolhimento a novos casais a gerencia mantinha distancia com os pares a distanciar da insignificante importância. Tal fato foi observado pela sobrinha do noivo, a meiga jovem Lenira.
Lenira:
--- Que horror! E eu a pensar ter a França uma exímia festa! – julgou em si.
E Lenira dançou valsas e canções da época com seu irmão Nestor abandonando os prazeres da vida para não mais cair em desgosto. A suavidade das melodias levava em encanto a singela moça de contornos atraentes. Em virtuosidade enlevou a virgem Lenira e essa dançava com o seu irmão ou com seu pai e, provavelmente com demais mancebo a surgir pedindo. E com esses distraídos devaneios as horas passaram para a outra margem da vida. Valsas, valsas! Cações, canções! O eterno prazer da fulgurante juventude. Era meia noite quando se ouviu o tocar do carrilhão e a valsa “Danúbio Azul” teve seu início com a pura e casta emoção. Foi então que os elegantes noivos formaram seu par. A maestria e o esmero era o toque contido de altivez. E dançaram os dois como loucos em busca de um único sentimento incontido. A nova vida em começo de ternura e íntimo majestoso ao casal a se unir para todo o sempre.
Lenira:
--- Valsa! Valsa! Valsa! – cantava e dançava com braços abertos apenas a olhar o casal.  

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