domingo, 1 de dezembro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Quarenta e Quatro -

- CANNES -
- 44 -
DIVERSÃO
Em dias a seguir, as duas amigas se enfurnaram na estrada em busca de um clima ameno. E assim, as núbias conheceram Cannes e suas elegantes partes. Mulheres com artes e cismas não usavam parte de cima a mostrar inteiramente em nu, os seios. Nair calou e admirou. Tantos seios a descobertos ao seu modo. Desmedidamente as damas nem prestavam atenção às duas estrangeiras vindas de alguma parte de fora da cidade. Na praia havia um sentido: banho de sol e de mar. A língua a falar era uma balburdia. Gente de todos os países. Ou quase todos. Havia guerra. E muita! China, Rússia, Vietnam, Coreia! Nem por isso o povo se importava.
Nair:
--- Guerra? – indagou alarmada.
Lenira:
--- Combates! Qualquer coisa desse modo. – declarou sem grande importância a virgem.
Nair:
--- Combates? Como? – indagou plenamente assustada.
Lenira:
--- Pei! Dei! Pum! – fez a moça a estirar o braço ao longe.
Assim era Cannes. Barcos ancorados a espera do seu comando. Muitos! Uma enormidade! A praia de Cannes era algo mavioso. Delirante! Algo incomum! Tardiamente a elegante virgem Nair encetou olhar por toda orla. E a contemplar, se estremeceu:
Nair:
--- Loucura! – fez questão em declarar.
Lenira:
--- Chique! – comentou sem surpresa com sua elegância.
Nair:
--- Praias! Praias! Praias! – declarou fora de si.
Cannes, uma vila, conheceu progresso em 1946, um ano após a II Guerra. Festival do Cinema começa, então, nesse ano. O grande concorrente é o Festival de Hollywood.! Fogos de artificio, explosões de luzes, cores vivas do mundo são alguns exemplos. Desenho de brilhantes joias. Diamantes, turmalinas e ouro! Cobiçadas por colecionadores, as joias são um luxo  para poucos. O grande público tem rara chance de conferir de perto mais de 400 peças. Clientela exclusiva onde se inclui as famosas atrizes. Criações afamadas pela mistura de materiais e variedade de formas e temas! Esculturas de emoções! Diretores, pintores e fotógrafos: a maior atração! Filmes, cartazes e documentos de arquivos! Identidade visual representa a história do cinema. Podia-se notar a extravagancia feita por mansões ao longo da imensa praia cercada de  arvores e carros. Gente muita era o toque da elegância. O mar então era a sua epopeia histórica. Narrado em versos o conjunto de acontecimentos pode representar a fidelidade dos fatos com relevante conceito.
Lenira:
--- Isso é a França! – saltitou cantando e contente de braços abertos.
O veículo levado por Lenira até a praia era um Porsche, modelo para as grandes marcas. O mais emblemático modelo da cultuada marca. O Porsche era de origem alemã, lançado em 1931. O veículo rodava cinquenta mil quilômetros por toda Europa. Isento de ferrugem, o carro seguia incólume a sua trajetória colhendo inclusive lendas.  
Nair:
--- Como conseguintes este? – indagou sem saber a origem do carro.
Lenira:
--- O Porsche? Meu pai! É um auto de um Conde! Parece! O Conde reserva para clientes de alta roda! Meu pai se identificou. Comandante! – sorriu a moça a conduzir o carro pela estrada.
Nair:
--- Nossa! Conde? – indagou perplexa.
Lenira:
--- Sim. Conde. Duque. Não me lembro. – falou com maestria.
Nair:
--- Não é qualquer um? – perguntou assustada.
Lenira:
--- Não. Não. Apenas os Nobres. Gente de elevada riqueza. – sorriu.
Nair:
--- E Edgar? – quis saber a moça porque ele não.
Lenira:
--- Ele é pobre. Nós somos perante um duque. Duque é um homem ligado a um Rei. –sorriu a dirigir o carro
Nair:
--- Rei? Que Rei? – quis saber atormentada a moça.
Lenira:
--- Rei! Rei! Você sabe o que é um Rei? – indagou solene a moça.
Nair:
--- Não! Mas no Brasil teve um Rei! Dom: não sei o que! – falou acabrunhada.
Lenira:
--- Dom Pedro. – acertou a moça e a dirigir o Porsche.
Nair:
--- Parece! Deve ser! Um gorducho! – falou acabrunhada.
Lenira:
--- Olha! Tenha cuidado no que fala! – respondeu a moça de dedo em riste.
Nair:
--- Eu não sei de nome dos outros! – reclamou abusada.
Lenira:
--- Outros? Outros? Ele era o Rei! – reclamou esbravejando.
Nair:
--- É! Pode ser! Mas nada adianta! E onde ele está? – indagou preocupada.
Lenira:
--- Quem? O Rei? Ele já é morto! – resolveu por a questão a ferros.
Nair:
--- Morreu? E Rei morre? – perguntou a imaginar.
Lenira:
--- Não!  Vira troféu! – respondeu mal agradecida.
Nair:
--- Chata! Abusada! Eu apenas pergunto! – com os olhos marejando.
Lenira:
--- Agora vai querer chorar? Claro! Claro! O Rei também morre! Rei, Rainha. O diabo a sete! – respondeu irada.
Nair:
--- Você poder ser mais delicada. – respondeu com mágoa.
Lenira:
--- Escute! Escute bem! Eu vou dizer uma vez! Escute! Eu, meu pai, minha avó, meu tio! Todos! Inclusive você! Nós, portanto! Nós! Preste atenção! Nós somos todos pobres! Não importa quanto nós temos! Meu pai é Comandante de UM avião! Agora! De quem é esse avião? Meu tio tem uma fazenda! Mas, de quem é ou era a fazenda? Agora! Nós. ...Eu, voce, meu pai, minha avó! Nós todos somos pobres! Não importa quanto temos em dinheiro! Milhões! É a quantidade! Mas somos pobres! Preste atenção! Nós somos pobres! Agora, tem gente rica! Bilionária! Dinheiro em monta! Esses, os ricos, são ricos! São Nobres! Esses são Lordes! Consul! Duque! Conde! Rei! Rainha! Esses são fortes! Pode não ter um tostão! Mas são Lordes! A diferença é a mente! Aqui! Olhe! (mostra sua mente)! Voce está vendo? Mente! Aqui! Quem é rico no Brasil, não importa! Ele não tem status! Estilo! Eles são pobres! Entende agora? – perguntou a nívea à virgem contando tudo nos seus dedos.
Nair
--- Mas. ...Mas. ...Mas. ...- e chorou em demasia.
Lenira:
--- Pobres! – disse novamente a virgem.

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