terça-feira, 29 de outubro de 2013

O SENHOR DE LUTO - Capítulo Treze -

- ESTÁTUA -
- 13 -
A VÍRGEM
A noite de quinta-feira chegou fria e tenebrosa. Logo depois do jantar no Grande Hotel, o doutor Edgar Penteado ficou a espera de um tempo melhor. Na sua memoria ainda havia a lembrança da manhã daquele dia, a chuva traiçoeira, o povo em correria, a escola mais a frente onde estudavam alunos de varias séries, as casas de moradia, o Manicômio dos Doentes Mentais e mais para o lado de baixo, casas de moradia e a Padaria de Abel Viana. Eram lembranças do homem após sair do campo santo. Ele se lembrava de um amplo sepulcro onde estava ao descanso a sua atraente e formosa Zélia Albuquerque onde por alguns instantes o pacífico cidadão orou por algum tempo. Duas lágrimas se verteram dos seus ternos olhos. No Hotel, o passar das pessoas deixavam um perfume eterno de Tabu, loção sutil de frescor duradouro. Quando estava a sós na varanda do Hotel, uma pessoa se aproximou. Ele pouco notou a sua presença. Mas, por longos e eternos minutos aquela pessoa abraçou o doutor Edgar Penteado a dizer, sensibilizada o seu meigo:
Zélia:
--- Olá. Muita chuva. Como vai você? – indagou com suavidade a sua noiva.
Edgar não percebeu de imediato. Porém com um vagar de tempo, ele confirmou também o seu olá. E falou da chuva a cair sobre a Ribeira.
Edgar:
--- Olá querida. Eu vou bem. Muita chuva. E temo chegar ao hotel onde eu tenho o meu leito amado. – respondeu o homem a vagar.
Zélia:
--- Verdade. Levando o assunto ao passado: Você se lembra de que fez a minha morte? – indagou com paciência a divina deusa.
Edgar.
--- Ah. Sim. Um problema cardíaco. Sopro no coração. Não foi? – perguntou afirmando.
Zélia:
--- Sim. É verdade. Mas você sabe como se deu  aquele sopro? – indagou a sorrir levemente.
Edgar:
--- Problema de nascença. Creio. – responde com mistério.
Zélia:
--- Isso foi. Mas teve algo no passado. Não foi a primeira vez que nós éramos noivos. Em outros tempos eu estava correndo para não ser apanhada pelo os homens do Império a caçar as pessoas por estar doentes sofrendo de fomes e pestes. E foi dessa vez que uma lança me acertou o peito, em cima do meu coração. E eu sucumbi de morte. – explicou a divina noiva.
Edgar:
--- E eu? Onde estava? – indagou o noivo amado.
Zélia:
--- Ah. Você estava enfermo. Tuberculose. Já quase morto. O Império o matou sem dó nem piedade. – explicou a jovem amada.
Edgar:
--- Verdade? Eu não sabia desse fato! – estranhou o homem.
Zélia:
--- Eu colhia ervas no quintal da moradia quando surgiram os homens do Império. Então, um deles atirou uma flecha atingindo meu peito. Desde aquele tempo eu procuro me salvar do brutal assassinato. Quanto a você, hoje resolveu parte do nosso problema. O homem que você o enterrou era o mesmo que lhe feriu de morte. – lamentou a virgem.
Edgar:
--- Como? – indagou cheio de dúvidas o doutor.
Zélia:
--- Como eu disse: desde então o seu espirito vaga. E hoje, ele desencarnou e seu espirito continua a vagar. – explicou a púbere bela.
Edgar:
--- E a mulher dele? – indagou o advogado.
Zélia:
--- Ah. Aquela é uma sofredora do destino. Ela está bem. Mas sofre pelo marido. Eles, no passado, estiveram juntos, casados. – respondeu a virgem.
Como um passo de mágica, a virgem donzela desapareceu. Edgar, temeroso com a sua ausência assim de imediato, a procurou de um lado a outro sem a ver por certo. A chuva caía em potes e barris como nunca fora vista. O vento frio sobrou intenso assolando portas e vitrais com o fechar constante. Poucos automóveis se aventuravam passar pela imensa lâmina de água formada no igual local de todos os tempos. O piano do bar do hotel fechou a tampa tão depressa chegando a causar temor em toda gente a passar constante. A luz faltou e veio de imediato em um piscar de olhos. E depois a energia elétrica faltou de vez. Alguém gritou de tanto susto. Garçons corriam em zig zag a lacrar as portas de ferro as quais se projetavam para o exterior por estar então abertas. Os uivos sisudos da ventania eram tudo a sentir. Galhos finos quebrados de árvores se projetavam para o alagado chão. De repente, como pássaros a grasnar, um Bonde saltou dos trilhos em plena avenida tomada pela imensidão das águas. As faíscas elétricas se avolumaram tão de súbito e o fogo tomou conta do misterioso condutor de gente no cruzamento das avenidas ali próximas. De imediato, o advogado correu para dentro do apinhado salão de gente nobre. Por um instante, o doutor Edgar Penteado se lembrou da eterna inerte virgem dos seus sonhos de quase sempre. E clamou:
Edgar.
--- Minha linda noiva tu onde estás?  -  clamou constante com olhar inaudito.  
E as lembranças se desvaneceram por fim. Tudo aquilo que a linda dama conversou era de um apenas passado. Enfim, em coisa alguma o homem jamais podia acreditar. Um vulto sorrateiro passou de imediato ao lado do homem. Ele apenas pressentiu a sua passagem. Ainda se voltou em plena multidão a se agasalhar, porém nada distinguiu.
 Havia falta de luz elétrica há um bom tempo. O Bonde foi açoitado pelas chamas até seu último suspiro. A ação dos bombeiros nenhuma ação pode surtir. A chuva amainou por uns instantes às nove horas da noite. Então, com sua maior pressa o advogado a segurar sua roupa para evitar molhar de toda correu ao desespero para chegar ao hotel onde residia. No interior do casarão, apenas avistou as mulheres a tratar da limpeza do salão do jantar. Em questão de segundos, Edgar Penteado conseguiu a chave e penetrou para o interior do quarto. Nada mais restou a contar.  
Naquela noite, Edgar Penteado teve um sonho de certo modo enigmático. Ele avistava um bêbado caído no chão e uma mulher ao seu lado. Na verdade, no sonho, Edgar os conhecia. E de certo tempo, ele chamou a mulher para lhe dizer:
Edgar:
--- Ele está morto! – dizia o ilustre homem.
A mulher, sorrindo, respondia.
Mulher:
--- Ele está vivinho da silva. Ele gosta de fazer essas proezas. – dizia a mulher se voltando.
Edgar:
--- Não pode! Ele me falou que estava morto! – respondeu atônito o doutor.
Mulher:
--- É o medo de morrer antes do tempo. – falou a mulher.
E Edgar saiu do local indo para uma praia deserta. Era um lugar tristonho onde não quase havia viva alma. Ele indagava a alguém se já estava na hora do banho. A pessoa dizia ser o local preservado para os banhistas de última hora. E Edgar retornou a um local muito alto onde havia apenas areia. Ele então dizia para consigo:
Edgar:
--- Aqui é o deserto. Ninguém sobe. – declarou o homem
E então saiu voando a buscar uma menina de seus 10 anos de idade para poder ir para a sua casa. A menina era a sua filha. A sua mulher falava temerosa:
Mulher:
--- Louco! Por aí é mais distante! É um lugar remoto com pessoas ruins– dizia a mulher com receio.
Nesse ponto o homem acordou suando demais. E procurava saber quem seria a mulher e a menina a aparecer no sonho. Na verdade Brígida era seu nome menina a se tratar no Centro Espírita.
 

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