sábado, 2 de julho de 2011

DESEJO - 67 -

- Alexandra Dahlstorm -
- 67 -

Marta Rocha virou a  cabeça para ver melhor a cara de Armando Viana e notou o rapaz a olhar para uma parede onde não havia nada de se ver ou imaginar. Ela voltou a indagar onde o rapaz estava vendo tal paisagem e ele respondeu:
--- Onde tem a praia! – e sorriu como não queria sorrir.
--- E onde está a praia? – indagou surpresa a jovem moça.
--- Na paisagem! – relatou o rapaz.
E Marta se soergueu de imediato procurando ver também essa misteriosa paisagem. Porém não conseguiu verificar. E respondeu:
---Não estou vendo paisagem alguma. – disse a moça sorrindo e voltando a se deitar ao colo do rapaz.
--- Pois eu estou.  E a praia é verdadeiramente linda. – respondeu o rapaz sorrindo.
Marta voltou a olhar nas paredes sem notar paisagem alguma. Afinal ela falou:
--- Não vejo essa paisagem. Deixa-me dormir. – pronunciou sonolenta a moça.
--- Ela está bem aqui. Sorriu Armando apontando o sexo de Marta.
Então Marta sorriu e respondeu:
--- Deixa a minha praia quieta. Ora mais! – sorriu a jovem e procurou dormir.
E Armando já com um pouco de volúpia respondeu:
--- Eu te peguei. – sorriu a vontade o cavalheiro.
Marta se ajeitou no colo do homem e procurou dormir.
Na manhã seguinte, Marta se levantou e foi ao banheiro. Ela queixava de dor no útero. Talvez tivesse sido algo da refeição, provavelmente. Armando preparou uma dose de medicamento para a moça e disse:
--- Se não passar, vá ao médico. De qualquer forma, vá ao médico. Na Prefeitura tem um instituto que atende aos funcionários do órgão. – expôs o rapaz.
--- Mas vai passar. É de costume essa dor. Vem e passa. A minha mãe disse uma vez ser as dores problema do ovário. Eu não sei. Mas vai passar. – e Marta voltou a ocupar a cama quente e macia com a barriga para baixo fazendo do travesseiro algo de pressão.
--- Você vai sair? – indagou Armando preocupado com a moça.
--- Eu não sei. Talvez eu procure um médico no instituto. – proferiu a moça a pressionar o ventre.
--- Tem pão e outros alimentos. Se você quiser. .... – falou Armando bem preocupado.
Marta se enrolou no lençol e ficou quieta. Armando teria de ir ao Mercado Publico para saber das novidades acontecidas nas últimas horas.
No Mercado estava um movimento como nunca visto. O Governador tinha sumido; a greve dos bancários, eletricitários, pessoal do saneamento, pessoal da saúde, médicos e funcionários da Educação deixavam o Estado em calamidade pública. E o Governador, em um momento como esse, havia desaparecido. Armando já estava sabendo de tudo isso. Agora só queria ouvir o relato contado pela população.
--- Tem um secretário novo. O Governo nomeou um tal de José do Patrocino. – relatou alguém.
--- Quem? – perguntou outro assombrado.
--- É esse, sim. Deu no Jornal. – relatou o homem.
--- É José Pompeu. Eu li o jornal. – fez ver outro.
--- Pois é. Pompeu. Eu confundi o nome. – contou o  homem sorrindo.
--- Secretário de que, heim? – perguntou um rapaz de estava a ouvir.
--- Imprensa. – falou Armando Viana.
--- Ah Bom. É esse mesmo. – disse o homem primeiro que falou.
--- E ele é bom? – indagou outro freguês do café.
--- Nem fede, nem cheira. – argumentou Canindé fotógrafo.
--- Também? Agora nem governo tem. – fez questão em dizer alguém.
--- Ele está no interior fazendo campanha para Senado. – relatou Armando.
--- Quem disse isso? – indagou um cidadão comum.
--- Está na agenda do Partido. – proferiu Armando sem achar grassa.
--- Ah bom. Agora ele tem que correr atrás do prejuízo. – disse mais um comedor de mungunzá
--- Vocês sabem da nova pesquisa de opinião publica? – indagou Armando  olhando os homens com atenção.
--- Deu 48 por cento para o Governador. – vez ver outro comedor de cuscuz.
--- Ora pílulas! – sorriu um beradeiro. 
Marta Rocha este no médico ainda na parte da manhã quando as dores já haviam passados naquele momento. Ela foi por causa de ser prudente fazer um exame completo da situação e não deixa Armando Viana preocupado com a sua situação de mulher. A medicação passada pelo médico era de tal valor o qual Marta não tinha meios para comprar. Nesse caso, ela se valeu novamente de Armando, pedindo a ele comprar tal medicamento, pois no fim do mês estaria Marta a pagar. Com os Bancos do Estado em greve, Armando procurou a sua conta em outra Casa de Crédito, de modo a atender a moça. Ao final da tarde, já pronta para outra, Marta rogou a fineza de Armando em custear o seu jantar e a seguir a jovem seguiria para o seu apartamento, como fez na noite anterior. Armando atendeu ao propósito de Marta e reatou está todo normal. Marta Rocha apenas sorriu:
--- Você é um doce de côco. – respondeu Marta a sorrir.
--- Cuidado com a roupa. – relatou Armando como chamando a atenção de Marta.
Quando foi à noite, Marta Rocha explicou a Armando Viana a sua decisão de sair de casa. Havia gente de mais, entre todos: um ébrio que era o seu irmão. Ela teria de ir a sua casa de quando em quando tão somente apenas a fazer visitas, pois seu pai era paralítico por conta de uma trombose. Quando Marta procurou um trabalho já foi pensando em um meio de sair da sua casa para morar em uma república, pensão ou em qualquer lugar por conta das arruaças feitas por seu irmão e os cunhados. Ao encontrar Armando, ela logo pensou em poder contar com ele. O noivado do rapaz era o atrapalho na vida de Marta. Tais fatos ela mesmo confessou ao seu amigo e chefe Armando Viana.
--- A vida é assim. Nós acreditamos em ter descoberto uma jazida de ouro, quando uma montanha está bem perto de nós. – revelou também Armando ao conversar com Marta.
Chegava o dia da eleição para o Governo do Estado e ao Senado da Republica. As indicações eram de vitória fácil do candidato de oposição, Targino de Alencar, para Governador, e José Balduino, para o Senado da Republica. As propagandas eleitorais já estavam suspensas desde dois dias anteriores. O povo estava dividido, em parte, para o candidato ao Senado. Contudo era conversa ao pé do ouvido funcionando. A eleição teve inicio às oito horas da manhã devendo terminas às cinco horas da tarde. Alguns carros eram flagrados levando eleitores do Governador. Nem por isso o povo deixou de votar como quis. Algumas caravanas de ambos os lados foram flagradas fazendo propaganda de boca de urna. Havia denúncia de ambos os lados sobre o coronelismo empregado pelo Governador no interior do Estado. As equipes de reportagens do Jornal A IMPRENSA estavam presentes em todos os locais. Os diretores do Conselho Executivo mantinham-se calados, porem reunidos para melhor atender as equipes quando essas precisassem de algum apoio. Advogados foram então despachados para todas as cidades do Estado para evitar tumulto. As eleições foram protegidas pelo Exercito Brasileiros e em cada secção havia uma patrulha de prontidão. Os tumultos foram bem poucos na Capital do Estado ao contrario do ocorrido em pequenas comunidades do interior. Aas emissoras de rádio divulgavam com insistência para ninguém permitir a compra de votos. Havia duvida de um percentual divulgado para o candidato da oposição com mais de 53 por cento dos votos. Essa divulgação foi feita dois dias antes das eleições. As equipes do Jornal A IMPRENSA estava com veículos cedidos por conhecidos dos Diretores do Conselho de Jornal. O candidato ao Governo pela situação reclamava horrores do seu outro adversário. E sempre declarava:
--- Vamos esperar o resultado da zona da Mata. – reclamava Gilgamés Morais.
No restante do dia tudo transcorreu sem maiores atropelos, salvo algumas detenções de eleitores no interior do Estado de pessoal promovendo arruaças e badernas. Quando chegou o dia seguinte, apuradas as urnas, chegou-se ao resultado esperado do Candidato ao Governo pela oposição ter sido o mais votado no Estado seguido do candidato ao Senado. O Jornal A IMPRENSA saiu em sua edição especial com o resultado parcial da vitória de Targino Alencar. A alegria foi total para os dois candidatos ao Governo e ao Senado oferecendo uma rapadura para quem quisesse, pois durante as passeatas houve quem dissesse ser ele o candidato da rapadura. E, na redação, o repórter Macrino Sousa era aquele de mais impressão sobre esse resultado.
--- A rapadura venceu! – gritava o repórter Macrino cheio de entusiasmo.
--- Viva a “rapadura”. – gritavam os outros animando a festa.
Marta Rocha era a mais alegre de todas, empolgada com o termo de “rapadura”.
--- Com côco ou sem côco? – perguntava Marta aos seus companheiros..



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