sábado, 2 de julho de 2011

DESEJO - 70 -

- Grace Kelly -
- 70 -

Após algumas semanas Armando Viana foi convidado por Teodomiro Vidigal, pai da falecida Norma Vidigal para conhecer o novo casarão na Vila de Três Bocas que ele consertara apos longo esforço e dedicação. O casarão era a divina glória de Norma, noiva de do rapaz quando era viva. Um convite de Teodomiro era mais que uma ordem. E Armando disse “sim” e se preparou de mala e cuia da ver o casarão recomposto. Um acidente no oceano fez o mar crescer e as ondas e destruir parcialmente a casa grande “Mundo Velho”. O acidente causou a morte de Norma. Era fato. A moça esteve no local, uma praia a beira mar e viu a destruição provocava pelo asteroide caído e o avanço das grandes ondas sobre a terra. Foi assim que Norma conheceu o desastre. Ela sentiu-se magoada de corpo de alma. O “Mundo Velho” era uma herança de seu bisavô o velho Coronel Epaminondas desbravador constante daquelas terras distantes. Homem feito de ferro era esse Coronel. “Três Bocas” foi um nome dado por ele por existir da serra três espaços onde o coronel vigiava toda a área contra os possíveis invasores de terra. Homem duro para quem fosse duro com ele. O casarão foi construído por mãos dos escravos. E o tempo fez o que fez. Um asteroide caído no mar destruiu a casa feita de pedra. Ondas imensas fizeram o serviço. Agora, tudo foi na verdade, recomposto. E entre os convidados se encontrava Armando Viana. Ele e sua protegida, Marta Rocha e o fotógrafo de nome Canindé. Os três e mais Norma, estiveram naquela ocasião de tristeza no desastre do “Mundo Velho”.
Dessa vez, o caso era outro. Tudo o que foi destruído foi devidamente recomposto. Quando Armando, Marta e Canindé chegaram ao município de Acauã já encontraram o clima de festa em toda a cidade. E então, Armando tomou o destino da vila, por um caminho feito de pedra, como não era no tempo da destruição e chegou ao vilarejo onde já estavam vários carros dos amigos de Teodomiro e sua gente. Ao entrar no casarão Armando, Marta e Canindé sentiram já um clima de festa. Teodomiro de imediato veio receber na porta de entrada o seu amigo e cumprimentar quem mais estivesse com ele. Armando notou a presença de Dona Maria Helena, alegre e cheia de graça como nunca a vira assim, e das outras filhas de dona Helena. Estavam ali enturmados todos os presentes e demais convidados, como o senhor Mateus Coimbra presidente de Jornal A IMPRENSA. Para alegria de Armando, o jovem notou presente a moça Ângela, cuidando dos aperitivos para os convidados.
--- Você aqui? Chega um abraço! – disse Armando a Ângela abraçando fortemente.
E em seguida apresentou a Ângela a sua protegida, Mart Rocha e o fotógrafo Canindé.
--- Como estão vocês? –sorriu a mocinha um tanto acanhada.
--- Eu já conhecia você. – sorriu Marta ao agradecer o abraço fraternal.
--- É verdade. Dias inglórios aqueles. – relatou a mocinha.
--- Vamos conhecer a nova casa! – recomendou o velho Teodomiro.
E Armando a sorrir foi ver de perto tudo o que foi refeito. Havia algo novo: uma geladeira.
--- Essa não existia no velho tempo! – sorriu Armando ao ver de perto a geladeira.
--- É verdade. Essa eu comprei agora, após a reforma. Mas a velha está ainda em ordem. – teceu Teodomiro a sorrir.
Quando era o meio dia Teodomiro Vidigal chamou todos os presentes para uma cerimonia especial. Ele suando, falou de improviso dizendo não ter palavras para descrever aquela emoção. Porém, com todo o esforço faria presente aquilo do seu coração.
--- Aqui está quem me deu forçar para refazer este velho sonho. E com ele eu descerro o seu retrato posto nessa parede e vai viver para sempre, assim viveu o meu avô, criador de todo esse império. Eis aqui a presença viva de:
E descerrou a cortina de onde estava um belo retrato feito a óleo pela mão de um artista de renome.
--- Norma Vidigal! – disse Teodomiro chorando de emoção e saudades.
Ao ver aquele óleo, Armando Viana não se conteve e começou a chorar de plena comoção. O retrato pintado a óleo era tão fiel a sua melhor companheira que só faltava falar.  E entre ele, outras pessoas choraram de emoção. Era ela Maria Helena, a mãe de Norma e as suas irmãs bem como os maridos das duas irmãs de Norma. Entre pessoas amigas e queridas tinha-se Armando Viana. Passado o clamor pela ausência da pranteada amiga e querida filha, veio o almoço onde foi oferecido frutos do mar como principal refeição. Após o lauto comer, os convidados foram chamados para repousar um pouco. No salão de entrada viam-se pessoas a admirar com mais vagar o retrato de Norma Vidigal.
--- É incrível. Ela era tão encantadora. – dizia uma visitante cheia de ternura.
--- E eu digo: um pintor dessa classe, nem Da Vinci competiria. – fomentava outro.
--- Renoir, Delacroix, Cézzanne e tantos outros. – reforçou um nobre.
Era tarde e Armando Viana saiu vagando pelas ruas da vila em companhia de Marta e Canindé. Eles viram os estragos causados ainda pelo asteroide caído nas águas do oceano ocupando extensa região costeira. Depois de muito percorrer os cemitérios das casas, eles pararam no sopé da serra. Armando ficou a contemplar a serra sem falar coisa alguma. Marta Rocha sem entender o porquê de tanta demora findou por indagar:
--- Que estás a meditar nesse local? – perguntou Marta pensativa no alheamento do rapaz.
--- Nada. É que, naquela serra tem um segredo. E eu não posso nunca subir. – falou Armando com atenção a serra.
--- É doente da perna? – indagou a moça.
--- Eu? Não! Antes fosse. Mas me recomendaram a não subir essa serra. – relatou o rapaz meio confuso.
--- Foi a sua noiva? – quis saber Marta.
--- Também não foi Norma. Foi algo bem mais poderoso! – refletiu Armando ao dizer tal fato.
--- E você não pode dizer quem foi? – pesquisou de novo a esperta moça.
--- Bem. Foi um homem. Só isso eu posso dizer. – relatou Armando e calou.
À noite, em seu apartamento, ao dormir, Armando Viana teve um estranho sonho. Ele viu Norma em um local não preciso e, então, Armando, assustado, perguntou:
--- Que estás fazendo aqui? – indagou Armando a Norma.
--- Vim ver você. – sorriu Norma ao se aproximar de Armando.
--- Eu sabia ser mentira o que me disseram. – relatou com alegria Armando.
--- É. Eu estou viva. O que você acha? -  disse Norma sorrindo.
--- Eu sabia. Eu sabia. Tudo foi mentira dos outros. – argumentou Armando ao se aproximar mais ainda de Norma.
--- Escute. Por que você não se casa com Marta? – perguntou Norma.
--- Por que você pergunta isso? – quis saber Armando.
--- Eu sei que vocês se amam. – sorriu Norma quase a atracar Armando.
--- Não. Isso não. Isso não. – e ele acordou com susto dizendo essas palavras.
Marta estava dormindo junto a ele, na mesma cama. Armando se virou para verse a moça tinha acordado. Mas tudo estava tranquilo. Apenas o seu coração batia forte. Ele se levantou e foi beber um copo de água.
Passaram-se os meses. Marta casou com Armando. Vez por outra ele voltava a sonhar conturbado com Norma. Em desses sonhos, Norma apenas dizia:
--- Estou chegando. – sorria ela e desaparecia por entre matos.
Certa manhã, com desespero e angustia, Armando ia e voltava pelo saguão da maternidade. Ele torcia as mãos como ninguém. Esperava a enfermeira ou o médico. Sempre olhava o relógio em seu pulso e perguntava às horas a atendente da Maternidade. Sentava-se e depois se levantava do banco de madeira tosca. Enfim, a pressa demais, ele saia para a entrada da maternidade. Em determinado instante a enfermeira falou de mansinho para ele.
--- Sua filha nasceu. O senhor já pode subir. – sorriu a enfermeira.
--- Nasceu? Nasceu? Nasceu? – fez o homem perguntado varias vezes.
E ele correu para o elevador para ver a sua filha. Quando o elevador parou ele saiu na carreira sem saber em sala entrasse. A enfermeira foi quem disse:
--- É nesse apartamento. Pode entrar. – disse a enfermeira sorrindo.
E Armando a perguntar surpreso:
--- Posso entrar? Posso entrar? Posso entrar? – falou baixinho o homem.
A mulher, Marta Rocha, já estava dando de mamar a pequena. AA enfermeira achou graça e ainda perguntou:
--- A menina é sadia. Qual o nome escolhido? – perguntou a enfermeira sorridente.
--- Norma! – respondeu a mulher, Marta Rocha.



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