domingo, 31 de julho de 2011

VENUS ESCARLATE - 16 -

- HAZEL BROOKS -
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Logo em seguida os três companheiros de passeio – Glauco, Racilva e Walquiria – seguiram para as terras de Glauco onde encontraram perto de um riacho a casinha de um morador daquelas regiões. A tapera abrigava o senhor José Miúdo e a família. A mulher, dona Rosa estava em casa, porém no fogão de lenha. Glauco bateu palmas e José Miúdo surgiu depressa com seu acordeom pendurado no ombro e loque que viu, chamou a mulher, Rosa, para ver quem estava ali fora. Glauco sorriu e disse a ele que sua mulher devia estar ocupada àquela hora no preparo do almoço.
--- Que nada. Ela já vem do fogão. – respondeu José Miúdo a sorrir.
--- Com vai Ceiça? – indagou Glauco da filha do casal cujo nome era Conceição, ou melhor, Maria Conceição.
--- Tá com a pança por acola! – respondeu o homem a sorrir.
--- Eu sei. Ela estava na casa grande, ontem. Hoje deve estar. Eu saí cedo para outras funções e ao a vi. – relatou Glauco sorrindo.
--- Bom dia compadre. Como vai o senhor? – disse dona Rosa quando essa chegou às pressas de dentro da tapera.
--- Como Deus quer. ´- respondeu Glauco a mulher sempre sorrindo.
--- E essa moça é a noiva? – indagou dona Rosa escorada com o ombro na porta da tapera e uma das pernas encruzadas na outra.
--- É ela. Nós estamos passeando. Eu, a noiva de a sobrinha. Você se lembra de Walquiria? – perguntou Glauco a dona Rosa.
--- Ora se me lembro. A capeta da casa. – sorriu a mulher ao responder a pergunta.
--- Pois é. Tá um mulherão essa danada. – respondeu Glauco enquanto Walquiria sorria e cumprimentava dona Rosa. Racilva também cumprimentou a mulher.
E Glauco então falou sobre Otacílio, genro de José Miúdo. E quem respondeu foi dona Rosa.
--- Tá bêbado. É só o que ele pensa na vida. – disse dona Roda cuspindo ao lado.
--- Tá certo. Mas compadre por que não vai hoje para a festa? – perguntou Glauco a Miúdo
--- Eu fui ontem e sexta. Levei minha sanfona. Vi o seu carro. Agora, hoje tive que despachar dois rapazes para pegar um touro que alguém viu lá nos confins desse mundo. É um barbatão legitimo. Nunca viu ninguém na vida. Parece que tem umas vaquinhas com ele. Mas é longe, nas grutas da serra. Eu digo que é do senhor. – relatou Miúdo em pé na cerca.
--- É nosso. Tudo que é meu, ele é seu também. – respondeu Glauco a sorrir.
--- Olhe que o senhor tem pra mais de vinte mil cabeças. Eu tenho um pouquinho. – respondeu Miúdo ao compadre Glauco.
--- E tem tudo isso? – perguntou Glauco admirado da conta.
--- Homem, eu digo isso por que semana passada eu contei duas horas de cabeças passando pela porteira. E duas horas dá pra mais do que vinte mil. – disse isso Miúdo.
--- É. O negocio é vender antes que venha o verão brabo. – descreveu Glauco coçando a própria cabeça.
--- Tem um fazendeiro daqui que botou dinheiro nas cabeças. Mas eu acho que ele é um enrolam. – comentou Miúdo.
--- Eu prefiro fazer negocio com meu irmão, pai de Walquiria. -  resolveu Glauco.
--- É melhor. Fica tudo em família. Por que preço? – perguntou José Miúdo.
--- Vou pensar. Depois eu volto aqui. Certo? Lembrança a Otacílio. - reportou Glauco
Nesse ponto Walquiria e Racilva se apearam de suas montarias e foram para dentro da tapera jogar conversa fora com dona Rosa. A mulher teve a honra de conhecer Racilva e a cumprimento por a moça ter escolhido um grande homem, apesar da sua simplicidade e conversar como ninguém com a gente do campo. Rosa informou ter conhecimento de há muito com Glauco, quando ele era apenas um frangote, solteiro e pegador de touro brabo. Ela era também mocinha e tinha um “q” para o lado de José Miúdo, tocador de sanfona. E foi com José Miúdo com quem Rosa veio a se casar tempos depois. Eles estavam morando naquela hora na tapera por motivo de Miúdo ter mandado pegar um touro barbatão nas encostas do morro muito longe da casa onde Rosa e Miúdo estavam a morar, próximo da cidade. E Walquiria conversou mais um pouco tendo ao seu lado a amiga Racilva somente a ouvir e sorrir das peripécias da moça quando menina.
--- Não me esqueço do sabugo de milho que usei quando fui defecar (ela disse mesmo: cagar) no mato. --- respondeu Walquiria e quase morrer de sorrir.
E Rosa também achou demais da estória do sabugo e disse por que ela não se limpou com folha de carrapateira! A moça disse ter no instante um sabugo de milho. E voltou a sorrir, quase a desmaiar.
--- Passei o sabugo no fundo e pronto!. – gargalhou Walquiria sem parar.
Nesse momento Glauco gritou para as moças mesmo estando despreocupado.
--- Vamos embora gente. Depois nós voltamos para conversar melhor!! – sorriu Glauco ao chamar a sua sobrinha e a Racilva.
O chamado foi quase uma ordem e as moças correram para as suas montarias. Racilva, ainda meio sem jeito, não soube ainda subir na sela do cavalo. Walquiria foi quem a ajudou.
--- Levanta preguiçosa! – sorriu contente com o modo de Racilva montar na sela. Por isso mesmo teve que dizer.
--- Eu vi tudo! – articulou Walquiria a sorrir franco.
--- Mentira. Deixa de assanhamento! – respondeu Racilva a olhar suas pernas e a calcinha.
--- Ora se não! Até o buraco da calcinha! Veja se não tem! Não tem Rosa? – perguntou à moça aos gritos  a mulher de Miúdo.
--- Sei lá. Vocês são quem sabe por onde andaram! – sorriu Rosa de Miúdo com um dedo na boca tapando o sorriso.
Então, os três cavaleiros iniciaram viagem de volta percorrendo a margem do rio do Pião. Era um rio imenso apesar de estar o verão por chegar. Uns garotos a tomar banho, em estado natural – eles estavam nus -  enquanto outros meninotes e rapazolas a pescar na margem do ribeirão. Um deles pegou um peixe e olhou para os viandantes. Com isso, ele mostrou o peixe estirando o braço para cima a aduzir o tamanho do pescado.
--- É um Curimbatá. O rapaz está oferecendo o peixe a você, Racilva. – disse Walquiria a sua companheira.
--- E o que eu faço? – perguntou a moça amedrontada.
--- Vá lá pegar sinhá besta. – arguiu Walquiria.
Nesse momento, Glauco puxou da espingarda e fez mira em um bando de marrecos que passavam voando disparado em um e matando dois. A moça Racilva, já estando à beira d’água tomou um susto e perguntou com um bruto medo.
--- Que é isso? – perguntou Racilva completamente amedrontada.
--- Um presente. Você recebe um e dá outro ao rapaz! – sorriu Glauco entregando o marreco ao rapaz.
Com isso o rapaz pescador sorriu sem modos e agradeceu pelo presente dos marrecos.
--- Obrigado doutor. Nem precisava disso. – agradeceu o rapaz do pescado.
--- Precisava sim. Você dá um pescado e recebe uma caça. – sorriu e fechado a cara o homem
E assim terminou a manhã para aquele grupo de aventureiros, onde Racilva pode conhecer de perto mais algumas terras do meio do sertão,  pertencentes a Glauco Rodrigues entre outras pertencentes aos seus irmãos. Um tanto cansada da viagem longa ela resolveu tomar banho de cuia para se refrescar. A moça Walquiria foi para o seu quarto mudar de roupa. E Glauco ficou sentado na varanda a conversar com seu irmão. Foi assim a manhã daquele domingo onde o céu aparentava ser de estiagem. E na conversa Glauco indagou do seu irmão:
--- Quanto vale o meu rebanho? – indagou Glauco a Marcos.
--- Sei lá. Você é quem sabe! – respondeu Marcos.
--- Junta com o teu para nós fazemos negocio na cidade. – relatou Glauco.
--- Pois tá certo! – falou Marcos.

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