quinta-feira, 28 de julho de 2011

VENUS ESCARLATE - 13 -

- AMIGA -
- 13 -

A amiga de Racilva perguntou então se ela estava acordada há algum tempo e Racilva disse não. Tinha acordado naquela hora e não fazia barulho para não despertar as demais moças do quarto de dormir. Walquiria se espreguiçou por completo e disse estar com vontade de ir ao sanitário, aproveitando as outras estarem a dormir. Racilva concordou e respondeu também estar com vontade de ir ao sanitário. O certo é que as duas amigas acomodadas em beliches em torno do quarto, cerca de dez se levantaram de mansinho, agasalhado os pés com suas chinelas, vestindo um chambre feito de morim dado na noite passada pela arrumadeira a mando de dona Nair. As duas se levantaram, uma ao lado da outra, e não fizeram barulho para não acordar as outras moças. No corredor da casa, Racilva viu o seu agasalho ser da mesma fazenda da sua amiga.
--- Somos iguais na roupa, - aventou Racilva a sorrir baixinho.
--- A minha é quem faz esses motivos. São de rica simbologia as peças. – relatou a moça.
--- E eu pensava que pelo nome era um trapo qualquer. – falou Racilva a sorrir baixinho.
Logo as duas entraram na sala de gabinetes sanitários e cada qual rumou para o seu local. Ouviu-se um protesto. Era Walquiria.
--- Bosta. Defecaram no bidé! Fela da puta. – relatou sem medo Walquiria.
---E no meu está todo vomitado. – alertou Racilva.
Depois de alguns asseios e peidos para que te quero as duas moças saíram afogueadas com o mau cheiro exalante dos sanitários. E reclamavam a todo vapor.
--- Isso é uma nojeira. – falou Walquiria toda agoniada com a catinga exalante.
Quando elas saiam vez que entrava outra moça, vexada para urinar também, encurvada para frente como se tivesse tremendo de frio.
--- Pera! Pera! Deixa-me passar! Estou me urinando toda! – falou a moça a entrar na sala.
No caminho para o quarto, Racilva aventou dizer de uma mulher. Ela passara por essa mulher no corredor do casarão e a mulher era toda a da foto. Adélia Agar.
--- É uma irmã. Ela é doida para casar com tio Glauco. Mas o tio não dá nem pra cheirar. – respondeu Walquiria com um pouco de frio e encurvado para frente.
--- Ah é? Irmã? Como é seu nome? – indagou por vez Racilva atormentada com a rival.
--- Odete. Odete Agar. Nunca casou. E nem quer. Diz ela que seu amor está incubado. – relatou Walquiria sorrindo.
--- Não. Isso é mentira! – argumentou sorrindo Racilva.
--- Verdade. Não estou dizendo! – fez ver Walquiria sorrindo.
--- Não acredito. Um amor enrustido? Que mulher! – proferiu Racilva a qualquer preço.
--- Meu tio teve umas arranhadas com uma prima dela. Zélia. Parece. A gente a chama de “Pecado”. – sorriu Walquiria ao entrar no quarto onde estão para dormir.
Racilva então tapou a boca para não soltar uma bruta gargalhada. E depois de alguns minutos a moça disse a sorrir.
--- PECADO? – indagou Racilva a Walquiria de olhos firmes.
--- É. Pecado. Mas vou trocar de roupa. Lá fora a gente não corre o risco de ser mortalmente ferida com as bufas dessas daí. – e apontou as que ainda estavam a dormir.
--- Você estuda? – perguntou Racilva querendo saber de mais casos.
--- Terminei História. Penso em continuar os meus estudos no Rio. – falou Walquiria colocando a roupa de sair.
--- Que pena. O tempo vai interromper uma amizade começada ontem. - relatou Racilva.
--- É assim. Mas depois a gente se vê. Não tem pressa. Talvez, quem sabe, você se case com o meu tio. Vá de cabeça. Pegue a água pelo rabo. Ele está só e sem compromissos. – recitou Walquiria baixinho e acabado de se vestir.
--- Ser lá. Eu nem sei se goste dele ou ere de mim. Bem! Pra frente é que se anda. – contou Racilva estando a vestir as suas roupas, E falando como quem almejava de fato namorar o homem.
Nesse ponto Walquiria emudeceu por completo. Apenas olhava a sua amiga com ar de quem não acreditava de Racilva não gostar do seu tio, Glauco. Apenas a olhava profundamente, talvez com justo infortúnio tão significativo em um embate de emoções de Racilva em não saber se ainda não gostava de Glauco. O pensamento de Walquiria voou longe e apesar do silencio ela indagou da amiga se tinha coragem de dar um pontapé nos fundilhos de Glauco.
---Quem? Eu? Estás louca? Nunca! – respondeu Racilva com bastante perplexidade.
--- Pois eu tenho! Queres ver? – indagou Walquiria e saiu do lugar apressada.
A moça chegou por trás de Glauco e assentou-lhe o pé nos fundilhos do tio. O homem se virou para ver que tinha coragem de dar aquele pontapé. E quando a figura de Walquiria abriu um largo sorriso e lhe perguntou depressa.
--- O que é menina? O que foi que eu fiz? – sorriu Glauco esfregando as nádegas.
--- O que foi? Pois vá ver sua mulher agora. Chato! – respondeu Walquiria com bastante ira e pronta para dar mais pontapés.
E Glauco não sabendo de nada e andando porque Walquiria lhe empurrava com toda força para frente alegando ter motivos suficientes para tal. O homem não parava de sorrir passando entre outras pessoas admiradas com a ação de empurrar da moça. O pai de Walquiria, o belo homem não excitava também em sorrir e dizer.
--- Só quero ver em que vai dar essa confusão. Essa Walquiria!. ... – e gargalhou à vontade o seu pai, Marcos Rodrigues, rico criador de zebu nelore de toda aquela redondeza.
E a moça Walquiria se acercou de Racilva empurrando o tio perante os que estavam presentes e chegando, relatou de vez:
--- Pronto! Não quero mais choro nem tem nem iene. Abraça tua futura esposa seu bobo. Não está vendo o que fizeste? Agora tudo está completo! – e deu meia volta sumindo na porta do casarão.
E Glauco sem saber o que estava sucedendo indagou apressado:
--- O que diabos ela fez com você? – perguntou Glauco a virgem moça Racilva.
--- Nada. É loucura dela. – se aquietou nos braços de Glauco como quis colocar Walquiria.
O homem, ainda aflito e inquieto também indagou com pressa e alarmado à jovem moça com quem ficara abraçado sem querer sob o ímpeto da ação de Walquiria. Ele ainda olhou em volta e viu quando a moça Walquiria, arrebitada cruzando a porta do casarão.
--- Mas o que ela quer? – fomentou em saber Glauco a Racilva.
E olhou os olhos marejados de Racilva pedindo um pouquinho de amor tão somente. Então Glauco se compadeceu de Racilva e entendeu o porquê de tanta emoção presente naquele instante nas horas estranha da manhã. Ele então a protegeu com suavidade e continuou a sua marcha para dentro do casarão acolhendo a bela namorada com bastante brandura. Ao passarem pela porta do quarto onde Racilva, Walquiria, Renata e outras tantas ninfas estavam a dormir, ele viu quando a porta de leve se abriu e por uma brecha pequena uma voz de dentro articulou sorridente:
--- Assim é que eu gosto. – fechou a porta em seguida a gargalhar.
Racilva entendeu ser aquela a ocasião de devotar o seu amor profundo a quem tanto amor não era mais possível de ter jamais. Ela se abraço pela cintura de Glauco e caminhou para o lado da cozinha do casaram. Enquanto isso, Marcos Rodrigues vinha correndo mais outros irmãos a entoar cantigas de roda. Com venturosa emoção Glauco rodou o pescoço e começou a sorrir para os outros seus irmãos.
--- Seus bestas! Não viram um homem ainda apaixonado? – disse feliz o homem Glauco.
E da porta do seu quarto, apareceu o senhor coronel Fabriciano a indagar surpreso:
--- O que é isso gente? Um casório? – fez a pergunta o coronel.
Por trás do coronel estava a sua esposa Maria do Rosário a resmungar.
--- Deixa os meninos seu besta! Não estas vendo que é um noivado! – falou baixinho Maria do Rosário e se agasalhou na rede de dormir.

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