quinta-feira, 4 de julho de 2013

"DEUS" - 01 -

- Deanna Durbin -
- 01 -
O TEMPO
No majestoso local se erguia o admirável Mosteiro de São Simplício no cimo de um monte distante de qualquer civilização e de onde quem fosse naquela paragem podia avistar ao longe as serras distantes cobertas por nuvens em plena manhã de sol. O Mosteiro foi edificado no século XVIII, ano de 1700 e durante cem anos ou mais pelos os monges beneditinos a medida ao qual foram se acercando. Esse Mosteiro era o mais belo existente em toda a região. Apesar de simples, guardava as mais sagradas relíquias e escrituras de tempos remotos.  Apesar de ser o Monastério, alí existia algo brilhante como em nenhuma parte do país: o Observatório da Serra onde o seu principal mentor em pesquisas cientificas passava dia e noite a mergulhar na sombria e distante tarefa de descobrir os enigmáticos seres do universo. Seu nome: Ambrósio de Escócia, monge desde tempos remotos e doutor formado em astronomia. O Monge De Escócia trabalhava com o amparo de o seu devotado tutelar, o jovem noviço Euclides de Astúrias ainda no inicio de seu aprendizado. Logo cedo do dia, após os preceitos habituais do Mosteiro, estavam o monge e o noviço a vasculhar o espaço, mesmo tendo o sol para jogar seus raios sobre os espelhos do telescópio. A sua modernidade em alcance oferecia mais de quatro metros de diâmetro podendo capitar a luz visível e os raios infravermelhos. A sua altura era de quase três mil metros acima do nível do mar. Notadamente, enquanto o Monge procurava uma estrela mais distante o noviço anotava tudo quanto precisava no seu afazer diário ou noturno.  Esse era o teor de todas as horas, todos os dias, todas as eras. Em continência com esse observatório estava então o outro: Observatório do Vaticano, instituto de pesquisa astronômico, um dos mais antigos do mundo. O Observatório do Vaticano foi fundado pelo Papa Gregório XIII, no ano de 1572, por recomendação do Concilio de Trento. Como o Observatório do Vaticano, o segundo, o do Mosteiro de São Simplício abrigava uma majestosa biblioteca com mais de vinte mil títulos entre obras antigas e raras além de possuir coleção fantástica de meteoritos. Em meio de tantos documentos antigos e nobres estava um velho e misterioso ementário a discorrer sobre o polêmico Santo Graal. Certa vez, o noviço indagou a seu mestre o que seria esse emblemático documento. O Monge não deu a maior importância. Apenas recitou.
De Escócia:
--- É um documento alemão datado da descoberta do túmulo de um príncipe celta. – falou o monge com sua voz pesada  a observar o infinito pelo telescópio.
De Astúrias:
--- Celta? E faz tempo? – indagou o noviço com a cara empalidecida.
De Escócia:
--- Um pouco. Coisa de dois mil e quinhentos anos. – reportou o monge a olhar o firmamento.
De Astúrias:
--- Quanto senhor? – indagou exaltado o noviço.
De Escócia:
--- Ou mais de dois mil e quinhentos anos. E também foi encontrado um valioso vaso de bronze. Oferenda mortuária. – relatou o monge com a sua vez grave.
De Astúrias:
--- Celtas! Eles eram alemães? - - indagou perplexo o noviço.
De Escócia:
--- Não. Eles chegaram à Europa pelo leste. Eles fizeram viagem para o oeste através da bacia do rio Danúbio, os Alpes e pelas montanhas da Europa Central. Eles levaram suas culturas, seus rituais e suas tradições. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- E o que mais? – indagou sem saber o tudo.
De Escócia:
---  Eles levaram seus cavalos para Europa procedentes da Ásia.  E também o ferro em substituição ao bronze.
De Astúrias:
--- E por que se enterrar um morto com seus pertences? – indagou melancólico.
De Escócia:
--- Tradição, simplesmente. Presentes para os deuses. Eles acreditavam que a vida após a morte, onde as almas sobreviviam nada lhes faltaria.
De Astúrias:
--- E não atiravam coisas mais? – perguntou o noviço.
De Escócia:
--- Joias, espadas, as oferendas mais importantes. – cientificou o monge.
De Astúrias:
--- Ah! Entendo. A Espada Longa Celta! – confessou o noviço..
De Escócia:
--- Exato. E até os romanos ficaram desconfiados com essas lâminas muito afiadas.  – explicou.
De Astúrias:
--- E por que meu mestre os romanos ficaram desconfiados? – indagou o jovem noviço.
De Escócia:
--- Os romanos usavam espadas curtas durante os combates. A espada celta era longa e muito eficaz para estocada e mantinha o guerreiro a distancia. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- Ah! Entendi. – falou o noviço.
E adiante o astrônomo beneditino explicou que no Museu Central Germânico, em Main, encontrada no túmulo celta foi devidamente examinada. A lâmina da espada estava torta. Ela foi intencionalmente entortada durante o funeral para expressar sua inutilidade.
De Escócia:
--- Foi com uma espada celta longa que surgiu o mito de Excalibur, arma invencível com poderes mágicos. – explicou o monge.
Poderes mágicos também podem ser atribuídos a recipientes. Numa época muitas vezes as pessoas encaravam a fome e a espada tinha um caráter especial, pois sempre estava recheada de comida. Tigelas, jarros e caldeirões eram todos considerados recipientes mágicos. Caldeirão era estimado com mágico na antiga mitologia celta. E a história da busca foi transportada para a Idade Média e o recipiente foi considerado cristão, apesar de sua busca antiga ser pagã. De acordo com a tradição celta o lendário Rei Arthur partiu para uma viagem misteriosa para encontrar o Caldeirão Mágico. Sua jornada perigosa começou num lago  que o levava para o outro mundo: o rio dos Mortos que acreditava-se está localizado no centro da Terra, aclarou o monge ao seu discípulo.
De Astúrias:
--- Incrível, meu mestre! – relatou de olhos bem abertos o noviço.
De Escócia:
--- A entrada de Arthur foi negada por um deus. Mas através de sua astúcia. Mas através de sua astúcia e coragem ele conseguiu passar por fantasmas e demônios. E ele não só derrotou as forças do outro mundo, mas também conseguiu resgatar o recipiente mágico alcançando ser o Senhor da Vida e da Morte. – fez ver o augusto astrônomo. 
Com essas explicações o noviço já tremia de pavor vendo a todo instante a figura do Rei. No ambiente fechado como a cúpula de um Observatório Astronômico tudo era silencio e o rebuscar de algo já fazia tremor aos mais experimentados viventes os quais por ali estivessem. Apesar de ser dia claro, o noviço Euclides de Astúrias temia em saber da história do enigma do Santo Graal. O vento frio das estepes sacudia forte a folha das árvores plantadas do lado de fora do gigante Observatório.

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