- Deanna Durbin -
- 01 -
O TEMPO
No majestoso local se erguia o
admirável Mosteiro de São Simplício no cimo de um monte distante de qualquer
civilização e de onde quem fosse naquela paragem podia avistar ao longe as
serras distantes cobertas por nuvens em plena manhã de sol. O Mosteiro foi
edificado no século XVIII, ano de 1700 e durante cem anos ou mais pelos os
monges beneditinos a medida ao qual foram se acercando. Esse Mosteiro era o
mais belo existente em toda a região. Apesar de simples, guardava as mais
sagradas relíquias e escrituras de tempos remotos. Apesar de ser o Monastério, alí existia algo
brilhante como em nenhuma parte do país: o Observatório da Serra onde o seu
principal mentor em pesquisas cientificas passava dia e noite a mergulhar na
sombria e distante tarefa de descobrir os enigmáticos seres do universo. Seu
nome: Ambrósio de Escócia, monge desde tempos remotos e doutor formado em
astronomia. O Monge De Escócia trabalhava com o amparo de o seu devotado
tutelar, o jovem noviço Euclides de Astúrias ainda no inicio de seu
aprendizado. Logo cedo do dia, após os preceitos habituais do Mosteiro, estavam
o monge e o noviço a vasculhar o espaço, mesmo tendo o sol para jogar seus
raios sobre os espelhos do telescópio. A sua modernidade em alcance oferecia
mais de quatro metros de diâmetro podendo capitar a luz visível e os raios
infravermelhos. A sua altura era de quase três mil metros acima do nível do
mar. Notadamente, enquanto o Monge procurava uma estrela mais distante o noviço
anotava tudo quanto precisava no seu afazer diário ou noturno. Esse era o teor de todas as horas, todos os
dias, todas as eras. Em continência com esse observatório estava então o outro:
Observatório do Vaticano, instituto de pesquisa astronômico, um dos mais antigos
do mundo. O Observatório do Vaticano foi fundado pelo Papa Gregório XIII, no
ano de 1572, por recomendação do Concilio de Trento. Como o Observatório do
Vaticano, o segundo, o do Mosteiro de São Simplício abrigava uma majestosa
biblioteca com mais de vinte mil títulos entre obras antigas e raras além de
possuir coleção fantástica de meteoritos. Em meio de tantos documentos antigos
e nobres estava um velho e misterioso ementário a discorrer sobre o polêmico
Santo Graal. Certa vez, o noviço indagou a seu mestre o que seria esse emblemático
documento. O Monge não deu a maior importância. Apenas recitou.
De Escócia:
--- É um documento alemão datado
da descoberta do túmulo de um príncipe celta. – falou o monge com sua voz pesada a observar o infinito pelo telescópio.
De Astúrias:
--- Celta? E faz tempo? – indagou
o noviço com a cara empalidecida.
De Escócia:
--- Um pouco. Coisa de dois mil e
quinhentos anos. – reportou o monge a olhar o firmamento.
De Astúrias:
--- Quanto senhor? – indagou
exaltado o noviço.
De Escócia:
--- Ou mais de dois mil e
quinhentos anos. E também foi encontrado um valioso vaso de bronze. Oferenda
mortuária. – relatou o monge com a sua vez grave.
De Astúrias:
--- Celtas! Eles eram alemães? -
- indagou perplexo o noviço.
De Escócia:
--- Não. Eles chegaram à Europa
pelo leste. Eles fizeram viagem para o oeste através da bacia do rio Danúbio,
os Alpes e pelas montanhas da Europa Central. Eles levaram suas culturas, seus
rituais e suas tradições. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- E o que mais? – indagou sem
saber o tudo.
De Escócia:
--- Eles levaram seus cavalos para Europa
procedentes da Ásia. E também o ferro em
substituição ao bronze.
De Astúrias:
--- E por que se enterrar um
morto com seus pertences? – indagou melancólico.
De Escócia:
--- Tradição, simplesmente.
Presentes para os deuses. Eles acreditavam que a vida após a morte, onde as
almas sobreviviam nada lhes faltaria.
De Astúrias:
--- E não atiravam coisas mais? –
perguntou o noviço.
De Escócia:
--- Joias, espadas, as oferendas
mais importantes. – cientificou o monge.
De Astúrias:
--- Ah! Entendo. A Espada Longa
Celta! – confessou o noviço..
De Escócia:
--- Exato. E até os romanos
ficaram desconfiados com essas lâminas muito afiadas. – explicou.
De Astúrias:
--- E por que meu mestre os
romanos ficaram desconfiados? – indagou o jovem noviço.
De Escócia:
--- Os romanos usavam espadas
curtas durante os combates. A espada celta era longa e muito eficaz para
estocada e mantinha o guerreiro a distancia. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- Ah! Entendi. – falou o
noviço.
E adiante o astrônomo beneditino
explicou que no Museu Central Germânico, em Main, encontrada no túmulo celta
foi devidamente examinada. A lâmina da espada estava torta. Ela foi
intencionalmente entortada durante o funeral para expressar sua inutilidade.
De Escócia:
--- Foi com uma espada celta
longa que surgiu o mito de Excalibur, arma invencível com poderes mágicos. –
explicou o monge.
Poderes mágicos também podem ser
atribuídos a recipientes. Numa época muitas vezes as pessoas encaravam a fome e
a espada tinha um caráter especial, pois sempre estava recheada de comida.
Tigelas, jarros e caldeirões eram todos considerados recipientes mágicos.
Caldeirão era estimado com mágico na antiga mitologia celta. E a história da
busca foi transportada para a Idade Média e o recipiente foi considerado
cristão, apesar de sua busca antiga ser pagã. De acordo com a tradição celta o
lendário Rei Arthur partiu para uma viagem misteriosa para encontrar o
Caldeirão Mágico. Sua jornada perigosa começou num lago que o levava para o outro mundo: o rio dos
Mortos que acreditava-se está localizado no centro da Terra, aclarou o monge ao
seu discípulo.
De Astúrias:
--- Incrível, meu mestre! – relatou
de olhos bem abertos o noviço.
De Escócia:
--- A entrada de Arthur foi
negada por um deus. Mas através de sua astúcia. Mas através de sua astúcia e
coragem ele conseguiu passar por fantasmas e demônios. E ele não só derrotou as
forças do outro mundo, mas também conseguiu resgatar o recipiente mágico alcançando
ser o Senhor da Vida e da Morte. – fez ver o augusto astrônomo.
Com essas explicações o noviço já
tremia de pavor vendo a todo instante a figura do Rei. No ambiente fechado como
a cúpula de um Observatório Astronômico tudo era silencio e o rebuscar de algo
já fazia tremor aos mais experimentados viventes os quais por ali estivessem. Apesar
de ser dia claro, o noviço Euclides de Astúrias temia em saber da história do
enigma do Santo Graal. O vento frio das estepes sacudia forte a folha das
árvores plantadas do lado de fora do gigante Observatório.
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