domingo, 14 de julho de 2013

"DEUS" - 09 -

- A TERRA -
- 09 -
NAG HAMMADI
Dias depois o noviço estava à procura de textos antigos do cristianismo primitivo. A buscar entre uma coisa e outra ele teve a oportunidade de ver algo de forma da mais primitiva, muito embora descoberto em anos mais recentes: 1945. O noviço folheou o pequeno livro onde trazia outros informes e aquilo despertou a sua curiosidade. Nag Hammadi, ano de 1945, região do Alto Egito. Naquele ano, um camponês local chamado Mohammed Ali Samman encontrou uma jarra devidamente selada enterrada que continha treze códices (livros) de papiro embrulhados em couro. Os códices contêm textos sobre cinquenta e dois tratados majoritariamente gnósticos, além de incluírem também três trabalhos pertencentes à Corpus Hermeticum. Esse conjunto de textos foi escrito entre 100 e 300 d.C. no Egito resultante de um complexo sincretismo religioso, de múltiplas influências. Ocorreu no período da Paz Romana que colocou o Egito em contato com o restante do Império. Estes códices podem ter pertencido ao monastério de São Pacômio então localizado nas redondezas e tenham sido enterrados após o bispo Atanásio de Alexandria ter condenado o uso não crítico de versões não canônicas dos Testamentos em suas Cartas Festivas de 367 d.C., após o Concílio de Niceia, por monges que teriam tomado os livros proibidos e os escondido em potes de barro na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais de 1500 anos. Os textos nos códices estão escritos em copta.
O rapaz noviço começou a ler esse pergaminho com muita paciência, pois pela vez primeira encontrara de fato algo significativo onde não havia quimeras. Os penhascos do Egito para todos os efeitos existiam e ele mesmo poderia um dia conhecê-los uma vez ser de verdade um canto não remoto como alguns já estudados.  Após exaustiva pesquisa, por fim, ele encontrou alguma coisa a respeito do que estava por demais a procura.
De Astúrias:
--- Talvez tenha aqui eu encontrado. Vejamos. –relatou o noviço com bastante calma.
Era algo sobre o Evangelho de Maria Madalena. Algo com certeza sobre a criação das espécies, as informações, os seres e o homem e sua mulher estavam criadas. Tais criações estariam unidas e teriam de se separar em sua própria origem, pois a essência da matéria teria a separação em sua própria essência. E Jesus ainda falou:
Jesus:
--- “Não há pecado. Sois vós quem os criais. Quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado pecado”. Disse o Deus pai: “Venho para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem”. Em seguida, falou: “Por isso adoeceis e morreis”. “Aqueles que compreendem minhas palavras às coloca em prática” “A matéria produz uma paixão sem igual”. “Quem se originou de algo contrário à natureza a partir daí todo o corpo se desequilibra”. “Esta é a razão porque vos digo: tendes coragem”. “E se estiverdes desanimado procurais forças nas diferentes manifestações da natureza”. “Quem tem ouvido para ouvir que ouça”. “A paz esteja convosco”. Foi tudo o que disse Jesus em resposta a uma indagação de Pedro apóstolo sobre a razão do pecado. Em continuação Jesus destacou: “O filho do Homem está dentro de vós”. “Então pregai o Evangelho do Reino”. “Não estabeleçais outra regra além das que vos mostrei”. “E Não instituais como legislador senão sereis cercados por elas”.
De Astúrias:
--- Ele disse tudo isso? – perguntou a si mesmo.
E Maria Madalena falou para os discípulos: “Mas eles (os apóstolos) estavam profundamente tristes e falaram”: ‘Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao reino do filho do Homem se eles não procuraram?’. Maria Madalena se levantou. Cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: ‘Não vos lamenteis nem sofrais. Nem hesitais. Pois Sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes louvemos Sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens’. Após Maria ter dito isso eles entregaram seus corações a Deus. Começaram a conversar sobre palavras do Salvador. Pedro disse à Maria: ‘Irmã. Sabemos que o Salvador, que a amava mais do que a qualquer outro, conta-nos as palavras do Salvador. As que tu te lembres. Aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos’. Maria Madalena respondeu, dizendo: ‘Esclarecerei a vós o que está oculto’. E ela começou a falar essas palavras: ‘Mestre, eu tive uma visão do Senhor. E contei a Ele: Mestre. Apareceste-me hoje numa visão. Ele respondeu e me disse: Bem-aventurada sejas por não teres fraquejado a Meu ver, pois onde está a mente é um tesouro, Eu Lhe disse: Mestre; aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito? Jesus respondeu e lhe disse: ‘Não vê nem com a alma nem com o espírito. Mas com a consciência que está entre ambos. Assim é quem tem a visão. E  agora eu Ti vejo subir (ao Céu) por que me falas mentiras, já que pertences a mim? A alma respondeu e lhe disse: ‘Eu ti vi. Não me vistes nem Me reconhecestes. Usastes-me como acessório e não me reconhecestes’ Depois de dizer isso a alma foi embora exultante de alegria.
De Astúrias:
--- Com mil demônios. Por que a Igreja não explica isso ao povo? – indagou consigo mesmo.
No Armagedom infernal ou nas garras do carrasco congelante o Universo está no seu final. Essa é a teoria vista na Terra pelo astrônomo Ambrósio de Escócia, Monge beneditino através do gigantesco Observatório do Serra no Mosteiro de São Simplício. Todo o Universo congelará, junto, com toda a forma de vida ou até mesmo por uma força invisível das profundezas do espaço. Literalmente toda partícula, todo átomo, toda a estrutura no Universo vai explodir.  Esse é o apocalipse cósmico. O ano é 20 bilhões A.D. ( Anno Domini – Ano do Senhor) e há algo profundamente errado com o Universo. Desde o seu nascimento explosivo o Universo se expande, crescendo continuamente em um infinito desconhecido. No entanto, um dia, em um futuro distante ver-se-á no Céu que as galáxias de todos os quadrantes terão de inverter seu rumo e se dirigirem contra a própria Via Láctea. A implicação catastrófica é fatal. O Universo está se desfazendo e tudo o que se conhece deixará de existir. A vida está condenada. Essas galáxias virão de encontro à minúscula Via Láctea em rota de colisão. Ver-se-á estrelas vindas de todas as partes em direção na Terra. Todas as galáxias irão colidir e as estrelas dentro delas serão esmagadas. As estrelas e os planetas irão colidir. Planetas serão engolidos por estrelas.
De repente as temperaturas começarão a subir. Os oceanos e as montanhas derreterão. Tudo será um caos, um verdadeiro e estonteante pandemônio. O próprio Universo vai atingir temperaturas intensas. Toda vida inteligente morrerá porque a humanidade será incinerada. O Universo acabará em uma explosão como uma bola de fogo cósmica. Essa é a visão do Apocalipse de acordo com uma teoria conhecida Grande Ruptura. Toda a matéria do Universo irá se colidir como se o mundo encolhesse. As coisas ficarão mais juntas. Porém o Universo, agora, se expande. A cada dia há mais espaço, pois as galáxias estão se distanciando. O oposto acontece na Grande Ruptura. Mas caso haja de verdade o final preconizado o vasto Universo se fenderia em um ponto microscópico.
De Escócia:
--- Diabo! Essa agora foi de mais! – falou em murmuro o Monge.
De repente o Monge procurou beber um pouco de água deixando o Observatório a vagar por entre planetas e estrelas. Seu pupilo estava a ler os apontamentos feitos à tarde pelo Monge e não deu a menor importância  impaciência do Mestre. O Noviço estava entretido com seus números enquanto o Mestre vagava para um lado e para outro a procura de um copo para poder beber água. De repente, o Monte se exaltou e indagou ao rapaz.
De Escócia:
--- Aqui não tem copo? – indagou embrutecido o Monge.
O noviço quase morre com o grito do seu mentor e largou tudo às pressas para ajudar o Monge a encontra um copo o qual tanto precisava.  E disse o rapaz.
De Astúrias:
--- Pronto meu senhor. Eu estava anotando o trabalho da tarde. Pois não. Um copo? – indagou meio agitado o noviço.
O monge, neurastênico então falou.
De Escócia:
--- Deixa. Não faz mal. Eu já achei um copo! – respondeu nervoso o Monge.
A noite era fria e nada mais perturbou o monge Ambrósio, pois em coisa alguma estava a temer. Na escuridão do tempo, apenas as estrelas iluminavam o céu. Era noite sem luar. Com o passar dos minutos o velho Monge descansou, a sentar em um acolchoado posto no curto salão do Observatório tendo a cabeça a baixar de vez como um sonambulo convicto. O moço noviço procurou sair da proximidade do Monge e, temendo algo pior, ele procurou se escorar até a sua escrivaninha. Contudo, De Astúrias não perdia de olhar o velho monge, atordoado com os seus pensares.  As folhagens das copas das árvores do lado de fora sacudiam para um lado e para outro o seu intranquilo canto da ventania. Um cantar de longe se ouvia. Uma coruja a clamar de vez pelos ares do sertão. Morcegos passeavam pelo interior do majestoso Observatório da Serra.

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