- A TERRA -
- 09 -
NAG HAMMADI
Dias depois o noviço estava à
procura de textos antigos do cristianismo primitivo. A buscar entre uma coisa e
outra ele teve a oportunidade de ver algo de forma da mais primitiva, muito
embora descoberto em anos mais recentes: 1945. O noviço folheou o pequeno livro
onde trazia outros informes e aquilo despertou a sua curiosidade. Nag Hammadi,
ano de 1945, região do Alto Egito. Naquele ano, um camponês local chamado
Mohammed Ali Samman encontrou uma jarra devidamente selada enterrada que
continha treze códices (livros) de papiro embrulhados em couro. Os códices
contêm textos sobre cinquenta e dois tratados majoritariamente gnósticos, além
de incluírem também três trabalhos pertencentes à Corpus Hermeticum. Esse
conjunto de textos foi escrito entre 100 e 300 d.C. no Egito resultante de um
complexo sincretismo religioso, de múltiplas influências. Ocorreu no período da
Paz Romana que colocou o Egito em contato com o restante do Império. Estes
códices podem ter pertencido ao monastério de São Pacômio então localizado nas
redondezas e tenham sido enterrados após o bispo Atanásio de Alexandria ter
condenado o uso não crítico de versões não canônicas dos Testamentos em suas
Cartas Festivas de 367 d.C., após o Concílio de Niceia, por monges que teriam
tomado os livros proibidos e os escondido em potes de barro na base de um
penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais
de 1500 anos. Os textos nos códices estão escritos em copta.
O rapaz noviço começou a ler esse
pergaminho com muita paciência, pois pela vez primeira encontrara de fato algo
significativo onde não havia quimeras. Os penhascos do Egito para todos os
efeitos existiam e ele mesmo poderia um dia conhecê-los uma vez ser de verdade
um canto não remoto como alguns já estudados.
Após exaustiva pesquisa, por fim, ele encontrou alguma coisa a respeito
do que estava por demais a procura.
De Astúrias:
--- Talvez tenha aqui eu
encontrado. Vejamos. –relatou o noviço com bastante calma.
Era algo sobre o Evangelho de
Maria Madalena. Algo com certeza sobre a criação das espécies, as informações, os
seres e o homem e sua mulher estavam criadas. Tais criações estariam unidas e
teriam de se separar em sua própria origem, pois a essência da matéria teria a
separação em sua própria essência. E Jesus ainda falou:
Jesus:
--- “Não há pecado. Sois vós quem
os criais. Quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado
pecado”. Disse o Deus pai: “Venho para o meio de vós, para a essência de cada
espécie, para conduzi-la a sua origem”. Em seguida, falou: “Por isso adoeceis e
morreis”. “Aqueles que compreendem minhas palavras às coloca em prática” “A
matéria produz uma paixão sem igual”. “Quem se originou de algo contrário à
natureza a partir daí todo o corpo se desequilibra”. “Esta é a razão porque vos
digo: tendes coragem”. “E se estiverdes desanimado procurais forças nas
diferentes manifestações da natureza”. “Quem tem ouvido para ouvir que ouça”.
“A paz esteja convosco”. Foi tudo o que disse Jesus em resposta a uma indagação
de Pedro apóstolo sobre a razão do pecado. Em continuação Jesus destacou: “O
filho do Homem está dentro de vós”. “Então pregai o Evangelho do Reino”. “Não
estabeleçais outra regra além das que vos mostrei”. “E Não instituais como
legislador senão sereis cercados por elas”.
De Astúrias:
--- Ele disse tudo isso? –
perguntou a si mesmo.
E Maria Madalena falou para os
discípulos: “Mas eles (os apóstolos) estavam profundamente tristes e falaram”:
‘Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao reino do filho do Homem se eles
não procuraram?’. Maria Madalena se levantou. Cumprimentou a todos e disse a
seus irmãos: ‘Não vos lamenteis nem sofrais. Nem hesitais. Pois Sua graça
estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes louvemos Sua grandeza, pois
Ele nos preparou e nos fez homens’. Após Maria ter dito isso eles entregaram
seus corações a Deus. Começaram a conversar sobre palavras do Salvador. Pedro
disse à Maria: ‘Irmã. Sabemos que o Salvador, que a amava mais do que a
qualquer outro, conta-nos as palavras do Salvador. As que tu te lembres.
Aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos’. Maria Madalena respondeu, dizendo:
‘Esclarecerei a vós o que está oculto’. E ela começou a falar essas palavras:
‘Mestre, eu tive uma visão do Senhor. E contei a Ele: Mestre. Apareceste-me
hoje numa visão. Ele respondeu e me disse: Bem-aventurada sejas por não teres
fraquejado a Meu ver, pois onde está a mente é um tesouro, Eu Lhe disse:
Mestre; aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito? Jesus
respondeu e lhe disse: ‘Não vê nem com a alma nem com o espírito. Mas com a
consciência que está entre ambos. Assim é quem tem a visão. E agora eu Ti vejo subir (ao Céu) por que me
falas mentiras, já que pertences a mim? A alma respondeu e lhe disse: ‘Eu ti
vi. Não me vistes nem Me reconhecestes. Usastes-me como acessório e não me
reconhecestes’ Depois de dizer isso a alma foi embora exultante de alegria.
De Astúrias:
--- Com mil demônios. Por que a
Igreja não explica isso ao povo? – indagou consigo mesmo.
No Armagedom infernal ou nas
garras do carrasco congelante o Universo está no seu final. Essa é a teoria
vista na Terra pelo astrônomo Ambrósio de Escócia, Monge beneditino através do
gigantesco Observatório do Serra no Mosteiro de São Simplício. Todo o Universo
congelará, junto, com toda a forma de vida ou até mesmo por uma força invisível
das profundezas do espaço. Literalmente toda partícula, todo átomo, toda a
estrutura no Universo vai explodir. Esse
é o apocalipse cósmico. O ano é 20 bilhões A.D. ( Anno Domini – Ano do Senhor) e
há algo profundamente errado com o Universo. Desde o seu nascimento explosivo o
Universo se expande, crescendo continuamente em um infinito desconhecido. No
entanto, um dia, em um futuro distante ver-se-á no Céu que as galáxias de todos
os quadrantes terão de inverter seu rumo e se dirigirem contra a própria Via
Láctea. A implicação catastrófica é fatal. O Universo está se desfazendo e tudo
o que se conhece deixará de existir. A vida está condenada. Essas galáxias
virão de encontro à minúscula Via Láctea em rota de colisão. Ver-se-á estrelas
vindas de todas as partes em direção na Terra. Todas as galáxias irão colidir e
as estrelas dentro delas serão esmagadas. As estrelas e os planetas irão
colidir. Planetas serão engolidos por estrelas.
De repente as temperaturas
começarão a subir. Os oceanos e as montanhas derreterão. Tudo será um caos, um
verdadeiro e estonteante pandemônio. O próprio Universo vai atingir
temperaturas intensas. Toda vida inteligente morrerá porque a humanidade será
incinerada. O Universo acabará em uma explosão como uma bola de fogo cósmica. Essa
é a visão do Apocalipse de acordo com uma teoria conhecida Grande Ruptura. Toda
a matéria do Universo irá se colidir como se o mundo encolhesse. As coisas
ficarão mais juntas. Porém o Universo, agora, se expande. A cada dia há mais
espaço, pois as galáxias estão se distanciando. O oposto acontece na Grande
Ruptura. Mas caso haja de verdade o final preconizado o vasto Universo se
fenderia em um ponto microscópico.
De Escócia:
--- Diabo! Essa agora foi de
mais! – falou em murmuro o Monge.
De repente o Monge procurou beber
um pouco de água deixando o Observatório a vagar por entre planetas e estrelas.
Seu pupilo estava a ler os apontamentos feitos à tarde pelo Monge e não deu a
menor importância impaciência do Mestre.
O Noviço estava entretido com seus números enquanto o Mestre vagava para um
lado e para outro a procura de um copo para poder beber água. De repente, o
Monte se exaltou e indagou ao rapaz.
De Escócia:
--- Aqui não tem copo? – indagou
embrutecido o Monge.
O noviço quase morre com o grito
do seu mentor e largou tudo às pressas para ajudar o Monge a encontra um copo o
qual tanto precisava. E disse o rapaz.
De Astúrias:
--- Pronto meu senhor. Eu estava
anotando o trabalho da tarde. Pois não. Um copo? – indagou meio agitado o
noviço.
O monge, neurastênico então
falou.
De Escócia:
--- Deixa. Não faz mal. Eu já
achei um copo! – respondeu nervoso o Monge.
A noite era fria e nada mais
perturbou o monge Ambrósio, pois em coisa alguma estava a temer. Na escuridão
do tempo, apenas as estrelas iluminavam o céu. Era noite sem luar. Com o passar
dos minutos o velho Monge descansou, a sentar em um acolchoado posto no curto
salão do Observatório tendo a cabeça a baixar de vez como um sonambulo convicto.
O moço noviço procurou sair da proximidade do Monge e, temendo algo pior, ele
procurou se escorar até a sua escrivaninha. Contudo, De Astúrias não perdia de
olhar o velho monge, atordoado com os seus pensares. As folhagens das copas das árvores do lado de
fora sacudiam para um lado e para outro o seu intranquilo canto da ventania. Um
cantar de longe se ouvia. Uma coruja a clamar de vez pelos ares do sertão. Morcegos
passeavam pelo interior do majestoso Observatório da Serra.
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