segunda-feira, 8 de julho de 2013

"DEUS" - 04 -

- Santo Graal -
- 04 -
TRAIÇÃO
Houve um tempo na qual a justiça perdia lugar para a traição. Assim aconteceu nas provas entre os homens provocadas nas Justas. Um dos preferidos do Rei Arthur era o cavaleiro Lancelot por sua destreza e honradez. Mas nem tudo era Justiça entre os renomados Cavaleiros. Assim foi com Lancelot do Lago ou Cavaleiro Branco, filho do também Rei Ban de Benoic e da Rainha Helena. Ele foi raptado ainda criança pela Dama do Lago, a Fada Viviane, a mais importante sacerdotisa da Ilha de Avalon. A Fada era filha de Diana, a deusa dos bosques e irmã de Igraine, mãe de Arthur. A Fada Viviane tinha a missão de proteger e entregar à espada mágica do Rei Arthur, a sagrada Excalibur. Conta à lenda que a Dama do Lago educou e tornou Lancelot o melhor Cavaleiro da Távola Redonda e mestre-de-armas do Rei Arthur. Com certeza Lancelot mantinha vínculos com a Ilha de Avalon, provavelmente celta, cujo significado é maçã. Avalon era famoso por suas belas maçãs. E Lancelot aparece pela primeira vez na História dos Reis da Bretanha. De acordo com a lenda Lancelot não seguia nenhuma das duas religiões da época – Católica e Celta. Ele não era um homem ligado aos cultos religiosos, embora pertencesse à linhagem real. Com efeito, o jovem Lancelot era apaixonado por Guinevere, antes mesmo desta se tornar Rainha. Com Guinevere ele mantinha encontros furtivos. Com isso, Lancelot não foi perfeito apesar de manter a sua caça na procura do Santo Graal. E nesse ponto lhe frustrou a busca pelo Graal. A traição de Lancelot destruiu o mundo no qual vivia. Paixão e amor ilícitos derrubaram o censo cavalheiresco que buscava virtude e pureza. Esse pequeno moral ameaçou o mundo da fidalguia. Na Corte a traição era considerada como o maior crime.. Com o tempo, Guinévera retirou-se para um convento em Amesbury, e logo morreu. Seu corpo foi levado para Glastonbury, onde foi enterrado. Lancelot caiu em depressão e morreu. Antes de morrer ele pediu que seu corpo fosse enterrado no seu castelo, o Castelo da Guarda Alegre.
De Astúrias:
--- Mestre, não há uma versão de que Lancelot foi para um Convento? – indagou o Noviço um pouco descrente.
O Monge parou em frente ao Observatório e olhou o céu como se alguma coisa aparecesse de repente. No seu olhar o monge vislumbrou uma estrela diurna e bateu com a mão sobre a outra a demostrar um sorriso.
De Escócia:
--- A estrela voltou! (sorriu o astrônomo) – sem se negar em responder a seu aluno.
E demorou por alguns minutos quando se voltou para falar.
De Escócia:
--- Lendas. Lendas. Há informação de que Arthur condenou sua esposa à morte. Lancelot tornou-se um proscrito e foi expulso da Comunidade dos Cavalheiros. Lancelot arrependeu-se e no final de sua vida entrou para um Mosteiro no norte da Inglaterra, Conhecido como Priorado de Lancelot. – (fez uma pausa)( e continuou). – Arthur continuou a seguir o seu destino adaptando o modelo de Jesus Cristo e seus apóstolos. Os Cavaleiros da Távola Redonda formaram uma comunidade mística. Como primeiro dos seus Cavaleiros. Arthur comandou seus seguidores fieis na busca pelo Santo Graal. – explicou o monge.
De Astúrias:
--- Quer dizer que: “Todos se sentam à direita do Rei. E todos tem liberdade dentro da Comunidade” – sorriu o noviço.
De Escócia:
--- Isso! Foi uma tentativa de se criar uma sociedade sem classe. É perfeitamente idealista e utópica. É como se os escritores de romances arthurianos quisessem mostrar que era possível para a Fraternidade ou a sociedade humana funcionar com indivíduos que são livres para agir enquanto continuam em Comunidade. – continuou o monge.
De Astúrias:
--- Mas o que motivou Arthur a compor os Cavaleiros da Távola Redonda, meu ilustre mestre? – indagou o noviço.
De Escócia:
--- Na época em que os contos foram escritos a Europa tinha sido forçada a aceitar uma terrível derrota. A Terra Santa tinha finalmente caído nas mãos dos invasores mulçumanos. Humilhados, os Cruzados voltaram para casa com seus ânimos frustrados, seus sonhos arruinados e sua fé abalada. Eles precisavam de um novo significado para as suas vidas e eles encontraram na busca pelo Santo Graal. Mas o Rei Arthur e os Cavaleiros nunca encontraram o Santo Graal. – fez ver o monge.
Segundo um relato, em Roma, o Santo Graal passou trezentos anos na Itália. O monge São Lourenço foi o defensor do Graal. Ele o protegeu contra roubos e destruições durante tempo de turbulências. No final do século Terceiro, acredita-se que São Lourenço tenha levado o Graal da Itália até sua cidade natal  localizada na Espanha. Sob as montanhas escapadas dos Pirineus existem muitas cavernas. É em tal lugar que a relíquia tenha sido escondida por ser um local ideal. A montanha é um impedimento natural. A partir deste ponto a sequencia de acontecimentos na história tumultuada do Santo Graal pode ser seguida com mais precisão. Durante a Idade Média alta uma nova devoção surgiu em ambos os lados dos Pirineus e inspirou pessoas a fazer peregrinações. Através da alta montanha surge um caminho: a rota para Santiago de Compostela. A antiga rota de peregrinação ainda é usada atualmente pelos fieis. Ela atrai crentes de todos os lados da Europa. Muitas Igrejas surgem ao longo do caminho e todas elas presenteiam os fieis com relíquias do passado.
De Astúrias:
--- Estaria o Graal entre as relíquias sagradas que são veneradas pelos Pirineus? – indagou perplexo o noviço.
De Escócia:
--- É possível. Mas tem outra versão. No início do século Doze as Cruzadas voltaram da Terra Santa trouxeram consigo uma ambula contendo gotas de sangue de Cristo. Então se pergunta: seria esse recipiente o Santo Graal? O certo é que, por volta do ano 1.200 a doutrina da transubstanciação foi aceita pela Igreja. Ou seja: o vinho do cálice é na verdade o sangue de Cristo. E os romances escritos espalharam essa novidade sobre a nova teologia. Desta maneira, o mito do Graal que era originalmente pagão tornou-se um símbolo cristão para promover o ritual da eucaristia e do Santo Sacramento. – profetizou o monge.
Mas nem todos concordavam com essa nova teologia romana. Longe do Roma, nos Pirineus localiza-se a fortaleza de Monserri. Era alí que os seguidores de uma seita cristã buscavam refugio. Os “puros”, como se autodenominavam consideravam o papado romano uma superstição mundana. Eles rejeitavam o que era da Igreja Católica que havia sido corrompido pela riqueza. E em vez disso pregavam a pobreza e o retorno a uma fé simples. Segundo a lenda histórica os homens “puros” guardavam um tesouro secreto, possivelmente o misterioso e enigmático Santo Graal e escondia bem guardado na Fortaleza de Monserri. Para subjugar os hereges o Papa lançou uma Cruzada contra os “puros”. Na primavera de 1244 mais de duzentos “puros” foram queimados nas fogueiras. Mesmo assim, o Santo Graal foi levado para um local mais seguro.
De Escócia:
--- Até hoje não há provas que mostrem que o tesouro dos “puros” fosse o Santo Graal. E o modo como ele foi levado do Castelo apossado continua sendo um mistério. – relatou o monge.
De Astúrias:
--- Totalmente incrível essa história! – confessou o noviço a tremer de medo

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