sexta-feira, 12 de julho de 2013

"DEUS" - 08 -

- Igreja de Santa Madalena -
- 08 -
MADALENA
No dia seguinte, na hora do Claustro, o noviço de Astúrias já estava em sua Cela a folhear o documento encontrado na Biblioteca do Mosteiro a tratar da vida de Maria Madalena. Com todo o cuidado possível, o noviço começou a ler todo o pergaminho contando o que ainda ele não sabia. O rapaz consumia o inteiro conteúdo a reler ter sido a mulher missionária, visionária e até curandeira. Para bem dizer: Maria Madalena fazia de tudo e mais apresentada com apóstola dos apóstolos. Novos estudos indicam que sua influencia teria sido imensa, não só na sua época, mas nos anos seguintes. As informações de antigas fontes com dados que jamais se teve levam a considerar Maria Madalena ser como importante figura do primeiro cristianismo. Dados acerca de Maria Madalena considerados perdidos estavam sendo descobertos elevando sua importância na cultura ocidental. Os mistérios que cercam essa mulher devem-se as poucas citações bíblicas que são referências muito esparsas e confusas. Tudo o que se sabe de Maria Madalena acha-se no Novo Testamento que menciona seu nome mais vezes do que o de qualquer mulher. Nota-se no Evangelho de São João, por exemplo, que o trecho mais extenso sobre Maria Madalena está no capítulo 20, após a ressurreição de Jesus. É natural haver curiosidade sobre quem é essa Maria.
Pregador radical, paladino dos párias da sociedade Jesus tinha muitas seguidoras. Ensinava-lhes as Escrituras o que, em geral, era restrito aos homens. Nos Evangelhos de São Mateus e São Marcos muitas seguidoras de Jesus se chamavam Maria. E realmente há a tendência de reuni-las numa só dando a impressão de que todas são uma. Há várias Marias nos Evangelhos porque esse nome era o mais comum ao que se tem notícia, para mulheres, no século “1”, pois a mulher de Herodes era Mariam. Em honra à mulher de Herodes, o Grande, muitas mulheres, do Século “1”, foram assim chamadas Mariam ou Miriam, tendo como encurtamento, Maria. Estudiosos acreditam que o nome Maria Madalena veio de Magdala, uma vila de pescadores. Magdala quer dizer “Torre”, em hebraico. Também há quem ligue Maria Madalena a essa vila, Magdala. Essa vila ainda existe. Mas há poucos indícios de que Maria Madalena tenha vindo dessa vila. Magdala fica ligada ao Mar da Galileia. Contudo os fatos seguintes  levam a crer ter Maria Madalena vindo de Magdala e tido contato com Jesus. Ao que se supõe Maria e Jesus trabalharam juntos nos primeiros anos descritos nos Evangelhos. Um caso interessante: nada na Bíblia indica que Maria Madalena fosse prostituta. A conclusão existe porque os relatos que envolvem o nome Maria entrelaçam com os de outras mulheres identificadas como pecadoras.
Quando Jesus expulsou os “sete” demônios dos homens, isso não quer dizer a um só tempo os “demônios”. Esses homens estavam com doenças mentais. A questão dos Evangelhos é muito  discutível. Quem é doente mental tem-se por habito dizer ser a pessoa “doida”. E nesse aspecto os doidos foram para se ver bem do mal aflitivo. E Jesus retirou esse mal ou os sete diabos. Os doentes não tinham nada com a sexualidade, mas a doença mental. Das mulheres são os vícios. Notava-se já naquela época a supremacia da mulher perante os homens. E em 595 anos depois de Cristo, o Papa Gregório decidiu que Maria Madalena era também uma mulher sem pecado. As mulheres já ameaçavam a supremacia masculina da Igreja por esses anos. No tempo de Jesus, a mulher Maria de Magdala  cuidava de promover as necessidades do Mestre.
Essas poucas referências são tudo o que se sabe a respeito de Maria Madalena no Novo Testamento até os últimos momentos de Jesus e sua morte da cruz. De acordo com os Evangelhos de Lucas, Marcos e Mateus, Maria Madalena era uma entre muitas mulheres presentes na crucificação. Mas, São João diz que ela era a testemunha principal que ficou ao lado da cruz durante a Sua agonia. Ela viu a pedra rolar diante da tumba onde Ele foi depositado e foi a primeira pessoa a encontrar Jesus Crucificado. A versão de São João atribuiu a Maria Madalena o papel principal da Paixão.  O dramático incidente ficou gravado  na história mais do que qualquer momento da vida de Jesus.
De Asturias:
--- Pelo o que eu tenho visto, Maria Madalena vai à tumba  sozinha e descobre-a vazia. Conta aos discípulos, eles vêm verificar e saem. Ela fica ali, chorando e se lamentando. Um homem, que parecia ser jardineiro perguntou-lhe por que ela chorava. Ela responde: “Levaram meu Senhor. Não sei aonde o levastes, mas se fostes vós, contai-me, e eu irei busca-lo”. E aí, o homem que ela pensava ser o jardineiro chama-a pelo nome. “Maria”. De repente, ela o reconhece e grita: “Rabboni!”, ou seja, “meu mestre, meu rabi”. E esse momento de recognição é um momento terno. Ele diz: “Não me abraceis porque ainda não subi para meu Pai”. É a perfeita expressão da paixão que ela tem por seguir Jesus e de sua devoção por Ele. – pensou o noviço ao ler quase todo o pergaminho.
Jesus então a mandou voltar e contar aos discípulos que Ele ressuscitara dentre os mortos. Isso, de certo modo faz dela uma apóstola, igual aos demais. Na cena seguinte, Ele ascende aos céus e recebe o poder divino do Pai e volta soprando sobre os discípulos o Espírito Santo que vai dar-lhes o dom de sair e pregar. Ele diz: “Tornai-vos meus discípulos”. Maria Madalena não estava lá. Então essa história, de certo modo demostra o oposto do que alguns gostariam de ver. Demostra porque Maria, embora sendo a primeira a ver Jesus ressuscitado acabe por não ser discípula. É um mistério pensar que ela foi glorificada. São João está demonstrando por que a tradição ortodoxa recusa-se em definitivo a vê-la como discípula.
Esses detalhes, apesar de pequenos, são por demais eloquentes. O papel de Maria Madalena nos Evangelhos é de grande importância. Muitos estão reconhecendo que há um desequilíbrio de sexos desde o início do Cristianismo. E Maria Madalena tornou-se um largo foco nessa controvérsia. Como mulher, Maria Madalena teria tanta autoridade de ensino quanto os seguidores homens. No Novo Testamento Jesus apareceu apenas para dois discípulos. Um era Pedro e o outro, Maria Madalena.  A lenda da mulher Maria Madalena ficou esquecida no século seguinte. Mas não desapareceu. No século Onze, no alvorecer de um novo milênio o culto e a veneração à Maria Madalena voltou a florescer em toda a Europa Ocidental. Ela se tornou particularmente amada no sul da França onde nasceu uma seita de seguidores que nunca admitiu a sua identidade como mulher decaída.
A sineta Mosteiro então tocou a hora das orações. Inquieto, o Noviço procurou arranjar de um modo seguro o pergaminho por baixo da cama para poder sair. Em sua memoria não parava um só instante a magia de Santa Madalena. Ele queria saber os detalhes que lhe ensinara o ancião na subida da Serra. O tempo era calmo e o noviço, apesar de sua tranquilidade, abaixou em sua cabeça o seu traje.
À noite, após a ceia, o Monge Ambrósio de Escócia já estava em seu Observatório vasculhando o espaço infinito. Ele sabia ser a Via Látea a sua terra onde bilhões de estrelas habitavam. Era na verdade um império. E sabia também haver duzentos bilhões de galáxias no Universo conhecido. Cada uma delas é única. Enorme e dinâmica. Elas nascem de forma violenta e terão uma morte violenta. Buscando novos informes sobre a galáxia Via Láctea com cerca de doze bilhões de anos De Escócia percorria todas as direções deste mundo escuro. A galáxia em si é um disco enorme com braços espirais gigantescos e uma protuberância no meio. É apenas uma da imensa quantidade de galáxias no Universo. As galáxias são, antes de qualquer coisa, um agrupamento de estrelas. As galáxias têm em média cem bilhões de estrelas. Elas são um berçário estelar. É nelas que as estrelas nascem e é também onde elas morrem. As estrelas de uma galáxia nascem em nuvens de poeira de gás chamadas de nebulosas. Estes são os chamados pilares da criação na Nebulosa da Águia, um berçário de estrelas no coração da Via Látea. A nossa galáxias contem muitos bilhões de estrelas e em volta de muitas delas temos os planetas e luas. Mas durante muito tempo não se sabia muito sobre as galáxias. A  apenas um século se pensava que a Via Láctea era tudo que existia. Os cientistas a chamavam de “nosso universo único”. Para eles não havia outras galáxias. Então, em 1924 o astrônomo Edwin Hubble tudo isso. Hubble estava observando o Universo com o telescópio mais avançado da época, o Hooker, de dois metros e meio, perto de Los Ângeles. Nas profundezas do céu noturno ele viu manchas luminosas que estavam muito, muito longe. Ele percebeu que não eram estrelas individuais. Mas cidades inteiras de estrelas. Eram galáxias muito além da Via Láctea. Os astrônomos tiveram um imenso choque. Em um único ano imediatamente se passou de um universo que só tinha a Via Láctea para um Universo com bilhões de galáxias. Hubble havia feito uma das maiores descobertas da história da astronomia. O Universo contém não só uma, mas um número enorme de galáxias. Por exemplo: a galáxia do Roda Moinho. Ela possui dois braços espirais gigantescos o contém cerca de cento e setenta milhões de estrelas. Há também a galáxia M-87 múltipla gigante. Ela é uma das mais antigas do Universo. As suas estrelas tem brilho dourado. E tem a galáxia do Sombrero. Ela tem um núcleo enorme e brilhante e é circundada por um anel de gás e poeira.
De Escócia:
--- As Vias Lácteas são estupendas. Elas representam de certa forma a unidade básica do próprio Universo. Elas são como cata-vento girando no espaço. São como fogos de artifícios criados pela mãe natureza. – explicou o astrônomo ao seu pupilo então no Observatório.
De Astúrias:
--- As galáxias são enormes. Realmente enormes. Por aqui, na Terra, se mede distância em quilômetros. No espaço, os astrônomos usam anos luz, a distância que a luz viaja em um ano. – enfatizou o noviço.
De Escócia:
--- Ou seja: nove trilhões e trezentos bilhões de quilômetros. – completou o Monge.
A Terra está a vinte e cinco mil anos luz do centro da Galáxia e essa galáxia tem mais de cem mil anos luz de extensão.

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