sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VENUS ESCARLATE - 38 -

- BAR PALHOÇA -
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Após a sessão da Federação Espírita o trio saiu no automóvel de Glauco Rodrigues a comentar certos aspectos da sessão onde um homem declarou ter assistido em outro Centro o fazer por um médium da remoção de um tumor do pulmão de um homem enfermo já em fase terminal. Esse médium incorporou o espírito de um médico e assim fez a cirurgia mediúnica. O resultado se deu positivo. O doente ainda viveu vários anos e nunca mais se queixou de qualquer outra enfermidade. Zilene fez ver outro caso:
--- Eu fiquei assombrada com o depoimento de um assistente de ter visto um amigo já falecido. Ela não sabia do caso. Mas amigo veio lhe avisar de estar em outro lugar. Incrível! – relatou a moça emocionada.
--- Tem cada caso incrível de nós ouvirmos! – comentou Racilva surpreendida com os fatos.
--- Tem casos de influencia dos espíritos em nosso mundo. – relatou Zilene mesmo chocada.
--- Veja ter o mundo Terra um número expressivo de 18 bilhões de seres desencarnados. Isso representa três vezes mais os seres encarnados. – respondeu Racilva com certa preocupação.
--- Eu imagino serem estes espíritos desencarnados, tantos os bons como os elementares a pensar e a conduzir os demais seres aqui da Terra conforme suas ideias e vidas fora do corpo onde viveram. – fez vez Zilene a Racilva ainda com temeridade.
--- Eu fico a imaginar se eu penso, por exemplo, em meu antepassado bem distante, ele vem a mim, como se fosse ao presente. Quer dizer: eu penso nele e ele vem a mim naquele instante. Então eu não estou pensado somente nele. Mas estou conversando com ele. Isso é magnifico. – comentou Racilva cheia de vivacidade.
--- Já pensou em você pensar em um elemento que viveu muitos anos atrás. Os Sumérios, por exemplo. Eu penso e ele vem a mim. – sorriu Zilene com esse fato.
--- É um vai e vem de um mundo e de outro! – sorriu Racilva alegremente.
--- Então, assim, nós não estamos descobrindo nada. Nós estamos apenas recriando processos já criados há milhões de anos passados por essas antigas civilizações. – falou Zilene procurando entender a chave do problema.
--- Pois é. Isso é fenomenal. – descreveu Racilva a esse assunto.
--- Porém existe um problema: nós somos pensamentos. Transmitimos e recebemos. Se nós estamos sintonizados com pensamentos bons, então recebemos bons pensamentos. E justamente é o contrário. É por isso que existem guerras. Por que os maus se entrosam com os maus pensamentos. Não é a pessoa, como vamos dizer: Hitler. Mas o pensamento dele que gira frequentemente em tono de nós. Como ele tem Napoleão, Cesar, Nero, Átila. Isso contando os mais famosos sem querer levar em conta os menores. – refletiu a jovem Zilene.
--- E se nós entrarmos em pensamentos com elementos negativos vamos se envolver com planos primitivos. – vivenciou Racilva esse pensamento.
Glauco deixou Racilva em sua casa e partiu para deixar à amiga Zilene no bairro da Cidade Alta onde a moça estava a morar.  No percurso, Glauco teve a curiosidade de indagar o fato de a moça dizer sempre quando se encontrava com ele algo como serpente. Zilene então sorriu e disse a Glauco ser o caso de teatro, pois em uma peça havia uma serpente.
--- Era só isso? – indagou Glauco se admirando da linguagem do teatro.
--- Só. Está preocupado com o termo? –indagou Zilene a sorrir.
--- Não. Não. Só queria saber. – respondeu o homem se despreocupando do assunto.
--- Pois é! Olhe a cobra! – sorriu Zilene ao descer do carro para seguir para a sua casa.
O homem então sorriu e fez o mesmo em direção à moça.
--- Olhe a cobra! – sorriu Glauco com esse dizer de que esteve a aprender durante esses dias.
Quando já começava a transitar para a sua residência, Zilene Caldas teve um momento de pausa e então deu um leve grito por Glauco. Esse estacou o carro. Ele estava a dirigir para o seu local tranquilo onde dormia: o Hotel Belas Artes. Porém a ouvir o chamado de Zilene ele parou o carro e perguntou de volta.
--- O que se passa, Cobrinha? – e sorriu a vontade.
--- É que: você nem me chama para tomar uma cerveja? – indagou a moça com seu ar faceiro.
--- Quer beber a esta hora da noite? – indagou Glauco a Zilene observando bem a moça.
--- Sim. Uma cerveja não faz mal a ninguém. – sorriu Zilene ajeitando seus cadernos sobre os peitos.
--- É. Não faz. E aonde você quer ir? – indagou Glauco para colher mais de sua companheira.
--- Sei lá. Qualquer lugar que venda cerveja. – sorriu Zilene se achegado ao carro.
Aquele carro era o prenuncio da safadeza. Ele procurava de todo meio um lugar aprazível para se aconchegar com suavidade. Podia até mesmo uma praia ou um lugar mais aprazível. Era o carro quem escolhia o lugar. Ele e nada mais. E na sequencia Glauco declarou:
--- Entre! Vamos à Cabana. – sorriu Glauco ao contemplar a beleza singela da moça.
E nem precisava chamar pela segunda vez. Na primeira então Zilene Caldas embarcou no carro totalmente ancho, tirando os cadernos dos seios e se deitou no banco do automóvel ao dizer.
--- Nada melhor do que se ter dinheiro! – declarou como em um sonho a moça.
E então o homem respondeu como a atiçar a cobra.
--- Nada melhor do que se ter uma bela serpente em seu colo! – articulou por sua vez Glauco.
A moça olhou para Glauco e sorriu deitando-se ao colo do enigmático homem. Esse acariciou a cabeça a moça como quem a seduzisse pela vez primeira. E a moça então se aconchegou de leve ao colo do homem com a boca a beija sua ansiosa pele branca e cheirosa de uma linda açucena da pessoa amada. Eram onze horas da noite. Uma quinta feira e havia bem pouco movimento na Palhoça. Apenas os casais de namorados e os habitués. Estes ficavam até à uma hora da madrugada no meio da semana. Glauco entrou com Zilene e quase ninguém notou a não ser Luís, o garçom de todas as noites. Ele esteve na primeira Palhoça, onde o casal ficou e logo saiu. Glauco pediu uma cerveja. Com ele ficou o cardápio. Ostras cruas, carne assada, lagosta, camarão entre outros aperitivos. Glauco preferiu a ostra crua.
--- E é gostosa? – indagou Zilene.
--- Uma delícia! – sorriu Glauco a olhar de modo carinhoso a dama de sua frente.
--- Crua? – Zilene fez uma cara azeda.
--- É ainda melhor! – declarou Glauco a seduzir a moça.
--- Vou experimentar. – sorriu sem graça a jovem Zilene.
E então o garçom Luís aos dois clientes e disse ainda:
--- Ostras colhidas hoje! – sorriu Luís a por os pratos na banca.
Glauco agradeceu a gentileza do rapaz e começou a comer a ostra com um gole de cerveja.
--- Coma para ver como é boa a ostra! – sorriu baixinho o homem.
--- Estou comendo! ... É mole! ...E fria! ...- sorriu Zilene a degustar a ostra crua.
--- Mole como a cobra? – indagou Glauco querendo atiçar Zilene.
--- Hum? – sorriu Zilene agora sem muito entender o que o homem falou.
---Cobra! Não é o termo usado no teatro? – perguntou Glauco quase lento querendo pegar a moça no instante mentira.
--- Ah é! Cobra! – sorriu Zilene assumindo a norma dita antes.
--- Essa cobra tem pelos? – fez ver Glauco ao querer saber mais sobre a serpente.
--- Parece! – declarou Zilene a comer a ostra crua e beber cerveja gelada.
E o tempo foi passando e a cerveja se esgotando tendo Glauco pedido outra rodada, e mais outra, e mais, e mais até sentir a embriagues a moça já estar a chegar. Ela pediu para sair, ir até o banheiro e na volta pediu mais cerveja ao garçom. Não contava Zilene com uma surpresa invulgar. Na mesa já estavam postos mais pratos de ostras e um gim, com certeza, para a moça beber.
--- Que é isso? – perguntou já embriagada pela aquela bebida.
--- Gim! – disse o homem a contemplar a formosura de Zilene.
--- Nossa! Eu já estou ébria. Tornei-me uma ébria! – e gargalhou Zilene.

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