domingo, 6 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 06 -

- Emma Watson -
- 06 -
Logo que o coronel Juca, o delegado Benjamim Carvalho e os seus cinco soldados chegaram ao sopé da serra do Monte Sagrado, foram avistando toda a quantidade de gado morto. Eles percorreram vasta redondeza da Fazenda “Mutamba” a procura do ajudante de João Mota e dos seus dois acompanhantes, os vaqueiros da fazenda,  mas não viram nem sinal da sua presença. O delegado procurou por todo o recanto e não avistou viva alma. Nem o “alienígena” que estaria ali, guardado e sob a proteção de Joaquim Solano a espera da chegada dos policiais. Intrigado com a situação, o delegado falou:
--- Eles não estão mais aqui! – relatou o delegado Benjamim Carvalho ao velho Juca, dono da vasta terra.
--- É. E foram embora com o defunto também. – emendou o coronel procurando na mata.
--- Com certeza eles levaram o morto para o hospital da cidade onde tem lugar para deixar morto. – fez ver o sargento Benjamim.
--- Estava fedendo? – indagou o coronel Juca.
--- É provável. Ou para que fizesse autópsia do corpo. – falou o delegado coçando a cabeça.
Nesse momento uns arbustos se mexeram por trás de onde estava o grupo. Foi tanta zoada que alarmou o próprio delegado. Assustado, o sargento puxou da arma que trazia e perguntou com voz firme:
--- Quem está aí? Fale ou eu passo chumbo! – falou alto e com certo temor o delegado Benjamim Carvalho.
Passado o instante de inquietação do policial, os arbustos continuaram a se mexer e, de dentro deles saiu uma cara risonha de um garoto apenas a dizer:
--- Sou eu seu delegado! – respondeu o garoto de nome Paulo, neto do velho Juca.
--- Ora você menino? Não está vendo o susto que me fez? – reclamou o delegado Carvalho
E o menino surgiu do matagal e foi dizendo está amoitado naquele recanto a um bom tempo e viu quando os cavalos debandaram em uma correria dos diabos e oito homens apareceram de dentro da serra para buscar a única de vitima que eles buscavam e os outros três homens, quais sejam o ajudante de veterinário e mais dois vaqueiros que estavam no local. Os homens altos, até certo ponto também magros, porém fortes, não agrediram os três homens e apenas levaram consigo para o interior da serra. E logo depois o garoto Paulo ouviu um chiado. Foi quando um disco alçou vôo de repente desaparecendo no céu como por encanto. Pouco tempo depois chegaram o delegado, o coronel e seus cinco homens.
--- Foi isso que eu vi! – respondeu Paulo aos circunstantes.
--- Você diz que viu com seus próprios olhos, meu neto? – falou surpreso o velho Juca.
--- Vi meu vô! Eles eram barbudos, magros, altos, vestiam uma roupa como se fosse de seda. Eram eles todos vestidos da cabeça aos pés. Falavam eles língua estranha. E tinham uma capa a lhe cobrir a cabeça. Foi isso. Eu vi. – respondeu o garoto com os seus olhos bem abertos.
Nesse momento, chegava ao reduto do delegado mais um homem. Era Chiquito. Ele e mais dois vaqueiros. E de nada ele sabia. Só então o velho Juca pediu que ele contasse a estória direito ao seu tio que de nada sabia. E o garoto voltou a contar a mesma estória.
No colégio onde trabalhava, a moça Marina estava a ajeitar o que era seu. E os outros funcionários faziam iguais serviços procurando ajeitar tudo o que havia sido destruído durante a baderna feita por elementos ligados ao Sindicato dos Professores. Folhas de papel por todos os recantos das salas, máquinas de escrever espedaçadas e jogadas no terraço, telefones destroçados, um computador feito em pandarecos, folhetins pregados nas paredes das salas conclamando os servidores a assumir uma atitude de “greve” geral. E muito mais que os vândalos fizeram ao passar por dentro da repartição com o intuito de apenas destroçar. As mulheres, em sua maioria, choravam inclusive a própria Marina. A moça se via acovardada pela ação dos delinquentes. E apenas dizia:
--- Brutos! Celerados! Sem pudor! – era o que mais soletrava a jovem Marina.
E o pessoal levou a parte da manha para por em ordem o que havia sido destruído pelos vândalos. O Secretário de Educação escafedeu quando viu a turba a invadir a sua repartição. Houve quem dissesse ter o homem saído pela porta traseira em correria que nem cavalo pegava. Alguns comentaram os gritos do homem durante a sua passagem pelo corredor da repartição.
--- Fujam que eles vêm loucos! – teria dito o secretario de Educação Municipal.
O Secretário de Educação era o senhor Edvan Moura, homem de confiança do Prefeito Sebastião Salgado e recomendado pelo coronel João Tenório de Alencastro, o velho Juca. Ele era filho de João Catunda Moura, outrora Secretário de Educação além de assumir cargos relevantes em outras pastas. Naquele momento, o homem já não fazia mais questão de ser algo. João Catunda vivia para cuidar de suas cabras, bodes, ovelhas carneiros e nada mais. Se de fato o jovem Edvan Moura gritou daquele jeito, apenas os zeladores poderiam dizer na verdade. O certo que ele ficou longe da repartição por vários dias enquanto durou a greve. O certo é que no decorrer dos dias de paralisação, os pais dos alunos afetados pelo movimento grevista assumiram o lugar dos paredistas ocupando o espaço para dar aulas a seus filhos. Porém isso foi mais adiante. Enquanto a greve não acabava pela falta de pagamento, os trabalhadores no setor da Educação não chegaram a faltar aos seus empregos. Marina assumiu o lugar do Secretário por algum tempo, motivada pela ação dos demais servidores daquele Poder. Na verdade, ela mal sabia o que deveria ser feito na pasta da Educação. E aprendeu na marra ao cabo de alguns dias.
Mas, ainda tem o caso dos desaparecidos. O veterinário João Mota somente chegou à tarde daquele dia. E o desaparecimento do seu auxiliar deu-lhe um bruto estremecimento. Ela, João Mota, ao entrar em seu consultório, encontrou bastante gente e, em meio das pessoas estava Doralice, esposa de Joaquim Solano a chorar sem contemplação. O homem se assustou com tanto desespero, e as mulheres presentes, a chora, diziam ter o seu auxiliar sumido sem que nem mais. O coronel Juca chegou ao gabinete naquela hora e chamou para dentro da casa o veterinário e explicou o que havia ocorrido. O veterinário ouviu bem a estória e relatou não saber de tanto gado morto em sua fazenda “Mutamba”. Quando ao sumiço de Solano, ele hipotecava solidariedade a família do homem e queria saber como foi o ocorrido.  
---Eu não sei. Ninguém sabe. Só tenho o depoimento do meu neto. – disse por vez o velho Juca a lamentar o ocorrido no sopé do Monte Sagrado.
--- Mas ninguém para onde “eles” voaram? – perguntou o veterinário João Mota meio atormentado.
--- Não. Ninguém. Nem o meu próprio neto! – disse o velho Juca um pouco tristonho
Em dado momento também chegou à casa de Joao Mota o delegado da cidade, sargento Carvalho a lamentar o corrido e procurando saber se tinha alguma ideia por que morreram as vacas da Fazenda Mombaça, ao que o veterinário respondeu ter de esperar mais alguns dias para se conseguir uma noção do que provocou a morte dos animais.
--- E agora tem mais vinte e três cabeças da Fazenda Mutamba. – relatou o veterinário como se tivesse se arrependido de ter deixado escapar a oportunidade de ver tanto gado morto.
--- E os urubus! E os urubus! – fez lembrar o homem representante da autoridade policial.
--- É. Os urubus! Ninguém se lembra dos abutres! – disse por vez o veterinário João Mota.
Na banca de estudos do veterinário João Mota tinham vários livros sobre diferentes temas. E entre todos os livros havia um que relatava a presença de discos voadores da Terra. Era um livro bastante raro, pois levantava a hipótese de serem os extraterrestres um enigma ou não. E apesar de ter dado conselhos a dona Doralice pelo sumiço do seu marido, Joaquim Solano, ele então voltou ao seu escritório onde estavam o velho Juca e o delegado de polícia, Benjamim Carvalho e comentou com os dois senhores.
--- Interessante! Eu estava a ler um trabalho sobre discos voadores nesses últimos dias. E verifiquei tem havido desaparecimento de pessoas em várias partes do mundo. Em alguns casos as pessoas retornam. Mas fica a pergunta: quem seria o extraterrestre? Isso é um enigma. Veja bem: há publicação de que até mesmo JESUS foi raptado por extraterrestres. Mas isso, até hoje, não passa de teorias. – comentou um tanto triste o veterinário João Mota.
--- Mas há fatos sobre o desaparecimento de pessoas? Gente? Eu nunca ouvi falar em tais fatos! – aludiu o sargento Carvalho a se preocupar com Solano e os vaqueiros.
--- Há hipóteses. Pelos menos alguns historiadores e autores defendem teses de pessoas que desaparecem misteriosamente. Aviões, navios, barcos. Esses casos foram comprovados! E pergunta-se: onde estarão tais pessoas em nossos dias? Você tem nesse caso um enigma. – relatou o veterinário.
--- É danado! Agora é bem aqui que eles vêm procurar gente para levar para o “inferno”! – relatou o velho Juca sem saber o que dizer.
O veterinário Joao Mota sorriu de leve pela preocupação do velho em ir parar no “inferno” como os seus pobres vaqueiros. E relatou então:
--- Ouça com bastante atenção. Na Suíça, um grupo de alpinista desapareceu sem deixar rastro. A polícia apenas encontrou pegadas dos alpinistas até certo ponto. E então parou. As pegadas pararam em certo ponto. Ou seja: sumiram. – relatou o veterinário com bastante preocupação.
--- Mas isso é muito distante! Onde é essa tal Suíça? – indagou o velho Juca.
--- Não é muito longe. Fica perto do Vaticano, em Roma! – explicou João Mota.
--- É. Mas é muito longe. Eu quero ver aqui onde nós estamos! – fez questão de saber o velho Juca.
--- Aqui, eu não sei. Mas nos Estados Unidos, na França, na Espanha. Esse caso foi por um jovem brasileiro que estava treinando em uma a Base Militar. – disse mais o veterinário João Mota.

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