segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 20-

- Gwyneth Paltrow -
- 20 -
TEMPLO
Já passava do meio dia quando os dois cavaleiros pegaram as veredas da subida da Serra do Monte Sagrado em busca do caminho do Templo das Orações, local por demais exótico onde nada havia de especial. Após longa caminhada, o homem camponês rustico parou em um elevado e mostrou ao repórter.
--- É aqui mesmo. O Templo que eu falo! – disse Gafanhoto a retirar do alforje um pedaço de rapadura e um punhado de farinha seca.
O rude homem ofereceu ao repórter Eustáquio Lopes um pouco do seu alimento ao que, de imediato, agradeceu o rapaz ao falar ter levado com ele a refeição própria daqueles andantes das serras; rapadura, carne jabá, farinha seca, café para fazer quando fosse preciso e um saco de açúcar mascavo. Em uma cuíca o repórter também levava um pouco de água para beber.  Gafanhoto olhou por bem o alimento de Sonrisal e disse ao rapaz:
--- Bom. Você já andou pelas serras? – indagou o camponês com o rosto sereno.
--- Algumas vezes. Mas meu pai é do interior. Ele recomenda a nós levarmos uma sacola com alimentos quando fazemos viagem por esse mundo afora. – declarou o rapaz a sorrir leve.
--- Ah bom. Eu levo sempre o meu alforje. – declarou o camponês ao rapaz.
O Templo estava todo coberto de mato. Quem fosse perambular pelo chão quente haveria de tropeçar na floresta ali existente. Era uma densa selva de capões. Um monumento perdido ao verdadeiro acaso dos homens da atual civilização. Obra desconhecida do progresso do tempo hodierno. Um passado milenar aquele perdido na serra. Talvez tivesse cinco ou dez mil anos. O Oraculo era todo erguido com pedras facejadas levantado por certo por mãos calejadas de milhares de peregrinos. Alí estava uma história misteriosa e fantástica de segredos de um passado remoto. Imagens colossais de ruinas enigmáticas de um povo culto oriundo das estrelas. Possivelmente era aquela uma das maiores e bem sucedidas parábolas da Arqueologia contemporânea. Em seu meio havia relevos e divindades de uma espécie desconhecida. Uma curiosa formação não natural fincada nos confins na Serra do Monte Sagrado. Restos de um velho templo sob o formato de um Disco Voador se bem assim era entendido. A vegetação implacável encobria todo aquele ambiente. Por vez, uma antiga escultura se mostrava nos enclaves das ruinas talvez de uma antiga deusa ou algo de igual aparência. Alí estava um vasto e desconhecido complexo ainda oculto pela densa cobertura da selva perdido entre os demais monumentos das desconhecidas obras de uma civilização.
Esse foi um momento de êxtase para o repórter Eustáquio Lopes perdido em seu puro sonho de falar. Ele estava naquele instante metido no mais acobertado local onde nenhum homem havia estado antes.  Uma grandiosidade inimaginável de um passado remoto. De um momento o repórter então falou a perscrutar todo aquele cenário remoto e monumental:
--- Quem eram os deuses habitantes desse local? – indagou o repórter ao camponês rustico.
--- Os homens das estrelas. Meu pai dizia sempre isso. E eles, os astronautas, sempre voltam aqui para buscar minério. – relatou o camponês sem maior resistência ao falar.
--- Mas o senhor nunca mostrou esse Oraculo à outra pessoa? – perguntou o repórter ao campônio.
--- Não. E acho que não mostrar. Esses cientistas estão à procura dos homens das estrelas. Mas não creio que encontrem. Tem muito mistério nas urnas. Muitos mistérios. – relatou o homem ao falar tal fato.
--- Mas o senhor diz: Mistérios! Quais mistérios? – perguntou o repórter ao campônio.
--- Mistérios. Eles não passam por nenhum dos tantos. Mistérios das Águas. – declarou o camponês.
--- Águas? Mistérios das Águas? Que mistérios são esses? – indagou sobressaltado o repórter.
---Mistérios! Mistérios são mistérios! – relatou o camponês como se tivesse raiva.
--- Ah bom. – falou o rapaz a caminhar pelo salão do Templo tirando fotos de e outro lado.
--- As catacumbas! – falou o camponês ao repórter e apontou para um local.
--- Que? – indagou com medo o repórter.
--- Catacumbas. Você está em cima de uma! – falou calmo o homem sem sorrir.
Ao falar em catacumba o repórter pulou de lado temendo fazer afundar o chão de pedra. Era o medo terrível e inquietante que se aplacou do rapaz. Uma serpente estava bem em cima da catacumba. O rapaz então ficou mais temeroso em ser agredido pela serpente. E gritou para o camponês.
--- Serpente! – gritou angustiado diante do bote armado da serpente.
Um tiro se fez. Então o rapaz foi ao desvario, pois o tiro atingiu a serpente já em pleno os seus pés. E o rapaz não sabia se desmaiava ou não diante daquele impacto da bala a atingir a cabeça da serpente.
--- Era uma cascavel. Ela estava pronta para dar o bote no senhor. – relatou o homem a guardar a arma no seu coldre.
O rapaz procurou um canto para se sentar, mas não encontrou nenhum. Ele suava frio por ter sido salvo da serpente. O camponês se chegou até ao rapaz e o protegeu com certa paciência.
--- Acalme-se. Já passou. Isso acontece. Tem muitas cobras por aqui. – fez ver Gafanhoto acalentando Sonrisal. O rapaz não teve outro jeito e se pôs a chorar.
O tempo caminhava para as três horas da tarde. O rapaz, refeito da situação pela qual passara, já estava pronto para prosseguir no seu caminhar. Ele olhou para Gafanhoto e esse sorriu. E em seguida quis saber:
--- Pronto? – perguntou o camponês a sorrir calmo.
--- Não tem mais cobra? – quis saber o repórter ao indagar a Gafanhoto.
--- Deve ter. Nunca se sabe. Elas aparecem aqui e ali. Mas não se preocupe. Então vamos seguir o caminho. – tagarelou Gafanhoto a proteger o rapaz.
Por sorte, não se encontrou mais serpentes pelo caminho. Os jegues baixos, com pouco carrego estavam bem longe dos homens e passou a colher o mato para tragar. O Oraculo se encontrava no centro de outro bem maior, parecendo um templo maçônico já feito nos dias atuais. Porém aquele detalhe não importou ao repórter Eustáquio Lopes porque ele não era maçom. Quem sabe se ele fosse não teria descoberto bem mais pormenores a olhar para a muralha em frente e poder ver algum detalhe do Salão dos Passos Perdidos existentes no solar maçônico? No caminhar pelo salão, Sonrisal teve que descer as escadarias onde havia estranhos rostos a fitar os neófitos pobres de Jó. O iniciático Eustáquio Lopes nada entendia sobre aqueles nobres símbolos de velhos registros cujo teor se encontraria nos Livros Sagados do Tempo Perdido. Ao descer as escadarias, tendo a frente o eu guia, o camponês Aquiles. O repórter tentava registar em foto tudo o que lhe impressionava. Uma serpente dourada esculpida em uma parede; uma ave de rapina, talvez uma águia ou um condor a olhar inquieto os passos do rapaz; uma caveira horrenda como querer morder os caminhantes que por ali passavam; e um ídolo negro repleto de inscrições de forma desconhecida.
O repórter ainda perguntou ao camponês a seguir afrente:
--- A Caverna dos Segredos? – indagou o rapaz ao camponês.
--- Eu não encontrei essa Caverna. Talvez seja enterrada abaixo do chão. Não sei. Juro! – disse em troca o mateiro.
--- Já é quase noite. – respondeu o repórter.
--- É. Vamos ter que dormir aqui, nas pedras. – disse o homem.
--- Por que a gente não volta? – perguntou Sonrisal.
--- Hoje não dá mais. Temos que prosseguir. Tem o hangar das astronaves. Estamos pertos. Amanhã nós chegaremos ao hangar. – respondeu Gafanhoto procurando um local para dormir.
--- Vamos fazer café? – indagou Sonrisal.
--- É bom. Logo após vamos dormir nessas pedras. – comentou o mateiro Gafanhoto.
Aquela noite fez frio no alto da serra. Por vários momentos o repórter Eustáquio Lopes dormia e acordava por conta do mau jeito encontrado a se por nas pedras, única forma para ele se ajeitar. Ele olhava o céu noturno e avistava as estrelas. Havia muitas estrelas. Uma enormidade de fogueirinhas brilhantes no céu para onde ele olhasse. Nunca, na cidade, ele teve a oportunidade de ver tantas estrelas como estava a ver no alto da serra. Os grilos a cantar por toda a noite parecia um soar intermitente ao saber onde estava o seu acasalador. Ela não ouvia o coaxar dos sapos. E perguntava a ele mesmo:
--- Será que tem sapo aqui? – foi à pergunta feita por Eustáquio.
De repente, algo lhe assustou! Talvez fosse outra cascavel. E ele forçou o seu companheiro de excursão a verificar onde estava a tal chamada cobra.
--- Gafanhoto! Gafanhoto! Tem uma cobra aqui perto! Acorda homem! – chamou mais que depressa o rapaz.
O homem acordou meio sonolento e logo voltou a se deitar sem nada dizer.
--- Acorda companheiro! É uma cobra! – quase gritou o repórter.
--- Não é cobra. É grilo! Vai dormir! Ou deixa que eu durma! – relatou com raiva o homem.
Dessa hora em diante a noite acabara para Eustáquio.

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