sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 24 -

- Mulher da Ucrania -
- 24 -
SÁBIOS
Com essa atitude de Gafanhoto, o rapaz ficou pouco mais tranquilo.  Na verdade, naquele local onde o repórter estava, era ali que havia a Reunião dos Sábios, a Cúpula dos Eternos e outras reuniões a qual se fazia necessário. E Gafanhoto explicou a Eustáquio Lopes o sentido do Templo onde havia poucos presentes a participar de uma determinada reunião ou conclave. O destino de cada um era traçado naquele recinto. E de acordo com o que fosse decidida, a pena era imposta sumariamente.
--- E essa porta permanecia sempre fechada? – indagou o repórter a Gafanhoto sempre com temor.
--- Sempre. Sempre. Veja bem. Os extraterrestres eram homens vindos de galáxias distantes, como por exemplo, Andrômeda. Eles tinham uma reverencia muito especial pelo deus Marduk. E se costumava dizer ser Marduk o “olho que tudo vê”. Sendo assim, em cada Portal do Templo tem uma alegoria do olho. Não se pode abrir uma porta ou portal se não conhecer o segredo. Em nenhum Portal. Ele é feito de uma espécie de níquel com textura de bronze. O níquel foi trazido da terra dos deuses, da galáxia de Andrômeda. Quem usar o níquel não deve se expor durante muito tempo a sua exposição. Ele é  um metal que emana um gás extremamente tóxico. – relatou Gafanhoto ao aturdido repórter.
--- Mas tem níquel aqui. – fez ver o repórter Sonrisal.
--- Tem. Isso tem. Porém o níquel sempre foi trazido de rochas e meteoros. Quando chega um meteoro na Terra logo se procura o níquel. Acontece ter em Andrômeda vários depósitos de níquel. Quando se põe um Portal como esse – e Gafanhoto se virou para mostrar o portal do Templo – é que se aplica o níquel, muito mais duro que o ferro. – comentou o homem do mato.
--- Entendo. Mas o que me falta saber é de que como o senhor sabe de tudo isso! – perguntou o repórter.
--- Foi meu pai quem me disse. – argumentou Gafanhoto sem sorrir.
O repórter coçou a cabeça fazendo uma careta como de alguém que não acreditasse em tudo o que lhe relatava o homem do mato. E em seguida quis saber.
--- E como o seu pai soube de tal assunto? – perguntou o repórter.
--- Estudando. Ora! – reclamou Gafanhoto.
--- Mas o senhor já falou que seu pai não tinha estudo! E como foi que soube disso? – quis compreender Sonrisal.
--- Eu disse que ele nunca foi à escola. Ele vivia de fazer carvão. O seu nome era Juvenal do Jumento. Ele nunca foi de estudar na escola. Mas, nem por isso ele deixou de ler. – relatou Gafanhoto.
--- Por caso, ele sabia como se fez o Universo? – perguntou cheio de duvidas o repórter.
--- Veja bem. Escute. O Universo é o Mundo. Ele é feito como uma teia de aranha. Como existem nas teias os buracos, também existe no Universo. E é por esses buracos parecendo pequenos que se faz a Energia Cósmica. O Ovo Cósmico. Isso é a Teoria dos Eternos. Dos Deuses. – falou sem meias palavras o homem.
--- É danado. O homem sabia demais. – comentou sem sorrir com o rosto obtuso.
--- Sabia. Ele era um sábio. Eu sou apenas um retrato dele. Não sei de nada. -  foi o que disse o homem.
Após esse impasse, o repórter seguiu com Gafanhoto por um caminho tortuoso em busca do Hangar das astronaves, os chamados Discos Voadores. Ao sair do Templo dos Deuses, Gafanhoto abriu e fechou a porta de níquel-bronze. Então seguiu o caminho tortuoso para andar mais de uma hora até chegar ao local indicado pelo roceiro. Os jegues seguiam também os dois homens. De quando em quando os jegues procuravam um mato para poder comer naquela faina diária. Nada de mais. Quando Eustáquio Lopes chegou mais adiante, o seu mentor alertou para o hangar:
--- Chegamos. É aqui! – falou Gafanhoto amarrando os jegues em um pé de pau.
Sonrisal ainda teve a paciência de procurar o hangar, pois não avistava coisa alguma. Apenas procurava ver o que Gafanhoto lhe dissera. E como não podia ver coisa alguma, ainda indagou:
--- Onde? – quis saber Sonrisal onde estava o tal misterioso hangar.
--- Espere. – respondeu o homem ao amarrar os jegues.
--- Eu não estou vendo coisa alguma. – respondeu inquieto o repórter.
Passado algum tempo Gafanhoto chamou o rapaz para seguir em frente pela mata trancada por cima de pau e pedras até chegar a um solar grandioso e pleno uma espécie de zinco, aço e concreto. O rapaz caminhou um pouco inibido diante de tal colossal monumento. Era o mais ousado e estratégico espaço para abrigar as astronaves vindas do espaço. Uma das obras de maior impacto perdida na serra. Pelo que se notava o hangar podia comportar mais de cinco naves extraterrestres. A nave mãe ficava do lado de fora do planeta Terra à espera das naves mandadas para o solo.  Pelo que informava o mateiro, as naves vinham e voltavam para a nave mãe enquanto estivessem fazendo tal percurso. E Gafanhoto foi além
--- Elas pousavam nesse local e em outros também. Têm então as naves do México, Peru, Egito, Honduras, Guatemala, El Salvador. A sua escrita era o Rabinal Achí. E podemos ver as ruinas de Palenque um monumental complexo feito de pedras. – explicou Gafanhoto sem sorrir.
--- Mas essa civilização é de recente tempo. Três mil anos. – explicou o repórter.
--- Veja bem. Os extraterrestres estiveram e estão aqui há pelo menos oito mil anos. Talvez dez. Eles vêm e vão a uma interminável viagem entre a Terra e o seu planeta, em Andrômeda. Eles visitam outros planetas, fecundam as mulheres de Andrômeda. E também fecundam as daqui. – salientou Gafanhoto a mordiscar um pedaço de pau.
--- Ora. Ora. Isso, ninguém nunca falou! – refletiu o repórter ao responder ao homem da roça.
--- Olhe bem. Tem gente aqui na Terra que você não sabe nem de onde veio. Homens e mulheres bem altos como se não fosse nem desse mundo. Pois os homens das estrelas têm o seu efeito nesses casos. Eles fecundam na Terra e até no chamado Planeta X, cujo nome agora eu me esqueço. – explicou Gafanhoto.
--- Planeta o que? – disse alarmado o repórter.
--- É o Planeta X. É um dos planetas que esperam colidir com a Terra. Mas isso vai para mais de cinco bilhões de anos. Nem se preocupe. Você não estará mais vivo daqui até esse tempo. – quis dizer Gafanhoto
--- Puxa! Dessa vez eu tive medo mesmo! – relatou o repórter tremendo das pernas.
--- Mas cinco bilhões de anos passam de um momento para outro. – dessa vez sorriu Gafanhoto.
--- Mas eu já não estarei vivo mesmo. Com certeza. – sorriu Sonrisal ao pensar no tempo do choque entre os dois planetas.
--- O meu pai falava sempre em planetas que ficavam no aglomerado de Virgem. Mas, pelo que ele me falou, tais planetas estão a escapar do centro da galáxia. Todas as galáxias. Tem mais de um bilhão de galáxias no Universo. E com essas, mais de um bilhão de sois, planetas, Triângulos e coisa enfim. – explicou sem preocupação o homem do mato.
O repórter Eustáquio Lopes passou a tirar fotos de todo o hangar para então mostrar a civil ação da capital do Estado, quando logo voltasse. Os argumentos dados por Aquiles, o Gafanhoto, servia como base. As fotos sairiam como documento da matéria. Ele, na verdade, esteve no local. Apenas não revelaria onde fora esse local para deixarem apagadas todas as suas descobertas. Antes do final do dia, os dois cavaleiros voltaram à cidade. O repórter repleto de orgulho por tal matéria. E o mateiro apenas sorria com o seu palavreado a sair no jornal. Ele sempre dissera o assunto dessa história. Porém, nunca ninguém acreditou no que Gafanhoto dizia. Agora ele era tema da entrevista de jornal. E estava então descansado.
O repórter apenas voltou a capital na manhã do dia seguinte, uma segunda feira, porque já não havia transporte àquela hora da noite. Quando os dois companheiros chegaram à cidade já estava a mais de oito horas. E com isso, aproveitando o convite e Sonrisal foi dormir da casa de Aquiles Gafanhoto. Os dois ainda conversaram por longas horas, chegando até atirar o sono de Eustáquio. A mulher de Aquiles Gafanhoto nesse dia estava tomando conta de uma fazenda nos arredores de Panelas e assim, os dois homens tiveram tempo para conversar até demais. E dia se preparava para amanhecer, com o crepúsculo alertando a hora de se ir embora. O ônibus tinha horário de partir. E Gafanhoto, da porta de sua humilde casa, dava adeus ao repórter  ao toque de violão plangente que o homem tirara do cabide de seu armador de rede.
Na manhã da segunda feira, Aquiles tomou conhecimento da decisão dos cientistas em não mais vasculhar as encostas do alto da Serra do Monte Sagrado pelo motivo de não terem conseguido derrubar o portal de bronze de uma aparente catacumba onde eles estiveram durante quatro meses. Gafanhoto sorriu com a presepada dos cientistas e nada comentou. Sabia ele que os homens da ciência explodiram uma carga de dinamite. Mas, ao que parecia, foi tudo em vão. Gafanhoto pensou ter a dinamite foi algum estrago no portal. A explosão poderia danificar o mecanismo da porta e não mais abrir como era de costume. Afinal, a dinamite apenas fazia efeito pelo lado de fora do portal, quando essa explodisse. E Gafanhoto levou em consideração não terem os cientistas alertados para como se abrir a tamanha geringonça. E, na ocasião ele ainda pensou. 
---É danado! Tão fácil. – e sorriu sem nada além falar.
Em tal momento chegou ao seu casebre um jipe da Aeronáutica para saber se ele podia atender ao Comando da Corporação eu urgente solicitação. Ele ficou no seu alpendre a meditar. E então indagou:
--- Agora? – perguntou o homem por demais preocupado ao tenente.
--- Se possível! – sorriu o tenente.
--- Está bem. Eu vou! – disse Gafanhoto.

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