quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 16 -

- Zooey Deschanel -
- 16 -
HOMENS DAS ESTRELAS
A história de Sonrisal a conversar com Gafanhoto estourou como uma bomba nos meios radiofônicos da capital onde a estação era pouco ouvida pelo pessoal de classe da metrópole. No inicio foi devagar. Mas, com a continuação da manhã e até o meio dia o povo só queria ouvir a emissora. Constantemente, a rádio divulgava:
--- Dentro de instantes, a entrevista com Aquiles, o homem que viu o Disco Voador. – relatava o locutor do horário.
Aquiles, para quem ainda não sabia, era tão somente o popular Gafanhoto, roceiro do município de Panelas onde estava concentrada a pesquisa sobre os Discos Voadores.  Ao citar apenas este fato, a reportagem cresceu ainda mais e, Sonrisal era por demais o senhor da noticia. Na verdade, o nome de Sonrisal era por sinal Eustáquio Lopes. Desde o tempo de menino tinha ele adquirido esse apelido e por isso ficou sendo chamado. Na conversa com Sonrisal, o homem relatou ter ido varias vezes o canto marcado pelo seu pai, homem simples, mas de grande cultura, conhecedor da leitura de povos antigos. Tanto é que os nomes dos filhos o pai mesmo escolhia.
--- Eu fui várias vezes ao chamado Monte Sagradas. Eu e o meu irmão. – relatou Gafanhoto.
--- E senhor tem irmãos? – perguntou Eustáquio Lopes.
--- Tenho. É o mais velho que eu. Quase! – respondeu Gafanhoto.
---Quase? Quase o que? – perguntou assustado o repórter.
--- É um nome muito comprido. A gente o chama de Quase. – respondeu mais uma vez Gafanhoto.
--- Mas               Quase não é nome. Deve ter um sobrenome! – inquietou-se o repórter.
--- É. Na verdade o nome dele é Quasímodo. Mas os irmãos chamam de Quase. – decifrou o irmão de Quasímodo sem achar graça nenhuma.
--- Mas Quasímodo. É o nome dele? –  sorriu quase louco o repórter.
--- É. Meu pai tinha dessas coisas. Quasímodo, Aquiles, Nero, Miguel Strogoff, Afrodite e assim por diante. Eram nomes esquisitos. – fez ver o homem do mato
Então, Sonrisal soltou uma bela longa gargalhada que não tinha mais que acabar. Sorriu as pampas. Sorriu demais. Após um longo período Sonrisal explicou ser Quasímodo um personagem de um romance de Victor Hugo. E ainda quis saber se o homem tinha tal conhecimento. E Gafanhoto disse que nunca ouviu falar.
--- Seu pai tinha estudos? – perguntou Sonrisal a sorrir.
--- Não. Ele tinha muitos livros no quarto onde meu pai dormia mais minha mãe. Ainda devem estar por lá os livros que ele gostava de ler. – relatou o homem puramente sem achar graça.
--- E não tinha mais irmãos de nomes estranhos? – indagou o repórter ainda a sorrir.
--- Teve um que morreu pequeno. Esse se chamava Netuno. Uma moça que vive só. E se chama Acherópita. Eu acho que ela não casou por causa do nome que tem. – relatou o homem muito sério. 
--- Mas não é possível! – gargalhou Sonrisal. E então quis saber de mais alguns.
E o homem respondeu:
--- Papazone. É mulher. Casou e o marido caiu fora. Foi-se. Pataca. Também mulher. Essa morreu. Arabites. Homem. Esse está vivo. Agrícola da Terra. Esse foi para o sul do País há algum tempo. Tiveram outros que morreram quando ainda eram pequenos. – explicou Gafanhoto com o rosto arranhado.
Isso deu razão para Sonrisal sorrir demais. E quase morre de tanto tossir.  Se havia apenas um Quasímodo, os outros eram bem mais esquisitos. Era noite e Sonrisal perguntou em off se o homem se lembrava do local onde passou com o sei pai. Ele respondeu que sim.
--- É um local bem distante de onde nós estamos. Mas eu sei bem onde fica. Aliás, o meu pai sempre dizia que naquele local tinha uma mina. E que os extraterrestres faziam orações. Pois lá tinha um templo religioso. – explicou Gafanhoto sem emoção.
--- Mina? – espantou o repórter. – Mina de que? – perguntou Sonrisal mais uma vez.
--- Não sei. Ele não dizia. Apenas relatou que lá em cima tinha uma mina. – profetizou Gafanhoto.
--- E por que você não perguntava? – falou de vez Sonrisal.
--- Eu era pequeno. Não entendia de nada. Apenas ele falou ser um local de completa adoração. – relatou o homem com remorso.
Passou-se um momento e então Sonrisal quis saber do restante da história. E indagou:
--- Mas os cientistas arqueólogos estão cavando do lado de cá. – relatou Sonrisal, preocupado com os novos ensinamentos de Gafanhoto.
--- É. Ali é o cemitério dos deuses. Mas para o outro lado, os extraterrestres tinham habitações, templos, a caverna do segredo. Tudo isso. – fez ver o homem simples.
--- Caverna do segredo? Que é isso? Como é que pode? – se enervou o repórter ao falar o homem.
--- Meu pai dizia ter os homens das estrelas muitos segredos. Um dia, eu perguntei a ele: - disse Gafanhoto.
Resposta antiga:
--- Meu pai! O senhor conhece os homens das estrelas? – indagou
--- Conheço. Eles moravam nesse lugar. – apontou o velho Juvenal do Jumento para um ponto distante a cima do morro.
--- Mas o senhor nunca me disse isso! – exclamou o menino Aquiles ao velho pai.
--- Por que eu tenho que dizer tudo a você? – indagou com certa raiva o velho Juvenal do Jumento.
E o menino ficou decepcionado com aquela resposta. Quem sabe, se um dia, o velho não foi ao local onde habitavam os homens das estrelas? Foi a questão que parou no ar do menino. E certa vez o garoto ainda quis saber do seu pai, quando estavam buscando carvão na mata perto do local onde tinham habitado os homens das estrelas.
--- Meu pai! O senhor me permite de eu ir ao local da Caverna do Segredo? – pediu com paciência o menino Aquiles.
E o velho respondeu com voz firme:
--- Não! Nem se meta a besta! Fique quieto! – respondeu com raiva o velho Juvenal.
A conversa então parou nesse ponto. Tempos depois, quando o velho já havia morrido, Gafanhoto percorreu novamente o local achando o templo das orações e uma espécie de hangar onde os homens das estrelas guardavam seus Discos Voadores. Mas o homem não encontrou a Caverna do Segredo. Relembrando a história contada por seu pai, Gafanhoto se lembrou da mina. Mesmo assim, ele não quis pesquisar mais.
Então, Sonrisal perguntou ao homem se ele teria coragem de ir os dois ao campo perdido da Serra do Monte Sagrado. O homem refletiu um pouco para depois responder.
--- É. Podemos ir. Qualquer dia desses. – respondeu o homem ao seu interlocutor. E disse ainda:
Respondeu Gafanhoto a Sonrisal.
--- Eu tenho a impressão que o meu pai era gente de outras estrelas. – respondeu o homem amargurado.
Essa parte da conversa de Sonrisal com Gafanhoto, não foi gravadas. Eles apenas confabularam entre si o assunto perdido no espaço. E ficou acertado que no próximo sábado o repórter estaria em casa de Gafanhoto, logo cedo do dia, para os dois caminharem ao ponto da serra dito pelo matuto. O repórter queria testemunhar o local e, para tanto, conseguiu por empréstimo uma máquina fotográfica. Que a trajetória dos dois homens ficasse em absoluto segredo para que ninguém soubesse do acontecimento.
A parte divulgada pelo Grande Jornal do Meio Dia pela emissora foi verdadeiramente tomada como um alarme por quantos ouviram. Por isso, no dia seguinte, os repórteres de jornais, rádios e televisões já estavam em campo a procura de um homem chamado por Gafanhoto morador e mateiro de certo ponto do município de Panelas, a duzentos quilômetros da capital. Era um tumulto sem fim com tantos repórteres, fotógrafos e cinegrafistas a cata de Gafanhoto. Depois de longa e extenuante jornada, os repórteres descobriram a tapera onde o homem residia. Contudo, a tapera estava fechada e não havia viva alma. Os moradores próximos ficavam a meio quilometro de distancia. Uns diziam não ter visto Gafanhoto, outros relatavam ter ele saído para a caça, com certeza. Alguém somente queria ver a luz de uma câmera de cinegrafista. E toda a criançada se aglutinava em torno dos repórteres e seus acompanhantes. De certo modo, a notícia do paradeiro de Gafanhoto era um enigma. Por certo, aquela gente sabia da caçada que o homem fazia por locais remotos. Quanto à magrinha esposa de Gafanhoto deveria estar tomando conta de outro sitio, propriedade de um fazendeiro da região. E quem perguntasse, recebia a resposta:
--- É bem longe daqui. Lá. .. – respondia quem fosse perguntado apontando o dedo da direção de algum ponto.

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