quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 10 -

- Fernanda Lima -
- 10 -
O prefeito municipal de Panelas, Sebastiao Salgado, ainda estava reunido com a futura Secretária de Educação daquele Município, a senhorita Marina Martins, discutindo os afazeres que lhe tinha a passar, quando, de repente, a cidade se viu como se fosse invadida por homens de farda, todos do Exercito, vindos em três caminhões gigantes e um jipe, além de mais dois carros menores de placa oficial trazendo, no primeiro carro, o Secretario do Interior de Justiça do Governo do Estado e mais um auxiliar, um repórter do Palácio do Governo e um fotógrafo. No segundo carro, vinham fotógrafos e repórteres. Na sequencia a fila estavam três caminhões gigantes e um jipe, com um coronel, dois majores além de capitães, tenentes, sargentos, cabos e praças – soldados -. Esses homens de menor patente todos eles vinham camuflados como se fosse destacado para uma guerra. A situação provocou na gente humilde do lugar, pois temerosas às mães de famílias puxaram os seus filhos para dentro de casa e fecharam as portas. Com isso, o pessoal ficou temeroso, ficando amuado e cheio de pavor, olhando pelas brechas das portas o que estava a acontecer. O menino, ainda perguntou assustado.
--- O que mãe? – dizia o menino assustado e sem entender de nada.
--- Não sei meu filho! Parece que é a guerra! – dizia a mulher apavorada com a situação de fora.
--- Deixa eu ver a guerra. Deixa eu ver. - dizia a criança sem saber o que estava a dizer.
--- Não! Vá  já pra rede! Já! – descompunha a mãe aterrorizada.
Era assim o quadro geral das pessoas, todas temerosas. Os caminhões tinham duas versões de cabine, com teto tipo duro e a trazeira coberta de lona. Um dos caminhões tinha guincho da frente, no para-choque dianteiro. Para quem olhava de perto podia notar uma motocicleta toda bem equipada inclusive com armamento bélico preso a trazeira do primeiro caminhão gigante. Era um veículo de duas rodas a atingir a uma velocidade 160 km/h, sendo assim se tornado o transporte mais veloz do mundo. Os homens mais desarrumados do lugar correram para perto da Igreja temendo a ser chamado a enfrentar os barulhentos carros de guerra. Outros exclamavam sem a menor temeridade:
--- Foi Deus que mandou esses carros! Foi Deus! – exclamava em derradeiro espanto o homem que atendia pelo nome de “Trapo”.
De imediato, um estafeta correu até a Prefeitura para avisar o prefeito Salgado que a cidade estava sendo invadida pelos homens de verde.
--- Os soldados, seu prefeito!! Os soldados! Corra! Depressa! – disse assombrado e agonizante o estafeta alarmado.
--- Corra pra onde? E alguém está morrendo? – discutia o prefeito sentindo-se ofendido.
O comboio parou a frente do casarão do Coronel Juca, onde, de imediato a tropa comandada por seus oficiais isolaram de vez toda a área enquanto o Coronel do Exercito, dois majores, o Secretario de Interior e Justiça e mais o repórter e o fotógrafo do Governo do Estado.
--- Não entra mais ninguém! – relatou um militar camuflado.
Todos os componentes da comitiva ficaram a esperara segunda ordem. Na frente do casarão já estava tudo tomado de soldados armados até aos dentes sem tecer conversa com ninguém. Apenas eles obedeciam a ordem de algum sargento a destacar cada qual para a sua posição. Um fotógrafo documentou a cena e mais o terreno da Fazenda Mutamba em seus vários ângulos. O Coronel do Exercito, maior patente em sua posição, conversou por vários minutos com o velho Juca – João Tenório de Alencastro, conhecido também como Coronel – indagando o que havia de fato ocorrido nas ultimas horas em sua propriedade.
--- Homem! O menino foi quem disse ter uns homens parecendo monstros. Eles raptaram meus dois vaqueiros e um rapaz que ajuda o doutor João Mota. Lá pras tantas esses vaqueiros e o ajudante de veterinário apareceram e nada souberam dizer. Nem sequer se lembravam de terem sido raptados. Apenas eles procuraram os cavalos. Somente isso. – relatou o velho Juca.
--- Mas, ao que parece, o fato se deu em seu terreno, próximo a Serra Monte Sagrado. Eu quero ver com detalhes essa serra. E também o local onde o gado foi morto. – relatou com paciência e precaução o coronel do Exercito.
--- É. Teve isso. E mais umas aves de rapina. Foi no pé da serra. E os meus vaqueiros estão aqui perto do curral. Eles também podem falar. – relatou o velho Juca vendo que sua patente não valia nada.
--- Está bem. Eu falo com eles. Mas alguém da casa teria dito que o local foi habitado por alienígenas! Quem foi a pessoa? – quis saber o coronel em solene pergunta.
--- Bem. Coronel! A minha mulher leva em conta o que o povo diz. Para ela aquele Monte é Sagrado. Foi a minha Rita a pessoa que disse isso. – sustentou o velho Juca e não teve tempo nem de chamar a sua mulher, pois essa já havia chegado a sala onde havia as reunião daquela tarde.
--- Foi eu Coronel! Fui eu! Naquela serra não há quem pise. E quem for não volta para contar o que viu. Em tempos remotos, de mais de mil anos, alí habitava os homens das cavernas. Por lá eles faziam as suas orações e um tempo eles seguiram para as suas moradias, nas estrelas. Isso é o que contavam os antigos habitantes dessa região. – falou a mulher compenetrada com sua leitura do oficio.
E a estória prosseguiu por um logo tempo enquanto um major se deslocou ate a fazenda “Mombaça” do senhor Orlando Martins para averiguar o que havia ocorrido nas suas terras nas últimas horas. Naquelas terras apenas morreram dez cabeças de gado. Orlando Martins nem mesmo se referiu ao sequestro que sofreu na noite do sábado, pois de nada se lembrava. Com a chegada do Major do Exercito a casa ficou entulhada de vaqueiros a procurar ouvir a conversa dos dois homens. Do lado de fora da casa tinham apostos três soldados e outros dois e um sargentos, no total de sete militares, estavam no portão de fora da entrada da Fazenda Mombaça. Foi nesse instante que a moça, Marina Martins chegou ao portão de entrada da fazenda e foi barrada pelos militares. Então, ele argumentou se a filha do dono do cercado tendo mostrado para isso a sua identidade.
--- Eu sou filha de Orlando Martins! – disse Marina atônita.
--- Documento, por favor! – falou o sargento sem muita pressa.
--- Está aqui Senhor. Identidade. E tenho também, CPF, carteira de motorista. Eu só quero saber o que esta acontecendo com o meu pai. – respondeu a moça atarantada.
--- Praça! Leve a moça até a entrada da casa! – respondeu o Sargento sem maiores argumentos.
E com isso a moça Marina pode seguir sem sossego até a sua casa grande onde o soldado saiu do automóvel e voltou correndo para o portão de entrada do terreno não muito distante. A moça, para entrar na casa grande teve que mostrar a sua identidade ao militar que estava de plantão do lado de fora do casarão e assim, ela obteve a permissão de entrar.
--- Que caninga essa! Ora que merda. No dia em que assumo a Secretaria de Educação! Bosta! – reclamou Marina por tudo que passara.
E em seguida a moça entrou na sala onde seu pai estava em reunião com o militar de patente. Ela não disse nada e apenas cumprimentou o Major do Exercito com o balançar apenas da cabeça. Logo em seguida se sentou a mesa e ouviu o restante da conversa. A certa altura o Major perguntou quem era a moça.
--- É  minha filha. Marina. Funcionária do Município. – disse o pai orgulhoso da filha.
--- Prazer. Senhorita! – respondeu o Major.
--- Satisfação. Digo eu! – respondeu Marina ao esboçar um leve sorriso.
E a conversa prosseguiu entre os dois homens. Há certo tempo o Major, além de indagar sobre o achado das cabeças de gado já sem vida, perguntou ainda a Orlando Martins o que ele sabia sobre a morte de vinte e três cabeças de gados e certo número de aves de rapina ocorrida na fazenda do Coronel Juca, como o povo chamava o velho João Tenório de Alencastro. E Orlando deu a sua versão.
--- Major! Eu ouvi dizer do infortúnio do velho com a perda do gado. Porém, como eu estava ocupado com as minhas cabeças de gado, não tive a oportunidade de fazer uma visita ao coronel. Aliás, eu cheguei a dar uma carona a um vaqueiro do coronel, mas esse nada me falou sobre a morte dos animais. E a proposito, eu tenho lembrança de um fato ocorrido com a minha pessoa na noite do sábado passado. Eu vinha chegando a moradia, quando as luzes do meu carro se apagaram. Ficou tudo escuro. Eu me assustei com aquilo e procurei a lanterna que eu lavo no saco do carro, e essa não deu nem sinal de luz. Foi então que eu vi um imenso disco a minha frente, iluminado por baixo, e lego desapareceu. É bom dizer que eu estava fora do veículo quando vi o tal disco. Era enorme. E, não sei por que, até esse momento de agora, eu não tinha falado sobre a tal aparição. – comentou de certo modo sem jeito o doutor Orlando Martins.
--- O senhor está falando em UFOS? Em objetos Óvnis? É isso? – inquiriu o Major ao doutor Orlando de forma espantosa.
--- É. Isso mesmo. Agora, não sei por que não me lembrei de tal caso antes. Eu sei que adormeci ao volante do meu carro. Mas não me lembro de ter entrado. Isso não é estranho Major? – indagou Orlando ao Major do Exercito.
--- Com licença, se o senhor me permitir eu tenho que passar um rádio para o meu Superior. – falou severo o Major do Exercito.
E de imediato passou um radio direto do jipe que estava parado do lado de fora do alpendre da fazenda e ouviu de imediato o que o coronel tinha para dizer. Em poucos minutos um caminhão chegou ao sitio de Orlando Martins repleto de soldados, cabos, sargentos e o Coronel do Exercito. Houve um tumulto entre os vaqueiros, suas mulheres e filhos temendo ser a guerra que estava para acontecer. Houve uma correria geral pelo quintal da fazenda. Orlando, sem de nada saber, apenas procurava entender.

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