sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 12 -

- Barbara Borges -
- 12 -
AVIÕES
A conversa continuou entre os homens quando o Secretário de Interior e Justiça declarou ter de ir embora, pois a sua estadia na casa do velho Juca Alencastro era por demais preocupante e ele teria que registar os acontecimentos ao Governador do Estado ainda naquela noite tardia. Apesar dos chamados do velho para que o Secretário ficasse ele se dispôs em ir, pois o Comando do Exercito estava já por demais assentado e agora era a vez de chamar a polícia militar para por em guarda o restante do município de Panelas, local não muito distante da capital.  O Secretário ainda esteve no Quartel improvisado do Comando relatando o que estava a fazer naquele instante e se o Exército necessitasse de mais algo para o seu bem estar era só falar com o velho Juca, pois o homem estava de prontidão para tudo e qualquer coisa.  O Coronel Militar disse estar tudo muito bem e esperaria escalar o Monte Sagrado às primeiras horas da manhã do dia seguinte, pois esperava a chegada de mais viaturas do comando com pessoal adestrado em escalada de serras para poder seguir a sua missão.
A notícia se espalhou rápido pelos meios militares, pois de imediato a notícia de OVNIS estava a conhecer nos altos comandos militares do Exército, Aeronáutica e da Marinha sem contar com a Polícia Militar do Estado. Na mesma tarde daquele dia aviões de caça sobrevoaram a área demarcada e helicópteros fizeram voos por entre as cercanias do local registrado. A Base Naval pôs em alerta parte de sua esquadra e radares esquadrinhavam a região a procura de contato com algo diferente e que não fosse aeronave ou algo semelhante. Na capital da República as autoridades foram acionadas e as mesas de radares se puseram em alerta. A notícia se espalhou de forma confidencial para as demais bases distribuídas em todo o território nacional. Eram cinco horas da tarde quando os aparelhos de aeronaves de caça vasculhavam todo o corpo da serra do Monte Sagrado desde o minuto em que o fazendeiro Orlando Martins disse ter avistado um disco voador na noite do último sábado. Outras pessoas, como dois vaqueiros e um homem de nome Joaquim Solano teriam sido raptadas por um UFO, embora nada eles afirmassem com certeza. O pessoal ficou amedrontado principalmente por não ter nenhuma informação do que houvera. Por isso mesmo se resguardava escondida em suas taperas essa pobre gente.
Do armazém, Chiquito – Francisco de Assis Tenório – naquela tarde encerrou o expediente logo cedo e foi com o seu irmão, Tonheca – Antônio Tenório - para a casa do seu pai, o velho Juca, acompanhar tudo que dizia o Secretário do Interior e procurou ouvir também o que podia a firma o delegado Benjamim Carvalho. E o prefeito – tendo chegado horas depois - e se tinha avistado gado morto na sua fazenda. O delegado, desnorteado da vida, e com a zoada constante dos aviões de caça a sobrevoar toda aquela região tendo acompanhamento dos helicópteros que também zoavam sem cessar nada pode dizer de concreto. Logo após o Secretário saiu da residência do velho Juca com os barulhos dos aviões e tudo; dos helicópteros a passar de um lado para o outro, o velho chegou a fomentar a questão da greve. Essa era tudo o que sobrava naquela situação lastimosa: Greve dos Professores do Município.
--- Essa é demais! Em que ficou a nomeação da moça? – indagou o velho Juca todo atrapalhado.
E o prefeito Sebastiao Salgado teve a resposta tranquilizadora a dizer.
--- Eu nomeei a moça. Ela aceitou o cargo. E agora ela tem poderes de se acertar com os professores. – relatou o prefeito da cidade.
--- Espero! Espero! – comentou o velho Juca.
O delegado, por sua vez, alertou o prefeito que não tinha contato com a capital via telefone.
--- Como não tem contato? E o Exercito? – indagou o prefeito Salgado.
--- O Exercito tem os meios dele. A Central de Telefonia e que não funciona. – disse o delegado cabisbaixo.
--- Até isso? – fez ver o velho Juca.
--- É. Deve ser um defeito menor. – falou o Prefeito Salgado.
--- Espero! Quero só o que vai dar. – rezingou o velho Juca.
Na capital, o doutor Orlando Martins, já próximo do anoitecer, terminou o seu depoimento ao Comando do Exército de teve de voltar para a sua casa. Ele ainda passou pela residência a anciã dona Darama, avó materna da filha de Orlando, a moça Marina. Ali eles dois conversaram por pouco tempo tendo ele tomado café oferecido pela anciã e, por sua vez, indagado por outra moça, Darlene, prima de Marina de poder seguir viagem naquela noite com o seu tio. Tudo pronto para se viajar e então os dois seguiram sem atropelos. Até aquele instante o doutor Orlando nada sabia de Marina ser a nova Secretária de Educação do Município. Quando os dois se aproximavam da fazenda, Orlando notou na entrada da fazenda um grupo de soldados montando guarda. Quando ele seguira para a capital, já deixara os soldados acampados na entrada do sitio. E então, ele notou mais soldados tomando conta da saída do cercado. Ele nada fez e apenas se identificou para mostrar que ele era o dono da fazenda. Tendo recebido a ordem de passar, a moça lhe perguntou por que havia tanta guarda assim na fazenda.
--- Por causa da aparição de um Disco Voador. - respondeu o homem com a cara sisuda.
--- Disco Voador aqui? – indagou perplexa a jovem Darlene.
--- É. Eu vi um deles baixo, na frente do meu carro. – relatou o homem a sua sobrinha.
--- Nossa Senhora! E por que o senhor não disse antes? – fez questão em saber Darlene.
--- É. Mas não deu em nada. – comentou Orlando.
A moça se estremeceu e se encolheu no banco do carro até chegar a casa da fazenda onde tinha mais soldados de prontidão, armados até aos dentes. Ela ficou espantada com o aparato da Polícia do Exercito naquela hora da noite. Estava tudo escuro, a não ser pela iluminação da casa grande. Não havia lua e tão somente as estrelas a piscar insistente. O carro estacionou e um militar surgiu de onde não se via alguém. O carro, com os faróis acessos fazia reluzir a bainha do mosquetão do soldado. O homem, Orlando Martins, apresentou outra vez os mesmos documentos que antes mostrava na entrada do sitio. Ele indagou se aquilo tudo era precaução. Mas não obteve resposta do militar. De vez, surgiu a porta a moça Marina. Com isso, teve maior alivio a sua prima Darlene. De um pulo a moça saltou do veículo e correu as pressas para a entrada da casa e se abraçou com Marina e a perguntar o que na verdade estava havendo naquela fazenda.
--- Sei lá! A gente está presa na própria casa. No começo eram uns poucos. Agora já tem muito policia! Os verificam tudo e não dizem nada. Só abrem a boca para comer! – respondeu Marina levando para dentro da sala a sua prima Darlene.
Em seguida Orlando entrou apressado, indo até ao banheiro, onde lavaria as mãos e cuidaria de suas próprias necessidades casuais. Laura, a mulher de Orlando, com a sua filha Amanda ao colo apenas quis saber que tanta gente era aquela. Orlando respondeu:
--- Exercito! Eles estão prevenindo qualquer invasão que possa haver aqui! – respondeu Orlando a meia voz
--- Invasão? – indagou a mulher assustada.
--- É. Isso mesmo. Na viagem que eu fiz agora disse ter avistado um Disco Voador nas minhas terras. Foi isso. Depois, quem me acordou foi José Jacó. Eu nem me lembrava de quem era ele. Só isso! – respondeu Orlando.
--- Disco? – perguntou alarmada a mulher aguentando no colo a sua filha.
--- É. Aquele Prato enorme. Um Disco. Eles chamam de UFOS. – explicou ainda mais o homem.
--- E como você não me disse nada desse Disco? – perguntou espantada a mulher Laura.
--- Eu nem me lembrei. Só agora é que estou a me lembrar. – explicou Orlando.
--- Disco? Um negócio desses? Você não se lembrar? – indagou a mulher assombrada.
--- É tal negócio. A gente vê e não se lembra! Sei não. O que eu sei é que amanhã vai estar aqui uns engenheiros para medir a terra. – explicou o homem a sua mulher.
--- Medir a terra? E o que eles querem? – perguntou de forma alarmada a mulher.
--- É. Medir. Eles pensam em fazer um campo de pouso para aviões dentro da fazenda. Aviões, helicópteros. Pensam em fazer em um deposito de combustível. Essas coisas mesmo! – declarou Orlando um tanto preocupado.
--- Combustível? Aqui dentro da fazenda? – se alarmou Laura ainda vez mais.
--- É. Para os aviões. Coisa simples. – declarou o homem a sua mulher.
--- Simples? Coisa simples? Ai meu Deus! Eu vou embora daqui. Já estou vendo a arrumação que vai dar. – relatou a mulher Laura a se voltar para o quarto e arrumar a roupa de qual iria precisar para a viagem. A menina, Amanda, ficou postada em um canto perto da cama sem saber de nada do que a sua mãe discutiu.
Às primeiras horas da manhã chegou o comboio de carros militares. Eram gigantes caminhões do Exercito, Aeronáutica e carros menores, trazendo o pessoal da Policia Militar do Estado. Ainda havia jipes e motos entre aquela barafunda estranha. O destino era a Fazenda Mombaça, de Orlando Martins. Construtores de campos de aviação estavam também entre todo os que se juntaram de uma só vez ao enorme grupo de homens e máquinas para assombro do próprio Orlando. Ele jamais notara uma verdadeira campanha de guerra como a que estava havendo nas suas terras. O barulho dos caminhos, jipes, motos, carros tanques e efetivos da Policia assustou as moças que acordaram em um pulo e foram ver de perto o comboio a passar. A moça Marina ainda perguntou ao seu pai plenamente assustada.
--- O que esse povo está fazendo aqui? – indagou perplexa a moça.

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