terça-feira, 8 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 08 -

- Iris Valverde -
- 08 -
OS CIENTISTAS

Na manhã do dia seguinte, terça feira, um grupo de cientistas e técnicos chegou à cidade de Panelas a procura do veterinário local, João Mota, para saber e ver de perto o gado morto da fazenda Mombaça, de propriedade do doutor Orlando Martins. Porém tão logo o grupo chegou recebeu a notícia de que mais vinte e três cabeças de gado de outra fazenda também tiveram igual destino. E além do mais, todas as aves de rapina que procuraram comer a carne das vacas, igualmente tiveram morte semelhante. O grupo de cientista ficou alarmado com a notícia se não tivesse um detalhe a mais: a morte dos animais talvez tivesse sido fruto de uma ação de alienígenas de outro planeta. Até por que três homens findaram sendo raptado, um dos quais o auxiliar da clínica veterinária e dois outros homens rudes para bem ser dito. Esses dois homens eram vaqueiros da fazenda do velho Juca, dono de grande parte dos animais que estavam mortos. Diante de tal circunstancia o grupo de cientistas, coisa em torno de quatro, logo percebeu ser o negócio mais alarmante do que podia se pensar. Os sequestrados voltaram as suas residências, inclusive Joaquim Solano, o homem ajudante de João Mota. Em suas conversas Solano não fez sinal de que tivesse sido raptado e nem sabia por onde andara naquele meio tempo. João Mota deu a Solano repouso de um dia ou mais até o homem recobrar as suas lembranças. O grupo de cientista procurou visitar o sitio do sopé da Serra do Monte Sagrado para ver de fato o gado e as aves de rapinas que estavam mortos. Em seguida os cientistas procuravam ver o enigma das mortes do gado na fazenda de Orlando Martins. Era esse o destino dos cientistas.  Ao chegar a casa do coronel Juca, o pessoal foi bem recebido e convidado a entrar e tecer maiores comentários sobre as mortes dos animais do velho octogenário. Eles conversaram por um bom tempo, tendo o coronel Juca dito na ocasião ser tudo aquilo um mistério. Nesse momento, a sua esposa, dona Rita, já nos seus setenta e cinco anos ou mais, lembrou ter a Serra o nome de Monte Sagrado, pois naquele remoto canto fazia tempo, talvez milênios, que homens do espaço estiveram naquele mesmo local. E com certeza, por essa causa o povo adotou o nome de Monte Sagado.
--- Tem razão, mulher. O pessoal tem esse costume aqui. – disse o coronel Juca.
--- É. Mas se formos verificar a historia vamos encontra uma cidade agrestina e bem formada, pois a historia somente aborda o tempo de sua colonização. – fez ver o cientista.
--- Porém, tem o pessoal que estuda fenômenos extraterrestres, na Universidade que pode bem se interessar no assunto da Serra e do rapto dos colonos ou moradores dessa Serra! – comentou por vez outro cientista.
---Bem. Isso. Faremos um simpósio sobre o assunto e veremos a reação dos cientistas ufólogos sobre a natureza de tais fenômenos. – relatou um terceiro cientista.  
Enquanto isso, Paulo, neto do coronel Juca, estava entre as pessoas “grandes” apenas a ouvir todo aquele palavreado dos “entendidos” no assunto de vaca morta sem ao menos fazer uma pergunta. Ele só estava alí para ouvir os cientistas, homens “importantes”, como dizia o seu avô em assuntos de animais fenecidos. Ao seu lado estava o vaqueiro Manoel Moço, um dos que foram na nave espacial, como Paulo já havia dito, e retornado horas depois sem se lembrar de coisa alguma, pois em suas conversas nada ele dizia sobre a nave ou os seus ocupantes. Isso era por não saber de nada o que lhe acontecera. Em meio de tudo isso, se alguém lhe perguntasse como era a nave espacial, ele, de imediato, inquieto queria saber:
--- Que nave? – indagava o homem ainda surpreso com a viagem que fez no dia passado.
E assim a conversa foi prosseguindo enquanto o coronel Juca só queria ter uma resposta de verdade com relação ao seu gado já morto e bem morto para ninguém por defeito. O certo é que os cientistas foram convidados para verificar de olho nu a montanha de gado que estava a, talvez, apodrecer, embora não exalasse mau cheiro, e as aves de rapina que, na verdade, então sucumbiu ao querer tirar proveito da carne ainda fresca do rebanho morto, morrido e matado. No entender de algumas mulheres de vaqueiro aquilo havido não passava de um ato de “feitiçaria” enquanto que outras diziam da morte porque o gado andou comendo um bocado de “Nulula” ou “Chulo”, planta altamente letal para a manada.
--- Lá vem tu com tuas doidices! Onde já se viu essas plantas! – reclamou a outra mulher de vaqueiro. E deu um “thunq” com seu cachimbo na boca.
--- Pois tem plantada perto do curral. – reclamou a mulher que falou em Nulula.
--- Tem no. ... – disse a mulher cachimbeira, bastante arrebitada,  saindo da porta da sua casa e entrado para bater roupa.
Mas os cientistas, ao lado do coronel Juca, seu filho, o neto, de João Mota, o veterinário entre outros homens, inclusive o vaqueiro Manoel Izidro, rumaram para o sopé do Monte Sagrado para ver a manada caída e também as aves de rapina, algo de menor importância. Cada qual que dissesse as suas impressões pelo acidente provocado na manada e alguém sempre a lembrar:
--- Os Ufos. – lembrava outro cientista.
--- Ufos! Para que os extraterrestres mataram os animais? – indagava atônito o mais velho de todos da campanha para decifrar a morte da manada.
--- Se o gado tivesse sem alimentação. ...Ainda assim podia se acreditar. ...Mas tem água. E a seca braba ainda não cobre o sertão. – relatou um estudioso no meio da manada morta e a verificar o estado do gado morto. E das aves também.
--- É um cenário triste! – voltou a falar um dos quatros cientistas.
O cenário era desesperador. Quando os cientistas se aproximaram do local onde esteve o corpo estendido do alienígena, um dos acompanhantes indagou do velho Juca se ali era onde estava o corpo da vítima. Mas, dessa vez foi o filho do coronel, atalhando a pergunta, respondeu:
--- É nesse cato mesmo! – declarou o homem Chiquito ao chefe da turma.
Nesse momento chegava ao local o delegado de Policia, sargento Carvalho em companhia de dois policiais para ver de perto a investigação que se fazia naquele sítio – certeza assombrado – onde todos os participantes queriam ver de perto o rebanho morto, coisa que não tinha nem mais sentido de se notar. Era o mesmo cercado que os compartes viram desde o dia passado. O delegado se desculpou da demora, pois apenas naquela hora tinha despachado todos os grevistas do Município, na esperança do retorno ainda da terça feira quando o homem estaria mais desocupado. Na segunda feira os grevistas fizeram arruaças na Secretaria de Educação. E o grupo de celerados, alguns de barba longa e de roupa suja  esteve também na sede da Prefeitura onde não encontrou seu titular Sebastião Salgado. Então, para evitar tumulto, o delegado foi, na noite do dia passado, a fazenda de Sebastião Salgado alertando não querer mais altercação na sua jurisdição.
O delegado sargento Benjamim Carvalho anotava tudo o que os cientistas tinham feito a nada falou com Manoel Izidro, presente também ao local, junto com o menino Paulo, querendo o menino tudo observar com minuciosa exatidão para poder contar aos seus companheiros de astúcias, logo mais quando estivesse pronto para ir embora. E a demora levou um tempo inteiro, antes dos cientistas se deslocarem para a fazenda do doutor Orlando Martins. A um certo tempo o garoto revelou a um dos componentes do grupo ter sido ele o menino que avistou a nave espacial quando aquele equipamento levo o homem morto e três homens vivos daquele Município, sendo dois da fazendo do seu avô e um do escritório no veterinário João Mota.
--- Como você viu? – indagou com pressa o cientista de forma curiosa.
--- Eu estava alí escondido no mato e vi quando os homens grandes, de barba, vestindo uma roupa longa e levaram os três homens daqui e o corpo do morto para dentro do pires enorme. Então, eles foram embora sem fazer zoada. – relatou muito sério o garoto Paulo.
O seu avô que estava próximo do garoto não quis se meter na conversa. Ele fez ouvido de mouco. O cientista ainda quis saber dos homens que surgiram.
--- Quantos? – perguntou o cientista ao garoto bastante curioso.
--- Oito. – respondeu o garoto Paulo.
--- Onde você mora? – indagou surpreso o cientista.
--- Aqui mesmo. Seu neto de seu Juca. – disse mais o garoto.
--- Ah bom. E ele sabe? – indagou o cientista de forma curiosa.
--- Que eu vi os homens? Sabe! Eu contei a todo mundo. Parece que meu tio não acreditou. Mas eu vi tudo, até eles voarem para o céu. –fez ver o garoto.
E o cientista ficou abismado com a história do pequeno e contou a seus companheiros. Mesmo assim, ocupados que estavam examinando os corpos da manada, os homens não deram maior atenção ao que disse Paulo. Eles ouviram o relato dado por um dos cientistas da capital, olharam para o garoto, calaram e continuaram a trabalhar retirando seguimentos de gado morto e das aves de rapina. Eram quase onze horas quando tudo acabou de vez. Os cientistas guardaram tudo nas caixas de coletas de materiais onde pretendiam fazer a verificação de tudo o que pudesse identificar um caso raro. A análise e o laudo levariam algum tempo para se diagnostica a verdadeira causa do morticínio do gado e das aves. Na verdade, o laboratório teria formas de provar a dada situação pela qual o gado foi abatido e de que forma. Os cientistas ainda fizeram fotos do local da matança dos animais e também de animais mortos de modo a verificar qual o tipo de alimento o gado havia devorado e a razão das aves de rapina também por qual causa havia morrido ao querer beliscar pedaços dos corpos do gado.
--- Pronto! O senhor pode matar exumar os corpos da manada. E mande alguém cavar uma vala profunda para sepultar o resto dos animais e aves. - - disse o cientista chefe limpando a testa de suor e pondo tudo em câmara frigorifica para garantir não haver decomposição das carcaças.
E logos após o grupo de cientista tomou o rumo da fazenda de Orlando Martins com as despedidas de praxe. O delegado e o veterinário acompanharam os cientistas à fazenda Mombaça.

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