segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CREPÚSCULO - 07 -

- Alis Hamud -
- 07 -
A VOLTA
Eram mais das seis horas da noite quando na porta do gabinete do veterinário João Mota entrou sereno e sem falar coisa alguma, apenas com o rosto de alguém cheio de decepção, o ajudante Joaquim Solano, nem prestando a atenção ao numero de pessoas que ali estavam. A mulher, Doralice, ao notar a presença do seu marido, correu em debandada para se agarrar com Solano. Doralice chorava incontinente e o velho Juca e mais o sargento Carvalho, em companhia de João Mota soltaram um grito de êxtase:
--- Você!!! – gritaram todos. A mulher abraçava seu marido de forma assombrosa.
O ajudante de veterinário não sabia o que estava a acontecer e apenas indagou a sua mulher.
--- O que está havendo aqui? Parece de viram fantasma! – destacou Solando a se ver abraçado pela mulher em prantos.
Houve então a comemoração por ter aparecido na sala do gabinete o homem Joaquim Solano. E cada qual que quisesse saber os detalhes da viagem que o homem fizera. E ele de nada entendia. Então indagou a todos os presentes:
--- Viagem? Que viagem? Eu estava procurando o meu cavalo! – respondeu nervoso o homem Solano sem saber coisa alguma aparentemente.
--- Que cavalo, homem! Você foi raptado! – disse-lhe o delegado Benjamim Carvalho.
A casa toda se encheu de gente e cada um que quisesse tocar no homem que havia sumido. Era um cantara toda prosa das pessoas inquietas para saber como era o outro mundo. Até mesmo ali estava o débil mental conhecido por “Trapo” a monologar com os homens do espaço que ele não via nem em sonho. Do seu ponto, Doralice não saia e continuava a agarrar o marido Solano sempre a chorar cada vez mais. O veterinário conseguiu buscar o seu ajudante Joaquim Solano para outra sala com maior proteção e cuidado, sempre ele junto com a sua esposa e logo atrás ainda estavam o delegado Benjamim e o coronel Juca. A porta se fechou e o veterinário conseguiu perguntar a Solano o que ele havia feito aquela tarde.
--- Mas eu já disse doutor Mota. Eu estava apenas procurando o meu cavalo! – fez ver Solano.
E a conversa amornou ao ponto de esfriar. O delegado foi o primeiro a perguntar depois de todo aquele alvoroço do pessoal de fora.
--- Mas homem! Diga-me uma coisa: quantas vacas você viu mortas na subida do Monte Sagrado? – vez ver por sua vez o delegado.
--- Gado? Que gado? Eu não sei nada de vacas mortas ou vivas! – declarou extasiado o ajudante Solano.
--- Ih. O negocio está feio. Mas você não viu nem uma vaca? – perguntou outra vez o Delegado.
--- Ora! Mas é claro que não! Quem matou vaca na serra? – indagou Solano querendo então saber.
--- Espere! Espere! Com quem você estava na mata? – perguntou o delegado para saber de vez.
--- Com quem eu estava? Ora! Com ninguém! O homem que eu vi foi um vaqueiro que estava procurando também a sua montaria. – disse Solano já perdendo a paciência.
E o delegado procurou esfriar o temperamento de Solano. Então indagou dele.
--- Quem era o vaqueiro que você encontrou no caminho? – indagou o delegado a Solano.
--- Não sei bem. Mas parece ser Manoel Izidro. É ele ou é outro. Não sei ao certo! Mas por que tanta pergunta? Eu já estou ficando com raiva! – relatou com voz áspera o ajudante Solano.
--- Por nada. Por nada. Apenas para eu ficar sabendo. E não tinha mais ninguém além de Izidro? – indagou calmo o delegado.
---Que eu saiba, não. – respondeu Solano agarrado pela mulher que não parava de chorar.
--- Certo. E o seu cavalo? Você o encontrou? – indagou o delegado de forma amena
--- Sim. Ele está na estrebaria da casa. – respondeu Solano um tanto afogueado.
--- Ah. Assim é bom. Como se chama o animal? – quis saber mais com certeza o delegado.
--- Meu cavalo? Passarinho! – respondeu o auxiliar de veterinário.
Nesse mesmo instante trafegava pela estrada o doutor Orlando Martins. Ele estava com pressa de chegar mais observou o vaqueiro da fazenda do coronel Juca dando sinal e então Orlando resolveu parar. Por vias das dúvidas, as vacas mortas do seu sitio talvez despertasse a atenção dos outros vaqueiros, foi o que ele pensou de repente. E o vaqueiro se aproximou do carro. O homem, Orlando Martins deu boa noite e foi recebido com todo o respeito pelo vaqueiro que retribuiu a atenção. E em seguida Orlando perguntou ao vaqueiro o que estava fazendo tão distante de sua fazenda. E o vaqueiro de nome Manoel Moço respondeu em seguida:
--- Estou procurando o meu cavalo! – respondeu Manoel Moço.
--- Aqui? E ele se perdeu? – perguntou Orlando ao vaqueiro.
--- Não sei. Eu pensava que ele estivesse no riacho! – disse Manoel Moço do lado de fora do carro.
--- Riacho? Mas o riacho é pra lá e não pra cá! – respondeu desconfiado o doutor Orlando apontado o riacho em direção contraia ao que estava seguindo Manoel Moço.
--- Ah é mesmo. Por isso eu não achava nem o cavalo e nem o riacho! – fez ver o vaqueiro bastante atormentado,  coçando a barba com o olhar perdido na outra direção.
--- O senhor vai para a fazenda? – indagou o doutor Orlando.
--- É. Tenho que ir. Mas não sei o que fazer com o cavalo. O bicho foi se embora. – reclamou assustado o vaqueiro Manoel Moço.
--- Entre aqui, na porta direita que eu te levo ate a fazenda. Depois o senhor resolve a questão do cavalo. Entre. Vamos. – disse Orlando para o vaqueiro
E então o vaqueiro obedeceu a despeito de passar a viagem toda a reclamar a perda do cavalo que atendia pelo nome de “Amoroso”.
--- Que nome! – sorriu o doutor Orlando ao ouvir do vaqueiro a dissertação.
--- É. Ele é tão manso que acertei o nome de Amoroso. – relatou Manoel Moço de cabeça abaixada e de modo pensativo em tudo e por que.
--- Não se avexe que você vai encontrar seu “Amoroso”! – relatou Orlando se prendendo para não sorrir.
No sertão, os nomes dos animais, touros, vacas, bodes, carneiros e mesmo cavalos são os mais arranjados que sejam, pois o homem acredita que assim o jegue, outro bem tratado, obedece com a maior harmonia. O interessante é a questão dos jegues ou burros. Esse recebem nomes de gente, como Bastião, Gonzaga, Ofendido, Desaforo e coisas do gênero. Enquanto isso, as casas passavam ligeiras e o cercado da fazenda do seu Juca já estava a chegar. Quando foi tempo, o motorista parou seu carro e Manoel Moço agradeceu e saltou dizendo que era tempo de ir até ao riacho procurar seu cavalo “Amoroso!” depois de falar com o chefe do pessoal.
--- Faça isso. Mas não se esqueça: o riacho é para o lado do poente, - sorriu Orlando dando a volta no seu carro e seguindo viagem.
---Tá bem. Agora eu acerto! – relatou Manoel Moço e entrou na fazenda.
Ao entrar na fazenda pela parte de trás se dirigindo ao local dos vaqueiros os amigos de Manoel Moço quase caem para trás de tamanho susto pregado pelo homem. Apesar de ter chegado há alguns minutos o outro vaqueiro Manoel Izidro, também sumido na nave espacial, nesse dado momento chegava o outro que também fora levado com o ajudante de João Mota no trabalho de tratamento dos animais doentes. E como seu amigo Izidro, ele causou tremendo susto nos vaqueiros ao ponto de alguém perguntar:
--- Você também? – perguntou um vaqueiro de olhos esbugalhados e voz alarmada.
Nesse mesmo instante um dos vaqueiros correu para dentro da casa grande a chamar o coronel Juca e os seus filhos – Chiquito e Tonheca e quem mais tivesse até mesmo o menino Paulo – para ver a chegada de Manoel Moço que estava sumido, talvez para todo o sempre. O pessoal da casa correu para ver os dois vaqueiros, todo mundo alarmado com o aparecimento dos dois homens. Uma moça cutucou as costelas do garoto como a dizer:
--- Tá vendo como tu mentes! – alardeou a moça a cutucar o garoto Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário